Foram 12 horas entre a manobra da troca de advogado que culminou com o adiamento do julgamento, ainda pela manh�, e o depoimento comprometedor de Luiz Henrique Rom�o, o Macarr�o, que come�ou no fim da noite e entrou pela madrugada de ontem. O que parecia um dia de vit�ria do goleiro, ao desmembrar o pr�prio j�ri e ganhar tempo para se defender, acabou tendo efeito contr�rio. A liga��o de inf�ncia se estendeu por 18 anos e mereceu at� uma homenagem tatuada nas costas de Macarr�o (“Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a for�a do tempo ir� destruir, amor verdadeiro”). Mas estava abalada desde o in�cio do processo de acusa��o pela morte de Eliza Samudio, em 2010, e se perdeu agora no contra-ataque fulminante do amigo e na decep��o de Bruno.
Diante das acusa��es de Macarr�o, o goleiro tem at� 4 de mar�o, data do novo julgamento, para tentar a maior defesa da sua vida. O grande desafio do novo advogado dele, L�cio Adolfo Silva, � o prazo curto para se inteirar do processo de mais de 15 mil p�ginas e desmontar a vers�o de Macarr�o. Ele admite que ainda n�o sabe qual ser� sua linha de defesa.
Ontem, a ex-namorada de Bruno Fernanda de Castro prestou depoimento e disse n�o saber por que est� sendo acusada de sequestro e c�rcere privado do filho de Bruno e Eliza, mas reconheceu que recebeu pedido de Macarr�o para cuidar dele. Mas o promotor Henry Vasconcelos disse que ela mentiu e que sabia que Eliza seria morta.
BOLA
Quando Bruno deixou o Tribunal do J�ri, na manh� de quarta-feira, esperando que Macarr�o pusesse em pr�tica o “plano B” e assumisse o crime, como havia sugerido em uma carta interceptada no pres�dio, o amigo de inf�ncia acabou sentindo o peso do isolamento e incriminou o velho companheiro. E n�o teria citado a participa��o do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no crime por medo dele.
“Tirar Bruno do plen�rio foi a pior coisa que a defesa dele fez”, avaliou o promotor Henry Wagner Vasconcelos, ao ser perguntado se Macarr�o teria acusado o goleiro de mandar matar Eliza se ele ainda estivesse no plen�rio do Tribunal do J�ri. Para ele, o depoimento foi muito importante, mas n�o houve acordo entre a promotoria e a defesa de Macarr�o. Ele confirmou entretanto que o advogado Leonardo Diniz, representante do acusado, sinalizou a possibilidade de Macarr�o incriminar o atleta. "Macarr�o confessou parcialmente, mas acusa o principal r�u de ser o mandante. Tenta se isentar e n�o fala sobre sequestro e oculta��o do corpo de Eliza, mas as informa��es batem com o depoimento de J., o menor primo de Bruno". Segundo Vasconcelos, se ele fosse juiz, reduziria a pena do crime de homic�dio para Macarr�o ao m�nimo. O promotor disse ainda que, mesmo sem a confiss�o de Macarr�o sobre sua participa��o na morte de Eliza, a acusa��o tem provas para condenar todos os r�us.
Um dos defensores de Bruno, Rodrigo Bizzotto afirmouque as declara��es de Macarr�o n�o s�o verdadeiras e foram dadas sob press�o, porque ele foi coagido pelo estado. Mas, no depoimento, ao responder se sentia tra�do pelo amigo goleiro, Macarr�o afirmou que foram 18 anos de amizade e que Bruno o viu chorar por 10 meses no pres�dio.
Sem admitir se j� tinha ouvido de Macarr�o o que foi dito em depoimento � ju�za, ele completou: “Se o julgamento fosse conjunto, ter�amos de avaliar a estrat�gia, mas isso (admitir que houve crime) n�o estaria fora de cogita��o”.
TRISTEZA
L�cio Adolfo da Silva informou que esteve ontem de manh� na Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, para informar o goleiro sobre as acusa��es de Macarr�o. Segundo ele, Bruno reagiu com tristeza e decep��o pelo fim da amizade, mas entendeu que o amigo foi pressionado. � tarde, Silva desmentiu a informa��o de que Bruno havia se matado. “As autoridades de l� confirmaram e ele est� bem. Trata-se apenas de boato. Recebi a informa��o de amigos e confirmei que est� tudo bem. Ele n�o est� doente, n�o est� ferido, n�o aconteceu nada”, garantiu.
A m�e de Eliza, S�nia Moura, disse que Macarr�o deveria ter contado tudo. “Ele sabia mais, mas o medo bloqueia as pessoas. Que Bruno mandou matar eu sabia, mas queria que ele contasse onde est�o os restos mortais da minha filha”.