


os secondhansd, mais comuns, comercializam qualquer tipo de roupas ou acess�rios usados e s�o procurados por consumidores que querem fazer economia e comprar pe�as de segunda m�o em bom estado de conserva��o. “Muitos vezes confundidos com bazares filantr�picos, d�o um car�ter popularesco ao com�rcio, remetendo �s origens caritativas do mercado de usados do s�culo 19 (fliperie). Em geral, oferecem roupas mais pr�ximas da est�tica mainstream, mas � poss�vel se encontrar pe�as vintage. A frugalidade � apontada como motiva��o principal para a compra nesses locais”, observa.

Por fim, existem os brech�s vintage (thrift shops vintage), onde as roupas s�o valorizadas pelo seu aspecto hist�rico e afetivo. “Neles h� uma preocupa��o maior com a biografia das roupas, a garimpagem est� relacionada ao prazer da experi�ncia de “ca�a ao tesouro”, ou seja, de garimpar determinados estilos vintage do s�culo 20 a pre�os diferenciados. Os consumidores dessa categoria podem ser classificados como connoisseurs, pois sua garimpagem exige certo capital cultural para a produ��o de looks autorais, afetivos e criativos, cujo desafio de estilo � saber mistur�-los com pe�as contempor�neas, evitando a apar�ncia caricatural”, enfatiza a jornalista. Segundo ela, as tr�s categorias t�m propostas sustent�veis atreladas � vida �til das roupas e funcionam melhor quando o consumidor est� ligado no consumo consciente.
Tradicional Frequentado por um p�blico cool, o Brilhantina � um dos mais conhecidos brech�s de Belo Horizonte. Instalado h� 17 anos na Savassi, a propriet�ria Raquel Fernandes acompanha com interesse o crescimento desse mercado. Se antes corria atr�s de fornecedores, hoje s�o eles que chegam at� o local levando seus desapegos. “Com a tecnologia, agora fa�o a curadoria por internet, o que facilitou muito o trabalho. Muitos come�am como fornecedores, tomam gosto, e terminam como clientes”, informa a empres�ria.

“� um com�rcio de oportunidade, tudo � �nico, o velho para voc� torna-se novo para outro”, sintetiza Raquel. O Brilhantina det�m um acervo precioso de pe�as dos anos 1930 e 1950 e � muito procurado pelos produtores e stylists para produ��es e editoriais fashion. “Observo ao longo do tempo que h� uma mudan�a de consci�ncia, principalmente na cabe�a dos novos estilistas, compondo cole��es menores e sustent�veis”, observa.
Desapego O instagram Wabi Desapego tem chamado aten��o virtualmente, nas redes sociais, com campanhas que unem figuras conhecidas nessa plataforma, com compet�ncia para incentivar o consumo, e movimentos sociais com cunho beneficente. As respons�veis pelo empreendimento s�o as engenheiras S�mara Menighi e a advogada Karina Coutinho, que resolveram investir em uma proposta com conte�do diferente. O projeto ainda � um beb�, nasceu em janeiro, mas est� fazendo barulho.
Os lan�amentos s�o divididos em temporadas. A primeira delas foi protagonizada pela jornalista Nat�lia Dornellas, integrante do poadcast “As perennials”, que entregou as organizadoras cerca de cem pe�as e posou com v�rias delas nos posts da Wabi. Com a pandemia, houve um break e a segunda temporada teve como foco as obras sociais da AMR – Associa��o Mineira de Reabilita��o, cujo or�amento foi abalado com a chegada do Coronav�rus. “Parte da renda com as vendas foi direcionada para l�”, explica S�mara.
J� na terceira temporada, a escolhida foi a escritora e publicit�ria Cris Guerra, criadora do “Hoje vou assim”, o primeiro site de looks do dia do Brasil , que possui 94, 3 mil seguidores no seu instagram @eucrisguerra. A experi�ncia tem dado certo e � fruto de muita pesquisa. “Participei de outros grupos de desapego, comecei a pesquisar sobre economia circular, consumo consciente, sustentabilidade. Estamos investindo em uma nova ferramenta de vendas em parceria com uma starup e nosso pr�ximo passo ser� com uma marca de upcycling de Curitiba. A campanha ser� destinada a ajudar um hospital”, ela anuncia.
Luxo J� o Duacervo brilha no segmento label. A respons�vel pelo brech� � B�rbara Porto, uma jovem comunicativa e atirada, que tem sangue comercial na veia. Aos 13 anos, saia da escola e ia ajudar na Porto & Guia, neg�cio que a m�e, Roberta, manteve com Sheila Mares Guia durante muito tempo. Flertando com a moda, quis conhecer todos os seus meandros: frequentou o curso da Fumec, fez modelagem com J�nia Melo, e ficou dois anos especializando-se em universidade de Miami. Foi dona de duas franquias da Osklen, no P�tio Savassi e no Diamond Mall, integrou a equipe de estilo da Chouchou, segunda marca do grupo Patachou e, entre essas experi�ncias, trabalhou com o pai nas suas concession�rias de carros.
Paralelamente a esse status, criou um instagram direcionado para desapego no segmento do luxo, que sempre conheceu a fundo. “No in�cio, peguei roupas minhas, das minhas irm�s e amigas para vender. O neg�cio come�ou a funcionar, a me dar uma boa renda. Veio da� a necessidade de ter um espa�o especial para receber minhas clientes e me instalei em uma casa, no bairro de Lourdes. At� ent�o, eu fazia tudo sozinha”, conta a empres�ria.
A hist�ria j� dura oito anos e � um sucesso. A Duacervo ganhou um endere�o novo, no Belvedere, com um acervo fabuloso de grifes importantes, como Chanel, Dior, Valentino, Louboutin, Diane Von Furstenberg, Gucci, Prada, Dolce & Gabanna, Louis Vuitton, Herm�s, entre outras estreladas. Do vestu�rio aos acess�rios, tudo � selecionado por B�rbara, que, acostumada a frequentar brech�s internacionais, conhece todos os tr�mites para gerar confiabilidade, entre eles certifica��es, que garantem a origem do produto, evitando c�pias. O novo espa�o passou a receber tamb�m marcas nacionais, como NK Store, Cris Barros, Mixed, entre outras, igualmente selecionadas pela empres�ria.
Apesar de, agora, contar com quatro vendedoras, ela � a protagonista do neg�cio: veste as roupas, elabora produ��es, mostra a cara nos storys do instagram, encarna a pr�pria personal shopper. E faz quest�o de responder todas as demandas dos seguidores. “Gosto do com�rcio, adoro vender”, ela confessa, lembrando a primeira vez que entrou em um brech�, em Saint Tropez, quando tinha por volta de 18 anos. “Fiquei impactada com o que vi, os brincos da Chanel, que lembravam os da minha av�”, relata. Foi esse conceito sofisticado, que passa pelos cinco sentidos, cheiros e gostos inclusos, que ela implantou no seu point comercial. De l�, atende o Brasil inteiro, consciente que est� contribuindo com o reuso nos melhores moldes da economia circular.
