
A professora de portugu�s e reda��o do Col�gio Bernoulli, Isabela Azevedo, avalia que as quest�es cobradas estavam dentro do esperado.
“A prova de linguagens teve um mesmo n�vel de dificuldade das edi��es passadas. A de reda��o veio com um tema que costuma trazer bastante dificuldade para os alunos: dos ind�genas, quilombolas e comunidades tradicionais. Mas, muito provavelmente o aluno que se preparou quanto ao repert�rio sociocultural, n�o teve maiores dificuldades.”
Isabela destaca ainda que foram cobradas pautas sociais e n�o houve nenhuma surpresa ou novidade na prova de linguagens. “Foi uma prova que cobrou conte�dos te�ricos aprendidos ao longo do ano pelos alunos. Sobre as quest�es que puderam trazer algum tipo de dificuldade ou pol�mica, houve apenas uma quest�o: a de n�mero 33 da prova amarela que teve um comando um pouco d�bio.”
Ela ressalta ainda algumas quest�es que trariam certa dificuldade para o aluno, mas nenhuma com perspectiva de anula��o. “Por �ltimo, chamaram aten��o quest�es que cobraram manifesta��es art�sticas, que falaram um pouco sobre as manifesta��es na �poca atual, contempor�neas que cobraram do aluno um conhecimento mais abrangente sobre manifesta��o art�stica, arte de maneira geral e interpreta��o art�stica.”
Outra prova com conte�do dentro do esperado foi a de Geografia. O professor do Col�gio Bernoulli, Juninho Lopes destaca que a prova demandou bastante conhecimento tanto de geografia pol�tica quanto humana. “Tivemos duas quest�es basicamente sobre geografia pol�tica e v�rias de geografia humana e f�sica. Uma prova bastante equilibrada. O aluno precisava dominar alguns conceitos da geografia f�sica, assim como conhecimento sobre a geografia humana no aspecto social, com destaque de alguns processos urbanos, como o caso da macrocefalia urbana, al�m de processos relacionados aos fluxos migrat�rios com deslocamento pendular.”
Lopes ressalta ainda que a prova teve muito uso de mapas e foi equilibrada. “Esses mapas demandavam tamb�m uma boa leitura sobre o espa�o geogr�fico, seja em �mbito mundial ou �mbito nacional. A prova n�o teve surpresas, mas se destaca uma valoriza��o da prova de geografia. De fato, n�s temos cobran�as sobre o conhecimento geogr�fico.”
Ingl�s e literatura
O professor de ingl�s do Col�gio Bernoulli, Sergio d'Assump��o, avalia que a prova desse ano estava um pouco mais dif�cil que a do ano passado, com quest�es bem divididas pelo n�vel de dificuldade. “Tivemos duas quest�es tranquilas e f�ceis: uma de imigrantes cubanos e outra da noiva vivendo no castelo. Mas, por outro lado, tivemos de novo, tr�s quest�es que se alinham como quest�es m�dias ou m�dias dif�ceis. A quest�o da compara��o da forma dos relacionamentos h� 200 anos e de hoje e a quest�o do impacto das m�dias sociais nas vidas das pessoas, principalmente o aspecto da frustra��o gerada pela vida perfeita das redes sociais.”
Houve ainda uma quest�o que ele classificou como dif�cil. “Era um poema no qual o ‘eu l�rico’ expressa toda a sua frustra��o com os novos meios de comunica��o, chegando ao ponto de achar que tudo aquilo que ele digita, tudo aquilo que ele pressiona, sequer um dia ser� lido.”
A prova de literatura tamb�m teve conte�do previs�vel, segundo o professor do Col�gio Bernoulli, Aloisio Andrade Oliveira. “A cobran�a de autores can�nicos, como Machado de Assis e o tema da ironia machadiana.” Ele observa que uma surpresa foi n�o haver a cobran�a de textos poem�ticos. “Na verdade, caiu um poema em prosa e tamb�m texto po�tico na parte de l�ngua estrangeira. Mas, de uma maneira geral, a prova estava bastante coerente com o conte�do que vimos e estudamos em sala de aula, com diversidade de autores, de estilo de �poca.”
“Em rela��o � historiografia da literatura, tinham quest�es tanto da literatura marginal com Carolina Maria de Jesus, quanto a literatura modernista, que � algo tamb�m recorrente. O romance de 30, a est�tica do romantismo e do naturalismo.”
O professor acredita que foi uma prova coerente. “Podemos dizer que foi das melhores provas em rela��o �s quest�es de literatura e artes nos �ltimos tempos. Al�m disso, caiu tamb�m o conte�do vanguardista do dada�smo, algo esperado e visto bastante em sala de aula. De uma maneira geral, foi uma prova muito boa em rela��o aos textos escolhidos e aos temas que dialogaram com os textos escolhidos.”
