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Estado de Minas CHAP�US

Mineira no London Hat Week

A chapeleira Raquel Brant foi selecionada para participar de exposi��o em Londres, em outubro. A refer�ncia para a sua cria��o s�o as bailarinas do Folies B�rgere nos anos 20


postado em 12/04/2020 04:00

Os chapéus foram apresentados em desfile, como estava programado. No meio, a proposta de Raquel Brant(foto: divulgação)
Os chap�us foram apresentados em desfile, como estava programado. No meio, a proposta de Raquel Brant (foto: divulga��o)


Coco Chanel come�ou sua carreira de sucesso em 1909, criando chap�us. Ficaram famosos os seus modelitos em palha leve e delicada, conhecidos como canotiers.  A vers�o do flying saucer usado pela atriz Audrey Hepburn no filme Bonequinha de Luxo, dos anos 1960, faz parte do imagin�rio coletivo. Jacqueline Kennedy, por sua vez, popularizou o modelo pillbox na cor rosa exibido na cerim�nia de posse do marido John F. Kennedy.
 
Passado o tempo, o chap�u, acess�rio que conta a hist�ria da moda do s�culo 20 e que foi quase que totalmente banido do closet feminino contempor�neo, ainda encontra muitos adeptos e faz parte do estilo pessoal e da vida profissional de muitas pessoas, entre elas a mineira Raquel Brant.
 
Grande parte do trabalho da chapeleira é para o mercado de noivas(foto: Divulgação)
Grande parte do trabalho da chapeleira � para o mercado de noivas (foto: Divulga��o)
 
 
Com especializa��o no Lyc�e Camille Claudel Mode e Chapellerie, de Lyon, na Fran�a, onde passou um ano estudando as t�cnicas da chapelaria, foi uma das selecionadas, por meio de um concurso, para participar do London Hat Week 2020. O evento conta com v�rias atividades e tem como ponto alto a exposi��o que re�ne cerca de 300 modelos assinados por talentos de todo o mundo. O objetivo � divulgar a arte dos hatdesigners, encorajar o crescimento da ind�stria de chap�us e promover vendas. Marcado para come�ar no dia 16 de abril pr�ximo, a mostra foi adiada para outubro, mas o desfile press preview chegou a ser realizado, um m�s antes, apresentando 54 modelos – inclusive o dela – com presen�a dos jornalistas e convidados, no Shangri-La Hotel, em Londres.
 
Os chapéus foram apresentados em desfile, como estava programado. No meio, a proposta de Raquel Brant(foto: Divulgação)
Os chap�us foram apresentados em desfile, como estava programado. No meio, a proposta de Raquel Brant (foto: Divulga��o)
 
 
O fato da semana acontecer na cidade � bem significativo, uma vez que as mulheres inglesas s�o grandes admiradoras do acess�rio, a come�ar pela rainha Elizabeth com seus looks monocrom�ticos coloridos combinando roupa e chap�u. Ele � apreciado tanto pela realeza quanto pela popula��o em geral e faz parte da tradi��o de um povo.
 
Entre os temas futuro e retr� sugeridos pelo concurso, Raquel ficou com o segundo. A pegada vintage tem como inspira��o as bailarinas do Folies B�rgere nos anos 1920 e se chama La Grande Folie. Plumas egret no tom salm�o, rendas antigas, mi�angas caindo sobre a testa, como nas cabe�as das melindrosas, e envolvendo o pesco�o, cetim vinho, foram as mat�rias-primas que ela usou para trabalhar sua proposta. “Aproveitei parte de um trabalho que fiz durante o curso na Fran�a, diminu� o tamanho e enviei uma pe�a apenas para a X Terrace Fashion Platform, respons�vel pela promo��o do evento. Foi uma surpresa quando recebi a comunica��o que havia sido uma das escolhidas para a exposi��o”, afirma.
 
Modelo La Folle de Chapeaux da mineira estará em exposição no London Hat Week Exhibition 2020(foto: Divulgação)
Modelo La Folle de Chapeaux da mineira estar� em exposi��o no London Hat Week Exhibition 2020 (foto: Divulga��o)
 
 
Graduada em artes c�nicas pela UFMG, neta de costureira de m�o cheia, a chapeleira passou por algumas etapas antes de seguir esse caminho. Chegou a cursar moda na Fumec e frequentou o atelier de J�nia Melo para se aprimorar em t�cnicas de modelagem. Foi l� que conheceu Ana Fl�via, irm� de J�nia, conhecida pela cria��o de flores em seda e que, atualmente, indica muitos clientes para a amiga. Dessa conviv�ncia nasceu a ideia de trabalhar com chap�us. “Pessoalmente, sempre os usei desde pequena. Estava sempre com uma flor ou la�o na cabe�a”, ela conta.
A dificuldade em encontrar institui��es onde estudar no Brasil a levou para o exterior. “Fui para Lyon fazer o curso de forma��o de chapeleira no qual pude entrar em contato com v�rias t�cnicas do of�cio. Este � um universo bem amplo, cuja base � sempre a confec��o manual”, relata.

