A sala de aula n�o � mais a mesma. O quadro negro e o giz saem de cena para dar espa�o a imagens que “pulam” da tela, num simples toque. Superc�meras ampliam fotografias tantas vezes que detalhes parecem estar ao alcance das m�os. O jogo de perguntas e respostas imita programas de audit�rio e, por meio de um mouse diferente, os alunos escolhem entre o certo e o errado. � a tecnologia entrando com tudo no aprendizado para dar conta da gera��o Y, os adolescentes antenados capazes de se dedicar a v�rias atividades ao mesmo tempo e adeptos da era multim�dia.
Ferramentas modernas se tornam grandes aliadas dos professores para manter a aten��o dos estudantes e invadem as escolas particulares e p�blicas de Belo Horizonte. O investimento bate tamb�m � porta dos col�gios da rede estadual de ensino, onde cada professor receber�, este ano, um tablet com a promessa de revolucionar os trabalhos em sala.
A tecnologia chega com for�a total para apoiar as aulas pedag�gica e didaticamente. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), 100% dos col�gios particulares – s�o 1,5 mil sindicalizados s� na Grande BH – t�m o b�sico: um bom laborat�rio de inform�tica. Cerca de 70% das escolas no estado v�o al�m, com salas completamente equipadas com recursos multim�dia de ponta. Prova de que a moderniza��o entrou de vez para a vida acad�mica � o fato de as escolas j� preverem em suas planilhas de custo gastos de at� 12% com o investimento em tecnologia.
“A tend�ncia � de uso cada vez maior da tecnologia como ferramenta de trabalho para os professores. E isso n�o tem volta, porque hoje os nossos alunos n�o suportam mais uma aula tradicional”, avalia o presidente do sindicato, Emiro Barbini. Mas pondera: “Claro que isso varia para cada escola e deve-se ter um cuidado grande, pois a tecnologia n�o � o agente principal, e sim o educador, cuja import�ncia � insubstitu�vel”.
Na onda da moderniza��o est� o Col�gio Padre Eust�quio, na Regi�o Noroeste de BH. Uma das atra��es entre os alunos � o “votador”. Os estudantes marcam, no mouse sem fio inspirado nos programas de audit�rio, as alternativas que julgam corretas em quest�es de m�ltipla escolha de avalia��es e jogos. As respostas aparecem na lousa e isso permite ao professor discutir com a turma os erros e acertos. J� a max c�mera permite captar imagens dos livros e ampli�-las muitas vezes mais num projetor, com alta defini��o e sem perda de qualidade.
As corre��es de provas tamb�m ganharam mais agilidade. O sistema de cart�o de gabarito permite que um software leia as respostas e gere, al�m da pontua��o final, um relat�rio destacando habilidades e conte�dos que se precisa trabalhar. Este ano, os professores ser�o treinados para usar os tablets com os alunos a partir de 2014. Pesquisas na internet e aulas a dist�ncia com v�deo ser�o algumas das funcionalidades do trabalho em sala de aula.
Aluno do 3º ano do ensino m�dio, Diego Augusto dos Santos Bai�o, de 16 anos, sente a diferen�a em rela��o �s aulas tradicionais. “Estou numa fase de press�o do vestibular, com aulas mais pesadas, e h� uma �poca em que elas ficam chatas mesmo. Gosto de aprender e esse tipo de aula � um al�vio, por causa da interatividade. Al�m de ter o professor me questionando, tenho um efetivo tecnol�gico me incentivando a olhar para aquilo”, relata.
COMUNICA��O No Col�gio Sagrado Cora��o de Jesus, no Bairro Funcion�rios, Regi�o Centro-Sul de BH, os professores trabalham com a lousa interativa desde a educa��o infantil. Seja ajudando os pequenos a descobrir o significado das palavras ou os alunos de s�ries mais avan�adas a compreender os segredos da geometria ou da rota��o da Terra, a lousa permite guardar e retomar racioc�nios. A novidade deste ano � a implanta��o de um sistema pelo qual o estudante poder� acessar de casa a biblioteca com acervo de livros digitais. “O aluno � um nativo digital e n�o mais um ouvinte passivo. Ele desenvolve a l�gica o tempo todo e temos de ir ao encontro desse perfil de estudante”, afirma a diretora educacional da escola, Regina Celi Folsta.
A comunica��o com o professor � em tempo integral. � poss�vel enviar trabalhos e avalia��es pela internet e ter a corre��o e a nota logo na sequ�ncia. Acabou tamb�m a era dos bilhetinhos n�o entregues, das faltas n�o justificadas e dos boletins escondidos. Agora, recados e notas s�o repassados diretamente aos pais por esse mesmo sistema de comunica��o. At� o di�rio de presen�a passou a ser eletr�nico e os pais acompanham, tamb�m de casa, a frequ�ncia dos filhos.
Os irm�os Camila e Frederico Oliveira Caldeira, de 10 e 13 anos, s�o defensores da modernidade. A menina, aluna do 5º ano do ensino fundamental, espera que, em breve, a lousa digital seja usada em todas as aulas. “A escola est� ficando muito moderna. A aula fica mais interessante”, afirma. Para Frederico, do 7º ano, copiar texto � melhor no quadro tradicional, mas mat�ria s� na lousa interativa. “Gosto de tecnologia. Tenho tablet, computador, celular, internet em qualquer lugar. A escola tem que se modernizar tamb�m”, diz.
DAQUI PARA O FUTURO: CIDADANIA E TECNOLOGIA
Escolas que n�o investirem em tecnologia ficar�o para tr�s, na opini�o da orientadora de tecnologia educacional do Col�gio Padre Eust�quio, Maria Esperan�a de Paula. “Hoje as crian�as j� nascem envolvidas no mundo da tecnologia. Com 2 ou 3 anos, sabem manusear tablets, d�o conta de clicar com mouse. A escola que tem compromisso com a forma��o de cidadania n�o tem como sair disso”, afirma. O col�gio criou o departamento de tecnologia educacional para oferecer aos professores e equipe pedag�gica condi��es para desenvolver conte�dos e projetos e melhorar aulas e oficinas. “Isso tudo possibilita estrat�gias pedag�gicas que ajudam na compreens�o do conte�do e torna dispon�vel a linguagem a que o aluno tem acesso”, diz Maria Esperan�a.