
Nada de arranjos suntuosos, colunas gigantescas, arcos majestosos. A nova turma de floristas que vem se destacando em Belo Horizonte acredita na filosofia do “mais � menos”, aposta na criatividade como forma de diferencia��o, e usa e abusa da variedade das esp�cies que o mercado est� ofertando. Essa gera��o tem outra caracter�stica particular: a divulga��o do seu trabalho via redes sociais, particularmente o Instagram, onde apresentam suas cria��es e conquistam clientes, al�m de contar com o fator boca a boca como garantia de aprova��o e credibilidade.
Caso de Marcela Ferrari, advogada por forma��o, que se encontrou, no universo das festas, passaporte para lidar com sonhos, sensibilidade e emo��o das pessoas. “Sou uma apaixonada por flores e plantas desde que me entendo por gente. Paix�o que me levou quase que intuitivamente a descobrir essa profiss�o”, ela conta. A flower designer come�ou despretensiosamente, atendendo a pedidos de amigos que se encantavam com os arranjos que confeccionava para sua casa. De repente, se viu montando um casamento de grande porte e complexidade e, de l� pra c� n�o parou mais.
“Fa�o tanto grandes eventos quanto os mais intimistas. Todos s�o personalizados, independentemente do tamanho, embora, confesso, goste da adrenalina daqueles com maior porte”, explica. Marcela n�o sabe se definir quanto a um estilo espec�fico: o seu prazer � misturar refer�ncias, estilos, cores, texturas, formas, sempre experimentando, pesquisando por meio de livros, viagens, flowers designers. “Minhas escolhas s�o org�nicas. Procuro trabalhar com as flores da esta��o, primeiramente por uma quest�o de sustentabilidade. Por consequ�ncia, elas ter�o um custo melhor para o cliente. A sustentabilidade est� muito aflorada em mim e seguir esse caminho � uma necessidade”, ressalta, embora saiba que � quase imposs�vel fazer um evento 100% eco-friendly.
A solu��o para isso � procurar produtos que n�o agridam o meio ambiente e adotar outros expedientes, como, por exemplo, substituir a espuma floral pela tela de galinheiro e outros acess�rios. Ela ensina essa t�cnica no workshop que ministra com Ticha Ribeiro, do projeto Inventando Mesa e da marca Ma Perle. “Outra ideia sustent�vel s�o as flores plantadas. Quanto aos acess�rios, tenho um acervo pr�prio, que est� sempre se renovando, mas procuro personalizar o evento acrescentando detalhes que contam a hist�ria dos clientes”, observa.
O workshop Experi�ncia slowhouse � uma excelente oportunidade para os que curtem o assunto. Trata-se de um “projeto cheio de alma”, em que a criatividade � estimulada, aflorando em cada participante o desejo de criar lindos arranjos e mesas personalizados para receber a fam�lia e amigos. “Ensinamos que os detalhes acrescentam charme e cuidado ao receber”.
A novidade para 2019, segundo Marcela, � a parceria com a arquiteta Bruna Paz, cuja trajet�ria profissional � focada em eventos. Entre outras experi�ncias de sucesso, ela passou pelo escrit�rio do tamb�m arquiteto Pedro L�zaro, ex- diretor criativo do Minas Trend, al�m de ter sido a respons�vel pelo departamento de eventos sociais do Inhotim.” N�s trabalhamos juntas em uma festa de anivers�rio e, desde ent�o, vamos estreitando nossos la�os profissionais e nosso formato de trabalho. Agora, estamos consolidando uma sociedade que permitir� a realiza��o de novos eventos, ainda mais singulares, e que atendam um p�blico cada vez mais exigente”.
INTIMISMO Com menos de dois anos e meio de mercado, o 82 Atelier Bot�nico � comandado por Patr�cia Wanner e Joana Rocha, duas amigas de inf�ncia que resolveram empreender no territ�rio da decora��o floral. At� ent�o, a empresa vem funcionando na cobertura do apartamento de Patr�cia, mas a ideia deu t�o certo que a dupla j� pensa em se mudar para um endere�o com maior infraestrutura. “Resolvemos come�ar em casa para testar a ideia e evitar custos muito altos. Al�m do mais, era uma oportunidade para eu ficar mais perto dos meus filhos. Agora o local j� est� pequeno e est�o nos cobrando uma loja de rua. Esse ser� um passo que estamos querendo dar em 2019”, relata Patr�cia.