Regresso De volta � realidade de Belo Horizonte, ela vem se dedicando ao mercado de casamentos e noivas, em geral. Em seu atelier, instalado no pr�prio apartamento, atende uma clientela que prioriza looks mais cl�ssicos para festas elegantes. Fascinators, casquetes, voilettes, grinaldas, fazem parte do repert�rio de ofertas. As pe�as s�o, quase na totalidade, feitas sob medida, de acordo com a prefer�ncia e cores escolhidas por cada cliente. Raquel comenta que as dificuldades para ultrapassar limites e oferecer outras op��es ao mercado s�o grandes. Uma delas � morar em uma cidade que n�o est� acostumada a usar esse tipo de acess�rio.
 
“Como sempre saio de chap�u, j� me acostumei aos olhares atravessados com os quais cruzo, nem percebo mais a curiosidade. Tamb�m tenho boas surpresas: gente que me para na rua para elogiar e perguntar a origem, onde podem comprar o que estou usando. Acho que � um sinal de que as coisas est�o melhorando”. A chapeleira atribui isso ao fato de que a moda est� mais democr�tica, todo mundo tem oportunidade de viajar, ver looks no instagram, assistir aos desfiles. “Penso que as informa��es v�o abrindo a cabe�a das pessoas”,  acredita.
 
Raquel se ressente tamb�m da falta de materiais espec�ficos para a constru��o de pe�as diferenciadas, no mercado brasileiro. Feltros e palhas especiais, como a sinamay, que comp�em chap�us sofisticados como os vistos nas cerim�nias inglesas. “N�o vou dizer que s�o cria��es baratas, porque envolvem produtos importados e � tudo feito � m�o, mas quem gosta valoriza, sobretudo fora do pa�s”.
 
Na capital mineira, d� para contar nos dedos os profissionais que trabalham al�m da linha festa. A mais famosa delas era Lenice Bismarker, que morreu h� quase uma d�cada, deixando uma lacuna. Por mais de 50 anos, sua m�o esteve presente nos arranjos de cabelo e acess�rios de mulheres que frequentavam a “tradicional sociedade mineira” em tempos de elegantes agendas sociais.  “Cheguei a conhecer a Lenice e seu trabalho, fui ao seu atelier, em Lourdes, mas ainda era bem jovem”, lembra.
 
Sempre disposta a ampliar seus conhecimentos, Raquel n�o hesita em entrar em contato com mestres do of�cio, como o carioca Denis Linhares, que tem loja em Copacabana e � muito requisitado pelas figurinistas. Suas pe�as est�o sempre presentes nas teledramaturgias e no cinema nacional. “Fui at� l�, pensei at� em fazer um curso com ele, mas acabei indo para a Fran�a. Conheci tamb�m o trabalho de Graciella Starling, muito bem posicionado em S�o Paulo”. Essa chapeleira � uma das principais representantes do millinery – tradi��o de fazer chap�us e ornamentos de cabe�as � m�o. “Como s�o poucos os que atuam na �rea, tento fazer conex�es para fugir de uma esp�cie de isolamento profissional”, diz.
 
Em termos internacionais, quem merece a aten��o da mineira � o irland�s Philip Treacy, talento descoberto e divulgado pela editora de moda inglesa Isabella Blow. Superpremiado e reconhecido na alta costura, seus trabalhos j� foram expostos no Victoria and Albert Museum e no Museu Metropolitano de Arte. “Ele � um dos maiores do mundo, uma verdadeira refer�ncia e inspira��o”.
Para o futuro, Raquel planeja se instalar na Europa, local em que o of�cio � mais valorizado e onde poder� crescer profissionalmente. “Penso em me mudar para Portugal, que fica perto da Inglaterra e da Espanha. H� muito a se explorar na �rea dos chap�us, muitas frentes al�m das festas e cerim�nias”. Ela cita como exemplo o lado fashion, representado pelo estilo californiano do milliner Nick Fouquet, que funde elementos bo�mios, desconstru��o, irrever�ncia, artesanato americano e paleta colorida nas cole��es feitas com feltro. “H� a frente mais urbana, cl�ssica e criativa que a gente pode ver em Paris, com palhas maravilhosas. H� a linha voltada para as corrida de cavalos. S�o v�rias t�cnicas, voc� escolhe a que mais aprecia, treina, aperfei�oa, mas o trabalho de cria��o � totalmente livre. Cada chapeleiro tem uma assinatura”, ensina.


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