
Desde 2007, o gar�om Gileno Santana vive de bicos em restaurantes e bares. "At� tive oportunidades de ter emprego fixo, mas viver de freela me permite fazer meu hor�rio e conciliar o trabalho com os estudos", conta o publicit�rio de forma��o, que, hoje, faz p�s-gradua��o na �rea. Ele trabalha cinco vezes por semana e folga dois dias, normalmente. "Encaixo o trabalho com meu perfil de vida. Programo o dia e o hor�rio que quero trabalhar e tamb�m meu descanso", diz.
Santana � uma das muitas pessoas da gera��o Y e Z, jovens nascidos a partir de 1980, que, no mercado de trabalho, buscam a flexibilidade de hor�rio, home-office, maior autonomia ou menos controle, possibilidade de trabalhar part time ou por projeto.
"Flexibilidade � o que tanto empregados quanto empregadores v�m buscando cada vez mais no mercado de trabalho. O modelo que atendeu �s expectativas da sociedade industrial na primeira metade do s�culo passado � inaplic�vel � atual sociedade do conhecimento, em que � cada vez maior a demanda por profissionais especializados que atuam com liberdade na execu��o de suas atividades", diz Susana Falchi, CEO da HSD consultoria em RH. "Principalmente os jovens das chamadas gera��es Y e Z preferem flexibilidade", sublinha a especialista.
H� mais de um m�s desempregada, a pedagoga Glaucia Tonello passou a adotar esse estilo de vida. "Pretendo fazer em breve uma viagem e, por isso, n�o estou procurando um emprego fixo com carteira assinada, mas tamb�m n�o desejo ficar parada", diz. A dificuldade encontrada, entretanto, era saber onde e quem precisava do seu trabalho por um dia. "Entrei em grupos de Facebook, falei com conhecidos, deixei curr�culos, mas n�o tive retorno."
O mesmo ocorria com Santana. "Acordava cedo e ia de estabelecimento em estabelecimento para me apresentar e conhecer os donos dos restaurantes. Ficava fazendo busca na internet at� conseguir algo", lembra.
SEGURO E PR�TICO
Mas a situa��o mudou com a era dos apps. Os dois est�o hoje entre os mais de 2 mil profissionais cadastrados no Closeer, aplicativo que re�ne as duas pontas: empregadores e trabalhadores aut�nomos. "Cadastrei-me no app e cinco dias depois arranjei um trabalho como hostess em um restaurante. Foi seguro e pr�tico", afirma Glaucia.
Para Santana, o app se tornou uma forma de ordenar a agenda e conseguir coloca��o sem sair do sof�. “Descobri o Clooser por meio de amigos. Ficou mais f�cil conseguir trabalho. Antes, ficava na expectativa de ser chamado. Agora, entro no app escolho onde e quando quero trabalhar, pelo sal�rio que quero. A tecnologia abriu esta oportunidade”, explica.
Para os empres�rios, o app tamb�m � um facilitador, pois os aut�nomos podem ser achados a qualquer hora para suprir faltas de funcion�rios ou atuar em dias de fluxo maior de clientes. "A gente recebe muitos curr�culos, mas quando precisa de um profissional com urg�ncia, muitos j� est�o no mercado ou seu contato est� desatualizado, o que dificulta o recrutamento imediato. Com o uso do app, isso mudou", diz o s�cio-propriet�rio do restaurante Olea, F�bio Costa.
O que a Closeer faz � oferecer uma plataforma de profissionais para contrata��o imediata, al�m de dar, para as duas partes, hist�ricos e avalia��es, tanto dos trabalhos realizados quanto dos estabelecimentos, o que antes n�o existia. O algoritmo do app encontra quem tem a qualifica��o demandada e, de acordo com sua localiza��o, disponibilidade e avalia��o, o recomenda. Se este aceitar a oferta, ambos s�o colocados em contato, via chat.
Com 12 milh�es de desempregados no pa�s, conseguir bicos se tornou uma forma de mitigar a crise. Com a reforma trabalhista, a inseguran�a jur�dica, que dificultava aos empregadores contratar m�o de obra ocasional, foi afastada. "A reforma trabalhista prev� expressamente, na CLT, o contrato de trabalho intermitente, n�o cont�nuo, que pode ser interrompido de tempos em tempos. O que eram os chamados bicos, s�o agora regidos pela CLT, de modo que a empresa pode convocar o trabalhador e dispensar o servi�o quando n�o for mais necess�rio e, posteriormente, convoca-lo novamente", esclarece o advogado Rodrigo Santino, do escrit�rio Juveniz Jr. Rolim Ferraz.