Foi durante a gravidez da segunda filha que ela cogitou em mudar de emprego para fazer algo diferente na �rea profissional. A sugest�o de trabalhar com flores veio de uma outra amiga, que mora em S�o Paulo. E assim nasceu a 82 Atelier Bot�nico, em meados de 2017. O foco do neg�cio s�o as encomendas. Ao longo do tempo, foram feitos contatos com showrooms, escrit�rios, cl�nicas, e contratos foram assinados. Outra vertente � o segmento dos presentes com buqu�s personalizados e caixas especiais em madeira.
A terceira op��o s�o os eventos. “Fazemos noivados, anivers�rios, batizados ou casamentos menores, festas com at� 100 convidados no m�ximo”, ela enfatiza, frisando que no ateli� nenhum arranjo fica igual ao outro. A proposta � passar a ideia de que as pessoas mesmas possam faz�-los. “Os miniweedings s�o uma tend�ncia forte do momento. Muita gente - principalmente os mais jovens – quer casamentos com cerim�nias pequenas, voltadas para a fam�lia e para os amigos �ntimos. E nosso p�blico est� nessa faixa, entre os 24 e os 40 anos. � da conversa com os clientes, detectando suas prefer�ncias e desejos, que partimos para a concep��o”, afirma.
Outra caracter�stica do trabalho do 82 Atelier Bot�nico � a mistura de flores de cores, esp�cies e texturas diferentes, utilizando as do dia, sempre frescas, e que tenham uma certa durabilidade, principalmente em se tratando dos contratos por assinatura, em que os arranjos s�o trocados semanalmente. Essas misturas incluem outros elementos, como suculentas, terrariums, folhagens, galhos, cip�s. Uma solu��o moderna, segundo a florista, s�o os arranjos com ramos secos e flores desidratadas, que enfeitam e duram muito. “Volto das fazendas com o carro cheio de galhos, vou coletando tudo que acho que podemos usar no trabalho.”
Vandas O mineiro Roberto Pena aprendeu a trabalhar com Ronaldo Maia, brasileiro radicado em Nova York City, dono da loja mais conceituada da cidade na �poca, que ficou famoso pela forma inovadora de trabalhar com as flores. Cinco anos ap�s, em 1983, voltou ao Brasil e abriu a Escalarte Flores, nos Jardins, apresentando para os paulistanos as propostas arrojadas que havia aprendido nos Estados Unidos. Foram tr�s d�cadas e meia de sucesso at� que resolveu regressar a Belo Horizonte e empreender por aqui com um neg�cio na Rua Rio de Janeiro. Diverg�ncias na sociedade o fizeram fechar a loja, mas n�o desistiu da ideia nem das flores.
Agora, instalado em um galp�o no Jardim Canad�, o flower designer pretende se beneficiar da movimenta��o do bairro, abrindo o ateli� para um novo p�blico que frequenta o local. � com ele que Roberto quer dialogar. Na sua opini�o, os mais tradicionais e engessados j� t�m conceitos enraizados diante do tema. Mas existe outra faixa que aprecia novidades.
Sua inten��o � fugir da mesmice, do exagero, da decora��o pesada, focando seu trabalho nas orqu�deas, particularmente na esp�cie das vandas. “Quero trabalhar com a flor em movimento e elas me proporcionam isso. Pretendo traz�-las para os interiores, para dentro de casa, de forma criativa e inusitada. Para isso, estou desenvolvendo suportes de ferro que as valorizem”, explica.
O florista explica que n�o despreza as formas cl�ssicas que aprendeu durante sua forma��o, mas deseja mostrar algo mais contempor�neo. “O excesso n�o cabe mais nos dias de hoje, existe gente que est� buscando um novo caminho, tentando um novo estilo, simplificando as coisas, optando pelos miniweedings, casamentos em praia, fazendas, locais onde possa se beneficiar da beleza da natureza”, enumera..
Diante da demanda pelo novo, Roberto quer abrir seu galp�o para eventos com at� 150 pessoas. “Imagine voc� poder se casar em um ateli� de flores, um espa�o diferenciado, onde as pr�prias flores funcionar�o como cen�rio? Al�m de ser criativo, o impacto no or�amento ser� muito menor”, calcula.
