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Estado de Minas

Estudantes beneficiados pela pol�tica de inclus�o da UFMG mostram bom desempenho


postado em 16/04/2012 08:27

Quando o tio folheava um velho livro de mapas, os olhos atentos da crian�a acompanhavam o contorno dos continentes, o relevo dos pa�ses e as curvas dos rios. O encanto que o garoto sentia, contudo, parecia um desejo imposs�vel de ser concretizado devido �s suas condi��es humildes, numa casa pobre em Venda Nova, em Belo Horizonte. “Os amigos e a pr�pria fam�lia n�o apoiam muito a gente a tentar uma vaga na universidade”, conta Alisson Alves das Gra�as, de 22 anos, que cresceu e seguiu seu sonho, estudou e se sentiu ainda mais encorajado a tentar o vestibular para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por causa do incentivo da pol�tica de b�nus a minorias e egressos do ensino p�blico. Aluno da primeira turma beneficiada por essa pol�tica afirmativa, que entrou em vigor em 2009, ele se forma este ano no curso de geografia.

A reportagem do Estado de Minas encontrou os primeiros candidatos que usaram b�nus no vestibular 2008 da UFMG, para mostrar a trajet�ria desses estudantes. S�o jovens como Alisson. De acordo com levantamentos preliminares da UFMG, o desempenho desses alunos � ligeiramente superior � m�dia dos cursos, chegando a tr�s ou quatro no universo de um a cinco do Rendimento Semestral Global (RSG), e que varia de curso para curso. O rendimento de quatro pontos � considerado m�dio em cursos de humanas, por exemplo, enquanto o de tr�s pontos � muito bom para exatas. As mulheres t�m desempenho melhor do que os homens.

O resultado � similar ao evidenciado por um estudo do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) sobre o aproveitamento de cotistas na Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Bras�lia (UnB) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Entre 2005 e 2006, os cotistas obtiveram maior m�dia de rendimento em 31 dos 55 cursos (Unicamp) e desempenho igual ou superior aos de n�o cotistas em 11 dos 16 cursos da UFBa. Na UnB os n�o cotistas tiveram maior �ndice de aprova��o, de 92,98%, contra 88,90%, e m�dia geral levemente maior, de 3,79%, contra 3,57%, 1,76% trancou a matr�cula, contra 1,73% dos cotistas.

A persist�ncia, de acordo com os dados dos alunos beneficiados pelo b�nus da UFMG, � outra marca desses alunos. O �ndice de invas�o da Federal entre 2009 e 2011 chegou a 6,7%, segundo a universidade. Entre os estudantes n�o beneficiados pelo b�nus, esse percentual chega a 7,4% e fica em 5,3% entre os que receberam incentivo. “Eles podem ter um patamar maior de dificuldades financeiras e sociais, com as quais teremos de saber lidar, mas n�o abandonam a universidade. Agarram o osso e seguram”, considera a pr�-reitora de gradua��o da institui��o, Ant�nia Vit�ria Aranha.

ORGULHO E LUTA

A entrada na universidade foi motivo de orgulho para a fam�lia de Alisson, mas tamb�m representou muita luta. Para conciliar aulas e laborat�rios no c�mpus Pampulha, ele teve de aceitar qualquer oportunidade que surgisse. “Fiz de tudo um pouco”, lembra. Alisson come�ou a tentar ganhar a vida como pesquisador. “Recebia muito mal. Era maltratado e n�o tinha condi��es de trabalho.” Depois, entrou numa firma terceirizada que prestava servi�o aos Correios, mas que fechou um m�s depois. De l�, foi vender publica��es t�cnicas, at� que conseguiu uma vaga de monitoria na UFMG. “Demorou, mas consegui um incentivo aqui. N�o acho que temos muito apoio para crescer. A fila do bandej�o tem um quil�metro. � dif�cil ter bolsa”, reclama.

Algumas dificuldades enfrentadas pelos benefici�rios do b�nus t�m sido identificadas e combatidas, afirma a pr�-reitora. “A barreira da l�ngua estrangeira � uma das maiores, porque eles n�o t�m condi��es de fazer cursos desde crian�as. Por isso, intensificamos o ensino de ingl�s. H� cursos de metodologia cient�fica. Se voc� oferece eles procuram.”

As bolsas de monitoria t�m aumentado, de acordo com a universidade, mas s�o um incentivo t�mido. Para se ter uma ideia, elas valem menos que o sal�rio m�nimo, R$ 622. Uma bolsa regular � de R$ 360 e a pr�-noturno de R$ 450. “Essas atividades, al�m de ajudar monetariamente, ainda contribuem para melhorar o desempenho dos alunos, pois eles precisam escrever relat�rios, monografias, t�m produ��o acad�mica”, exemplifica Aranha.


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