
Desde a primeira Revolu��o Industrial existe uma tens�o na rela��o entre homens e m�quinas. Enquanto, a tecnologia avan�a, do tear mec�nico � intelig�ncia artificial, movimentos ludistas tomam formas diferentes, e a obsolesc�ncia humana for�a uma evolu��o de pensamento que mantenha na humanidade um recurso valioso para os processos produtivos.
Alexandre Pierro, fundador da Palas, consultoria em gest�o da qualidade e inova��o, engenheiro mec�nico pelo Instituto Mau� de Tecnologia e bacharel em f�sica nuclear aplicada pela USP, enfatiza que, por um lado, a tecnologia se desenvolve para servir de aliada, enquanto que, por outro, ela se torna uma amea�a. "H� um impasse que parece jamais ser resolvido, ou que ao menos ainda precisa de mais vari�veis para chegar a uma solu��o completa. A verdade � que j� temos os meios de resolv�-lo, mas isso demanda uma certa mudan�a na postura humana com rela��o ao trabalho."
Conforme Alexadre Pierro, precisamos das m�quinas para sustentar a evolu��o da sociedade, mesmo que isso custe empregos. "Entretanto, a pr�pria economia depende de humanos com poder aquisitivo para funcionar. � um impasse que atinge o trabalhador, o detentor do meio de produ��o, o consumidor e, basicamente, toda a atividade socioecon�mica humana."
Alexandre Pierro conta que, em 2013, um famoso artigo de Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, ambos pesquisadores da Universidade de Oxford, mexeu com a vis�o que temos da tecnologia em crescente desenvolvimento. "O estudo apontava que 47% dos empregos nos Estados Unidos estavam amea�ados por rob�s que fariam as tarefas de forma mais eficiente, eficaz e lucrativa, dispensando a m�o de obra humana. � a metade dos empregos de uma na��o. N�o � toa, o estudo motivou milhares de outros trabalhos semelhantes, que se utilizam de an�lises, m�todos e vari�veis distintas. Hoje, j� temos n�meros que indicam uma mudan�a, mas que n�o � exatamente t�o catastr�fica."

Conforme Alexandre Pierro, j� sabemos que muitos trabalhos podem ser substitu�dos por m�quinas, sejam elas rob�s, algoritmos etc. "Por�m, h� muito mais trabalhos surgindo, indicando algumas mudan�as na atua��o humana, em vez de sua obsolesc�ncia. O impacto tecnol�gico j� mudou o modo como o mundo funciona e continuar� mudando."
N�O H� VOLTA
Logicamente, lembra Alexandre Pierro, a maneira como os profissionais s�o formados tamb�m precisa mudar, assim como os espa�os de trabalho, as composi��es de equipes e, acima de tudo, a mentalidade dos profissionais. "N�o h� volta. N�o se pode impedir o progresso, mas se pode progredir com ele."
Para Alexandre Pierro, � preciso haver movimentos que incentivem mais e mais uma evolu��o do pensamento humano. "N�o falo de uma altera��o gen�tica, nem nada vindo de uma hist�ria de fic��o cient�fica. Mas de uma melhor utiliza��o do potencial e capacidades humanas. Atualmente, lemos em um �nico dia mais do que nossos bisav�s leram em suas vidas inteiras. Interagimos com mais pessoas em uma semana do que eles em anos. Exercitamos a mente de formas diferentes. Temos maios acesso � informa��o e, com tudo isso, j� mudamos a maneira como nossos c�rebros funcionam. Estamos mais produtivos e capazes do que nunca. Os papas da inova��o afirmam que todas as atividades repetitivas, vazias de criatividade, dever�o ser substitu�das por m�quinas."Precisamos das m�quinas para sustentar a evolu��o da sociedade, mesmo que isso custe empregos. Entretanto, a pr�pria economia depende de humanos com poder aquisitivo para funcionar. � um impasse que atinge o trabalhador, o detentor do meio de produ��o, o consumidor e, basicamente, toda a atividade socioecon�mica humana
Alexandre Pierro, fundador da Palas, consultoria em gest�o da qualidade e inova��o
Alexandre Pierro diz que, fato �, que as m�quinas imitam o homem, mas elas ainda n�o t�m a capacidade de criatividade e imagina��o humana. "Por mais impressionante que seja um rob� que sabe tudo sobre um determinado assunto, nossos c�rebros ainda s�o superiores, mais eficientes e complexos. Eles s� s�o diferentes", ressalta.
PROFISS�ES DO FUTURO
O engenheiro lembra que uma m�quina pode analisar in�meros livros jur�dicos e dominar as leis, aplicar atenuantes. "Contudo, o julgamento, a cria��o das leis, as considera��es �ticas, morais e a compreens�o sociol�gica, demandam um tipo de abstra��o que ainda � apenas humana. O que � mec�nico ser� sim substitu�do, mas novas portas ser�o abertas porque o valor humano est� em coisas intang�veis e complexas. As profiss�es do futuro s�o as que demandam um pensamento abstrato, a arte, a imagina��o, a criatividade."
Alexandre Pierro avisa que ser mais relevante que uma m�quina inclui ainda saber us�-las da melhor forma poss�vel, alimentar sua mente com informa��o, com criatividade, com uma postura e pensamento capaz de retirar o melhor das situa��es. "Enquanto seu bisav� se preocupava em apertar um parafuso, voc� pode observar toda a cadeia de produ��o e como ela pode ser melhor. Seus netos poder�o melhorar produtos, m�todos de produ��o, gerenciamento de recursos, entre diversas outras coisas, de maneira �gil, descomplicada e simplesmente porque sua mente est� preparada para lidar com problemas mais complexos. O ch�o de f�brica se tornar� lugar dos qualificados a pensar al�m, gerenciar grandes quantidades de problemas e ideias. A evolu��o das m�quinas, na verdade, representa apenas mais um passo da evolu��o humana."