Buscar estrat�gias para enfrentar o luto e, num momento posterior, promover um trabalho, com as crian�as que sobreviveram � trag�dia, de celebra��o da vida. A opini�o � da psic�loga Dirce Maria Navas Perissinotti, do Programa de Atendimento e Pesquisa em Viol�ncia (Prove), ligado � Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), para quem a trag�dia da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio, mostra o quanto a pr�pria escola e a comunidade escolar ter�o papel importante na supera��o e no enfrentamento da dor.
“A escola � o meio em que a gente desenvolve todas as nossas rela��es sociais e tem uma fun��o extremamente importante nesse acolhimento da dor e no desenvolvimento do enfrentamento. Ent�o, � o momento em que essa comunidade perif�rica da escola entra para se solidarizar e reconstruir essa sociedade”, avalia a especialista.
Em entrevista � Ag�ncia Brasil, Dirce ressalta que o ambiente escolar, por meio de suas regras e pelo fato de ser um lugar onde h� espa�o para comemora��es de datas importantes, permite que o ser humano cres�a como ser social. “Por isso, a escola tem uma fun��o extremamente importante na reconstru��o da vida dessas pessoas”, afirma.
Devido a essa caracter�stica greg�ria, os adolescentes devem estar unidos para vivenciar a perda, mas tamb�m, num momento posterior, comemorar a vida de quem sobreviveu ou superou a trag�dia. “Isso daria a essas pessoas a oportunidade de retomarem a vida numa dire��o positiva. Elaborar o luto � importante, mas comemorar a vida tamb�m � importante”, observa.
Para a psic�loga, � importante que as crian�as e seus pais tenham um tratamento psicol�gico adequado para superar esse momento. “A pessoa que � pega de surpresa por alguma coisa � qual n�o se sente preparada para reagir sofre, num primeiro momento, daquilo que chamamos de estresse agudo, que dura, em m�dia, de um a tr�s meses”.
� o acolhimento das fam�lias e o apoio de pessoas pr�ximas que podem ajudar a superar esse momento, segundo Dirce. Nesse per�odo, a pessoa vai tentando dissolver mem�rias f�sicas e ps�quicas fortes. “Essas mem�rias f�sicas e ps�quicas levam um tempo para serem digeridas, semelhante a um computador, quando fazemos sua desfragmenta��o. Na mem�ria, h� um processo que ocorre, principalmente, durante o sono, quando fazemos uma sele��o dos conte�dos que devemos guardar ou jogar fora. O trauma ocorre quando esse processamento da mem�ria n�o � poss�vel acontecer de forma razo�vel”, explica.
Em alguns casos, de acordo com Dirce, a pessoa tem dificuldades para superar o estresse agudo e � necess�rio um acompanhamento psicol�gico mais longo. “Se a pessoa n�o melhorar, a�, sim, a gente adota uma conduta de psicoterapia mais a longo prazo, porque outros fatores est�o colaborando para que o caso se agrave.”
As interven��es mais breves, segundo ela, podem durar entre 20 e 40 sess�es, mas os tratamentos a longo prazo podem ultrapassar 50 sess�es.