
Entre as responsabilidades do profissional est� a avalia��o de propostas de governo, com o objetivo de verificar se s�o vi�veis. Para isso, produzem notas t�cnicas e relat�rios que auxiliam na tomada de decis�es baseada em evid�ncias.
Outra fun��o � a gest�o governamental, em que o servidor trabalha para conseguir os insumos necess�rios para implementar pol�ticas p�blicas, como recursos humanos e tecnol�gicos.
A profiss�o � caracterizada pela transversalidade, quando um mesmo especialista pode trabalhar em �rg�os com finalidades distintas."Durante a vida profissional, a possibilidade de estar em qualquer entidade da administra��o faz com que essa rede de pessoas aprimore sua vis�o e consiga construir melhores solu��es e pol�ticas", diz Roberto Pojo, EPPGG e secret�rio de Gest�o e Inova��o, vinculado ao MGI (Minist�rio da Gest�o e da Inova��o em Servi�os P�blicos).
Segundo dados do Sistema Integrado de Administra��o de Pessoal, os EPPGG trabalharam, em m�dia, em cinco entidades federais diferentes entre 2001 e 2021.
Os profissionais atuam nas negocia��es entre minist�rios, quando � preciso desenvolver uma pol�tica que envolva mais de uma pasta. Portanto, conhecimentos em articula��o e resolu��o de conflitos tamb�m desempenham um papel importante. Parte dos EPPGG alcan�am posi��es de maior escal�o, como minist�rios e secretarias nacionais, segundo Pojo.
O ingresso na carreira se divide em duas fases. A primeira � uma prova, que cobre conte�dos como ci�ncia pol�tica, economia e gest�o governamental.
Para os aprovados, a segunda fase consiste em uma forma��o de tr�s meses na Enap (Escola Nacional de Administra��o P�blica), onde aprendem sobre aspectos relacionados � atua��o profissional, incluindo economia no setor p�blico e no��es de direito constitucional. Ap�s o curso, os alunos tomam posse como especialistas.
O sal�rio inicial � de R$ 20.924,79. Para cargos mais altos, a remunera��o pode chegar a R$ 29.832,94.
De acordo com Roberto Pojo, os especialistas ocupam cargos principalmente no Ipea (Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada), conduzindo pesquisas sobre pol�ticas p�blicas, no MGI, em que auxiliam a gest�o governamental, e no Minist�rio do Desenvolvimento Social, desenvolvendo projetos de assist�ncia.
Os funcion�rios podem ser realocados para entidades fora do Distrito Federal, de acordo com o secret�rio, e est�o espalhados por todo o pa�s. Al�m disso, viajam para diferentes estados para avaliar a implementa��o de pol�ticas p�blicas.
A forma��o interdisciplinar que os alunos recebem no Enap permite uma transi��o mais suave entre os �rg�os, de acordo com Iara Alves, diretora de educa��o executiva da institui��o.
Para avan�ar de posto, � preciso fazer estudos de aperfei�oamento a cada tr�s anos. "O programa tem cursos relacionados a pol�ticas p�blicas e gest�o e a cada ano � replanejado para ter temas atualizados e de acordo com as necessidades e prioridades governamentais", diz Iara Alves.
Ela afirma que a pr�xima turma de EPPGGs ter� mais aulas sobre desigualdades atreladas a minorias, como ra�a e g�nero. Essa nova abordagem resulta do avan�o de pesquisas sobre o assunto, que mostram que pol�ticas p�blicas afetam grupos sociais de maneiras distintas.
Elizabeth Hernandes � EPPGG h� 23 anos e presidente da Associa��o Nacional dos Especialistas em Pol�ticas P�blicas e Gest�o Governamental. A forma��o inicial dela � em educa��o f�sica.
Ela diz que se identificou com a carreira por ser, assim como ela, ecl�tica. Com mestrado e doutorado em sa�de, seu primeiro trabalho como EPPGG foi no minist�rio da mesma �rea. Desde ent�o, passou por outros �rg�os como o Minist�rio da Educa��o e a Presid�ncia da Rep�blica, e teve experi�ncia em v�rios projetos sociais, incluindo o Bolsa Fam�lia. Hoje, atua na ger�ncia da Imprensa Nacional.
"Pertencer a uma carreira de Estado pode fazer diferen�a na vida das pessoas, e me faz colaborar para o melhoramento do pa�s. Sou realizada com essa escolha que, no in�cio, a vida fez para mim, mas hoje eu escolheria novamente."
Assim como Elizabeth, os EPPGG costumam ter gradua��es variadas, j� que o concurso n�o exige uma forma��o espec�fica. Mas � comum que os aprovados tenham experi�ncia profissional ou p�s-gradua��o.
Professor de administra��o da Universidade Federal da Bahia, Ant�nio S�rgio Fernandes diz que os especialistas costumam ter um perfil acad�mico, o que pode facilitar atividades da rotina, como a produ��o das notas t�cnicas e programas, feitos a partir de pesquisas.
Apesar da forma��o espec�fica da Enap, universidades p�blicas e privadas no pa�s oferecem cursos na �rea que podem ajudar os interessados na carreira. O mestrado profissional � uma das principais modalidades para isso, segundo Fernandes, pela �nfase maior no trabalho pr�tico do servidor.
Criada em 1989, o EPPGG ainda n�o � amplamente conhecido. Fernando de Souza Coelho, professor de administra��o na USP, diz que isso est� ligado ao fato de que os conceitos de pol�ticas p�blicas e gest�o governamental s�o abstratos para parte da sociedade.
Por outro lado, a fun��o vem se expandindo pelo pa�s, adotada por governos estaduais e municipais, o que pode ampliar o conhecimento sobre seu papel. Segundo o professor, profissionais similares ao EPPGG est�o presentes em cerca de dois ter�os dos estados brasileiros e t�m se difundido por munic�pios, sobretudo nas capitais.