Se voc� precisasse mudar de profiss�o ou arranjar novo emprego hoje, estaria preparado? Ter uma estrat�gia em mente para o caso de algo dar errado � uma maneira de diminuir as dificuldades e os sofrimentos envolvidos numa mudan�a for�ada, seja porque voc� foi demitido, seja porque n�o conseguiu decolar em uma �rea de atua��o, por exemplo. Trata-se do famoso plano B. Apesar de muita gente s� pensar numa alternativa quando se v� em situa��o de desespero, especialistas defendem que o ideal � ter rotas de fuga mesmo quando tudo est� bem. Na carreira, tamb�m vale a m�xima “prevenir � melhor do que remediar”. Afinal, nunca se sabe em que contexto ser� necess�rio apostar num projeto reserva: pode ser depois de anos na mesma empresa, ou logo de cara, ao perceber que a alternativa A n�o funciona.
De acordo com Marcelo Simonato, mentor de carreiras e professor de empregabilidade na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o importante � estar preparado para caso precise de um segundo plano, ou mais de um. O necess�rio � que ele esteja organizado enquanto a primeira op��o ainda est� funcionando. “Meu sal�rio serve para manter minha fam�lia. Ao decidir aderir a outra escolha, consigo planejar melhor e de forma mais consciente do que se eu tivesse ido com a cara e a coragem, de repente”, explica o p�s-graduado em finan�as e gest�o empresariais. Esse tamb�m � o conselho do psic�logo e palestrante Waldez Ludwig. “N�o sugiro sair como o primeiro passo a ser tomado. Ent�o, primeiro fique onde est� e comece a planejar”, aconselha.
No Brasil, a maior parte das empresas n�o tem plano de carreira para os funcion�rios, conforme pesquisa do site de carreiras Catho. Como apenas 33% das companhias oferecem estrutura de crescimento e promo��o definida, ter uma carta na manga se torna fundamental. “Independentemente da carreira e do cargo, a pessoa precisa ter um plano B. A gente n�o sabe o que pode acontecer amanh�. � importante tanto para quem tem estabilidade quanto para quem est� fatigado”, explica Andr�a Guedes, rela��es-p�blicas com MBA em gest�o de pessoas. “Sou um exemplo disso. Tinha uma carreira consolidada dentro de uma empresa h� nove anos e sabia que devia ter um plano, mas sempre adiei idealizar outro projeto. Quando precisei, n�o tinha nada, e come�ar do zero � muito mais dif�cil”, exemplifica a CEO da T�rin Consultoria Empresarial.
RESILI�NCIA EM ALTA Segundo Waldez Ludwig, que trabalhou como analista de sistemas por 20 anos, at� abrir uma empresa de palestras que leva o pr�prio nome, mais do que ter outros planos, o profissional do futuro precisa ser multiespecialista e, assim, estar preparado, caso ocorram mudan�as. “Isso n�o � dif�cil para a gera��o que est� entrando no mercado de trabalho agora, que � muito talentosa em muitos aspectos, consegue aprender r�pido, sem ficar restrita a uma �rea s� e estar� pronta para mudar de ramo assim que for preciso”, aposta ele, que ministrou 2.324 palestras, cursos ou semin�rios, atingindo um total de 953 mil pessoas ao vivo. De acordo com Ludwig, o emprego formal perde espa�o a cada dia e � necess�rio que as pessoas saibam lidar com essa nova realidade. “O desemprego est� aumentando, mas o ‘destrabalho’, n�o. Sempre incentivo a procura por uma ocupa��o, porque o emprego de carteira assinada vai ficar cada vez mais complicado”, diz. Dessa maneira, ser� mais comum a contrata��o por projetos.
Graduado em administra��o e com�rcio exterior, Marcelo Simonato acrescenta que a tend�ncia � que, no futuro, todos tenham mais de uma fonte de renda. “As profiss�es ser�o ‘diaristas’. A carga de trabalho no Brasil � muito alta e os empres�rios n�o conseguem manter todos os empregados com jornadas de oito horas por dia.” Um movimento que deve ganhar for�a com a reforma trabalhista, a partir da regulamenta��o do trabalho intermitente (em que se recebe por horas trabalhadas). Discord�ncias com rela��o �s novas regras laborais � parte, o importante � se preparar para as mudan�as que elas devem e j� est�o trazendo – o que torna o plano B ainda mais vital. Para Ludwig, n�o � necess�rio temer. “Tem gente que acha que seguran�a � ter emprego, mas, na realidade, � ter o perfil profissional requerido pelo mercado.” Com base nisso, a prepara��o � essencial: fa�a cursos e esteja atualizado, algo que pode, inclusive, ajudar na miss�o de tra�ar uma rota de fuga.
“Estude e pesquise. Essa segunda alternativa de carreira pode ser um hobby que voc� exercia aos fins de semana, por exemplo. A pessoa precisa se encontrar. Pergunte a si mesmo, o que o faz feliz. Se, mesmo com os obst�culos, a atividade proporcionar prazer, est� no caminho certo”, observa Andr�a, da T�rin Consultoria Empresarial. Mais do que fazer o que gosta, para Ludwig, � necess�rio priorizar o que se faz bem. “O talento � determinante, e todo mundo tem um ou mais, � s� descobrir e se dedicar a ele”, diz. O consultor em gest�o empresarial indica que, diante de uma situa��o em que se precise pensar em uma segunda alternativa, � importante assumir postura de estudo. “Isso n�o quer dizer que voc� tenha de fazer um MBA, mas ter atitude de aprendizado. Um exemplo, ler jornais.” Isso porque, de acordo com ele, o empregador quer saber se voc� est� atualizado. “O profissional bacana � contempor�neo. O curr�culo n�o ajuda muito, porque � passado. O bom � saber o que vai ocorrer no futuro, e algu�m pronto para o que der e vier � bem-visto”, aponta.