Hist�ria, Filosofia e Sociologia
O professor de Hist�ria do Col�gio Bernoulli, Edriano Abreu, avaliou que a prova deste ano foi multidisciplinar. “Ela buscou integrar �reas do conhecimento: hist�ria, filosofia, sociologia e geografia. Tivemos uma certa dificuldade em distribuir as quest�es para as bancas de cada �rea, por serem mesmo quest�es que integravam mais de uma �rea do conhecimento.”
Outro aspecto curioso destacado por ele foi a exig�ncia de uma boa leitura dos textos e do enunciado. “�s vezes a quest�o n�o exige tanto essa leitura do texto, mas este ano sim, exigiu bastante. Muita aten��o para a leitura do texto e muita aten��o para o enunciado. Para poder ir eliminando as alternativas, caso elas n�o se mostrassem muito coerentes.”
Abreu ressaltou ainda temas muito comuns abordados em anos anteriores e que apareceram novamente este ano: Idade M�dia, Brasil Imp�rio, Primeira Rep�blica e a Era Vargas. “Chama a aten��o mais de uma quest�o envolvendo o direito da mulher na participa��o pol�tica do Brasil Imp�rio, no s�culo XIX. Seguindo o padr�o dos �ltimos anos, n�o tivemos quest�es tratando do per�odo militar. No mais, a prova mostrou ser bem desafiadora e contemplou o aluno que se dedicou o ano inteiro para a interpreta��o de texto e o estudo da nossa �rea.”
O professor de Filosofia e Sociologia do Col�gio Bernoulli, Giorgio Lacarda, avaliou que comparada ao Enem 2021, a prova de Sociologia foi mais coerente com as tem�ticas e com os eixos que s�o mais cobrados normalmente. “Ela contemplou muitas quest�es relacionadas � cultura, como patrim�nio cultural. Quest�es tamb�m relacionadas � diversidade cultural, ligadas a quest�es raciais e de g�nero. Uma �nfase muito interessante nesses temas que estava um pouquinho sumida.”
Outra quest�o importante era de pol�tica, um tema, segundo ele esperado, principalmente por ser um ano eleitoral no Brasil. “Quest�es sobre sociologia pol�tica que envolvem estado, democracia, cidadania foram bem contempladas na prova.”
Ele ressalta que a prova n�o estava dif�cil. “O candidato com boa leitura, boa no��o dos conceitos conseguiria, sem d�vida nenhuma, ter um bom desempenho.”
J� a prova de Filosofia fugiu um pouco do padr�o dos �ltimos anos, de acordo com ele. “Os autores mais cl�ssicos n�o foram cobrados, al�m de algumas quest�es com dif�cil compreens�o de comando em rela��o com os textos.” O professor acredita que os alunos possam ter tido um pouco mais de dificuldade na prova de Filosofia.
Reda��o
O professor Fl�vio de Castro, do Soma Pr� Vestibular, avalia que o tema da reda��o deste ano foi bastante pertinente. “� muito importante lembrar que comunidades e povos tradicionais n�o significam apenas povos ind�genas.” Segundo ele, devem ser consideradas tamb�m as comunidades quilombolas. “O Brasil tem 522 anos, era uma col�nia e que h� uma hist�ria de resist�ncia.”
Castro considera que o tema � prop�cio para o momento vivido no pa�s. “Ele vem a calhar em um Brasil que vive uma hist�ria de agress�o �s comunidades e povos tradicionais. Isso se explica facilmente por meio dos dados que se v� do desmatamento e desrespeito �s pessoas na vida cotidiana brasileira.”
O professor afirma que as possibilidades de repert�rio sociocultural eram imensas. “Era poss�vel falar de Carolina Maria de Jesus, de A�lton Krenak e at� de Pero Vaz de Caminha em sua vis�o colonialista.” Ele ainda cita o cantor Mano Brown dos Racionais e o autor do livro Torto Arado, Itamar Vieira.
“O jovem que est� almejando entrar na universidade p�blica deve perceber que o Brasil � um pa�s heterog�neo e m�ltiplo. � um bel�ssimo tema e uma chamada � reflex�o.”
Castro lembra que o final da reda��o deve ter uma proposta de interven��o que aciona �rg�os e institui��es que possam fazer o desafio proposto no tema ser realizado. “� importante pela educa��o, por um minist�rio da Cidadania, de Direitos Humanos, da Mulher. A possibilidade da cria��o do minist�rio dos povos origin�rios, que est� previsto na transi��o de governo do presidente eleito Lu�s In�cio Lula da Silva.”