Estudantes e professor de BH s�o �nicos brasileiros em evento da Unesco no Jap�o

Eles bem poderiam estar ali como diplomatas ou at� mesmo chefes de estado. A postura n�o enganava. Seriedade, discuss�o importante e assunto de interesse mundial. Eram apenas adolescentes, mas lidando com gente gra�da, sem se intimidar, em territ�rio estrangeiro. Num dos eventos mais importantes da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), que re�ne, anualmente, escolas, governos e organiza��es n�o-governamentais de diversas partes do mundo, estudantes do ensino m�dio fizeram bonito. Do Brasil, a delega��o saiu direto das montanhas de Minas para a terra do sol nascente. Tr�s alunos e um professor do Col�gio Magnum, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, �nica institui��o de ensino do pa�s selecionada para participar da edi��o deste ano, no Jap�o, viajaram com uma responsabilidade e tanto na bagagem: comparar matas urbanas e seus modelos de gest�o, tendo como objetos a Mata da Tijuca, no Rio de Janeiro, maior floresta urbana do mundo, e a Mutuca, em BH.

Os estudantes do 2º ano Bernardo Nicolau do Carmo Gon�alves, de 17 anos, N�dia Eliza Ramos e Maria Karolina Matarelli Pereira de Almeida, ambas de 16, o aluno do 1º ano Rodrigo de Brito Prates, tamb�m de 16, e o professor de geografia do ensino fundamental Leonardo Luiz Silveira da Silva aprenderam, ensinaram e encantaram. O primeiro crit�rio para participar do evento � ser uma escola associada � Unesco – no Brasil, s�o 200. A edi��o de 2014, ocorrida em novembro, fechou um ciclo de 10 anos de uma tem�tica voltada � educa��o para o desenvolvimento sustent�vel. Em uma d�cada, a principal bandeira foi desenvolver esse olhar das escolas.

Para os mineiros, houve duas etapas. Na primeira, em Okayama, houve o encontro de professores e estudantes das 40 delega��es. Cada apresenta��o, de 20 minutos, podia ser feita em ingl�s, franc�s ou japon�s. Em junho, a dire��o do Magnum orientou a equipe a fazer um projeto representando o Brasil de forma m�ltipla. Assim, surgiu a ideia de trabalho com a Mata da Tijuca, no Rio, e a Mutuca, em BH.

No modelo belo-horizontino uma �rea de empresas e do governo, � proibida a entrada do p�blico. No outro, a popula��o � convidada a vivenciar o espa�o. Na Tijuca, os estudantes foram a campo para colher a impress�o de brasileiros e de estrangeiros, por meio de question�rios. Na Mutuca, o jeito foi visitar os arredores e fazer perguntas � vizinhan�a para saber as impress�es dela sobre o local. Para a surpresa geral, muitas pessoas sequer sabiam da exist�ncia desse espa�o verde. “O modelo de participa��o � pedag�gico e faz com que o cidad�o se torne um protetor daquele ambiente. As agress�es sofridas pela Mutuca n�o encontram defensores, porque n�o h� v�nculo emocional da popula��o com o ambiente”, explica Leonardo.

Terminada essa etapa, enquanto a maioria fazia as malas para retornar a seus pa�ses, os belo-horizontinos arrumavam a bagagem para seguir rumo a Nagoya, uma das mais importantes cidades japonesas, para uma confer�ncia internacional. A delega��o mineira e uma escola japonesa foram as duas �nicas selecionadas para essa segunda fase. O professor Leonardo Silveira acredita que dois pontos foram fundamentais para essa escolha. “O primeiro � o que o Brasil � sede de grandes confer�ncias de meio ambiente, como a Eco 92 e Rio + 20. O outro � o papel que o pa�s representa entre as na��es em desenvolvimento.”

CELEBRIDADE E o que j� estava bom, ficou ainda melhor. Bernardo foi o indicado para representar estudantes de todo o mundo numa plen�ria lotada. Ele integrou mesa redonda, entre outras personalidades, com o ministro da educa��o de Gana. E Bernardo foi uma atra��o � parte. Virou celebridade, a ponto de ser tietado para fotos. Al�m da flu�ncia no ingl�s, impressionou pelo carisma, usando e abusando das frases de efeito. No dia seguinte, n�o faltou palestrante usando frases dele em seus discursos. “Foi uma surpresa e alegria. Sempre quis participar desse tipo de evento, � a situa��o que quero para minha vida. E realizar t�o cedo foi fascinante.”

Experi�ncia, sonhos e
esperan�a na bagagem

Para quem foi ao evento da Unesco no Jap�o, oportunidade de aprender e lidar com culturas e povos diferentes s�o experi�ncias que ficar�o para sempre.

Estudante do 2º ano do ensino m�dio, Bernardo Gon�alves, de 17 anos, acabou atuando como um l�der no evento. O nervosismo ficou de lado quando chegou em Nagoya, para a grande confer�ncia internacional. “Senti-me � altura do papel que me foi dado de representar sonhos, desejos e esperan�as daquelas pessoas, os mesmos sentimentos que os meus.”

Aluno do 1º ano , Rodrigo Prates, de 16, leva consigo uma nova maneira de encarar a vida: mesmo diante das adversidades, com paci�ncia, di�logo e compreens�o pode-se chegar a um denominador comum para melhorar a realidade atual. “Os objetivos pontuais de todos eram diferentes, mas est�vamos reunidos com prop�sito comum, que era ampliar e espalhar a educa��o para a sustentabilidade e tornar o mundo um lugar mais sustent�vel.”

 Outra aluna do 2º ano, N�dia Eliza Ramos, de 16, tamb�m teve papel de destaque no Jap�o, ao ser selecionada para participar de uma coletiva de imprensa em Nagoya. Respondeu a perguntas de jornalistas e falou, entre outros assuntos, sobre a diferen�a da educa��o para desenvolvimento sustent�vel para aquela recebida pelos pais. “Respondi que  a maior diferen�a � que, no primeiro caso, � dada mais voz ao aluno, que pode opinar e se expressar. No regime antigo, era preciso seguir as regras do professor.”

TRANQUILIDADE Tamb�m do 2º ano, Maria Karolina Matarelli Pereira de Almeida, de 16, diz que foi uma experi�ncia �nica. A tranquilidade de que se sa�ram bem, apesar da press�o, � certeira. “Participamos de workshops com ministros e representantes de ONGs, e, no entanto, particip�vamos de igual para igual, discutindo, sem nos intimidar.” Canad�, Gr�cia, Turquia, Gana. O mundo passou por seus olhos. (JO)