Se a conviv�ncia humana imp�e mais desafios do que se poderia imaginar, o que dizer da adapta��o dos animais de estima��o � vida em comum? Para os gatos adotados Bastet, uma f�mea de 5 anos, e o macho Anakin, de 2, n�o tem sido nada f�cil compartilhar a presen�a do outro na nova fam�lia constitu�da pelos donos, o m�dico-veterin�rio Samuel Douglas Pereira de Oliveira, de 27 anos, e o professor Wagner Patrick Nic�cio, de 37. “� uma luta di�ria pela harmonia em casa”, resume Douglas. Com a experi�ncia profissional, ele ajudou os felinos adotados a superar alguns sintomas da depress�o provocada pela perda do reinado do qual desfrutavam h� cerca de cinco meses.
Aplica��o de baunilha sobre o dorso dos animais, associada � medica��o antiestresse, tratou manifesta��es que poderiam ter se agravado. Os gatos deixaram de se limpar e de comer depois que os donos resolveram dividir o mesmo espa�o. Anakin foi quem mais sentiu a mudan�a e partiu para a briga. Bastet respondeu � altura, fazendo xixi fora dos locais determinados e arranhando o sof� e a cama.
“Comportamentos como destruir m�veis e objetos, se automutilar, os latidos, a agressividade ou a prostra��o est�o relacionados, na maioria das vezes, a um ambiente inadequado. N�o podem ser interpretados como depress�o”, diz a m�dica-veterin�ria J�nia Maria Cordeiro de Menezes, do Hospital Veterin�rio da UFMG. O estilo de vida imposto ao animal tamb�m pode levar a dist�rbios de comportamento. Sedentarismo e consumo excessivo de alimentos s�o problemas frequentes observados pela especialista tanto entre c�es e gatos quanto entre coelhos, peixes e p�neis.
“O propriet�rio cuidadoso � capaz de perceber altera��es sutis e a medica��o, quando h� desvios, dever� ser usada depois de uma investiga��o da causa e uma vez esgotadas todas as op��es de corrigir a origem do problema”, afirma. Os tratamentos incluem op��es al�m da medica��o, como cromoterapia e musicoterapia. S�o recomendadas atitudes como conversar e cantar.
A falta do dono pode levar � depress�o, a menos que sejam preservados a seguran�a e o bem-estar do animal. O ambiente de luto e tristeza pode mudar as atitudes do bicho. Outra causa � a solid�o para ra�as que vivem em matilhas e as de ca�a, quando passam a viver em apartamentos. � justamente em raz�o desses problemas que os donos devem pesquisar sobre as ra�as melhor adaptadas ao espa�o.
Bichos sens�veis
Entre os animais silvestres, da mesma forma, a depress�o pode se manifestar quando h� perda de um animal companheiro da mesma esp�cie, observa a m�dica-veterin�ria de aves e animais silvestres T�nia Negreiros Faria, representante da Comiss�o Especial de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterin�ria de Minas Gerais. N�o � diferente se a solid�o tomar conta principalmente daqueles que vivem em sociedade, como psitac�deos, tamb�m chamados de aves de bico curto, a exemplo dos papagaios, periquitos e calopsitas. “Os sintomas mais evidentes, al�m das mudan�as de comportamento, s�o a falta de apetite e o desinteresse das coisas que ocorrem ao seu redor. A perda de apetite por 24 horas j� pode ser fatal e, portanto, n�o se deve esperar muito para procurar ajuda”, alerta.
Especialista em medicina felina, a m�dica-veterin�ria Myriam K�tia Iser Teixeira observa que o tema da depress�o n�o est� pacificado na pr�pria literatura mundial. Os gatos sofrem estresse com facilidade. “Qualquer mudan�a na rotina desses animais deve ser planejada com cautela.
O m�dico-veterin�rio Samuel Douglas, dono de Bastet, destaca que ainda podem desencadear sintomas de depress�o doen�as comuns em gatos, a exemplo de obstru��o urin�ria em gatos n�o castrados, estomatites e problemas nos dentes. Os bichanos s�o, de fato, animais mais independentes dos donos, mas isso n�o significa desamor e nem pode ser motivo de descuido com eles.