
O ideal � que a prova fosse para a gr�fica ainda este m�s ou, no m�ximo, em maio, para que o cronograma n�o atrase. A not�cia, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, causou inseguran�a em estudantes que se preparam para o exame que, em 2018, teve 6 milh�es de candidatos. O vestibular ser� em novembro e come�aram ontem as inscri��es para quem quer pedir a isen��o da taxa.
A fal�ncia complica mais a situa��o do Enem, que est� sendo afetado pela atual crise no Minist�rio da Educa��o (MEC). Na semana passada, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido ao se desentender com o ministro Ricardo V�lez Rodr�guez. O Inep � o �rg�o respons�vel pelo Enem.
O presidente do Inep daria o aval para o trabalho da comiss�o criada m�s passado para analisar quest�es consideradas "inadequadas" na prova. Ainda n�o foi nomeado um substituto. Rodrigues tamb�m havia pensado em usar a Casa da Moeda para parte da impress�o do Enem, mas a ideia n�o foi adiante. Procurado desde a manh� de ontem, o Inep n�o se manifestou.
S� depois de finalizado o trabalho da nova comiss�o � que a prova com 180 quest�es ser� montada. "Uma coisa � fazer a prova em novembro, outra coisa � o que tem de ser feito agora, h� uma cadeia para ser viabilizada", diz o especialista em avalia��o e professor da Universidade de S�o Paulo (USP) Ocimar Alavarse. "N�o � qualquer gr�fica que pode imprimir o Enem, h� um risco grande."
A RR Donnelley assumiu a impress�o quando a prova foi roubada e cancelada em 2009, na gest�o de Fernando Haddad no MEC. O epis�dio foi revelado pelo Estado � �poca. Depois disso, foram feitas apenas duas licita��es nesses dez anos para impress�o da prova - em 2010 e em 2016.
Ambas foram vencidas pela RR Donnelley e os contratos foram prorrogados por cinco anos. Em 2016, o valor do servi�o era de R$ 130 milh�es. A empresa tamb�m venceu licita��es para imprimir outros exames do Inep. Concorrente da RR Donnelley, a Gr�fica Plural entrou com representa��o no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) em 2016, alegando que havia "direcionamento do certame" por causa de "exig�ncias restritivas". At� hoje n�o h� delibera��o do TCU a respeito.
A licita��o realizada no ano passado para impress�o do Sistema Nacional de Avalia��o da Educa��o B�sica (Saeb) e do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade) tamb�m est� parada por questionamentos na Justi�a.
"O governo federal est� prestes a chegar aos 100 dias sem ter muito o que mostrar em educa��o. Espero que esse epis�dio n�o sirva de justificativa para atrasos e altera��es no Enem, que tem imensa repercuss�o na vida dos jovens", disse a presidente do Todos pela Educa��o, Priscila Cruz.
Hist�ria
O roubo do Enem em 2009 foi justamente dentro da Gr�fica Plural, que havia sido contratada por um cons�rcio vencedor da licita��o para aplicar a prova. A Justi�a, no entanto, n�o responsabilizou a gr�fica pelo crime porque o furto foi realizado em um ambiente cedido para o cons�rcio. Na sequ�ncia, o Inep instaurou diversos processos de log�stica e seguran�a para o Enem. A contrata��o da gr�fica passou a ser de responsabilidade do Inep.
"Toda mudan�a traz risco", diz o ent�o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes. Segundo ele, o governo continuou com a RR Donnelley porque ela se mostrou eficiente e segura. Mas uma maneira de minimizar os problemas de seguran�a, diz, seria descentralizar a prova. "Temos de sair desse sistema de uma prova �nica, j� temos tecnologia para isso."