
Quando olha para o passado, Lorena Mattos se sente muito orgulhosa do que construiu. A designer de interiores come�ou do zero a desenvolver um mix de produtos de ilumina��o para uma loja que s� vendia material el�trico, e deu in�cio a uma marca que se tornou refer�ncia em inova��o. A marca que ela ajudou a fundar e administra at� hoje � a Templuz, bra�o do Grupo Loja El�trica que completa 15 anos em outubro. Nesse tempo, ela ficou conhecida por investir na curadoria de produtos pautada pela qualidade, sempre valorizando o design nacional (a mais recente parceria � com a artista mineira Simone Oliveira), desenvolver projetos luminot�cnicos e oferecer atendimento direcionado a arquitetos e outros profissionais. Olhando para o futuro, Lorena n�o quer que a Templuz seja reconhecida apenas como uma loja de ilumina��o, mas como uma empresa de solu��es em tecnologia. Isso porque a marca tamb�m trabalha com automa��o, projetos de energia solar e sistema de aspira��o centralizada.
Como voc� se envolveu com ilumina��o?
Estudei administra��o de empresas, fui trabalhar em ind�strias, mas meu sonho era fazer arquitetura. Quando as minhas duas filhas ainda estavam pequenas, resolvi me matricular no curso de design de interiores, assim teria mais tranquilidade para conciliar as rotinas de casa, estudo e trabalho. Tive escrit�rio com uma s�cia arquiteta durante 10 anos e atuei em diversos projetos comerciais e residenciais. Quando a Loja El�trica da Avenida Nossa Senhora do Carmo abriu, em janeiro de 2000, um dos s�cios me chamou para desenvolver uma linha de produtos de ilumina��o. Antes eles s� vendiam material el�trico. Eu, como j� vinha desse mercado, conhecia produtos e fornecedores, comecei a desenvolver um trabalho praticamente do zero de construir um mix de ilumina��o. Escolhia os produtos para comprar, atendia os clientes na loja e fazia projetos.
O que foi mais desafiador para voc�?
O grande desafio era desenvolver um mix de ilumina��o e oferecer um atendimento de qualidade aos clientes. Com o desenvolvimento do trabalho, o contato no dia a dia com fornecedores, fazendo treinamentos, fui aprendendo muito e comecei a entender da parte t�cnica. Como j� tinha experi�ncia de 10 anos em escrit�rio de design de interiores e arquitetura, entendia o conceito de luz que o cliente queria para aquele projeto, ent�o essa parte para mim foi mais f�cil. Fora isso, como n�o trabalhava diretamente com com�rcio e, sim, com presta��o de servi�o, achava que nunca saberia vender nem uma bala. Mas, com o desenrolar do trabalho, comecei a entender que � um erro achar que vender � for�ar o cliente a adquirir alguma coisa. Da mesma forma como atuava no escrit�rio, sempre fiz para o cliente o que faria para mim. Entendo o que ele quer, quanto quer pagar e tento oferecer o melhor para ele. Trato o cliente como melhor amigo, e isso cria uma rela��o diferente. Brinco que, quando comecei, no ano 2000, era a equipe do eu sozinha. Hoje temos uma equipe muito grande, s�o 45 projetistas (entre Loja El�trica e Templuz) que trabalham diretamente comigo, mas at� hoje gosto muito de atender os clientes. Estou sempre envolvida nos projetos e em toda a gest�o.
Como surgiu a ideia de criar a marca Templuz?
Chegou num ponto em que o cliente que ia � loja queria algo a mais, tanto em rela��o a produto quanto a atendimento. Em loja de autosservi�o, a polui��o visual � muito grande, muitos produtos juntos e, por mais que a gente colocasse algum em destaque, o cliente n�o conseguia visualizar bem. A� percebemos a necessidade de dar um passo a mais e abrir outra loja para dar um atendimento mais especializado, com mais aten��o e mais tempo, porque no autosservi�o � tudo muito r�pido. Precisamos entender o projeto e descobrir o que o cliente quer. Na Templuz, conseguimos atender os profissionais, arquitetos e designers, e temos um cuidado maior com o showroom.
Como voc� escolhem o mix de produtos?
O nosso mix de produtos � extremamente diversificado, atende aos projetos comerciais e residenciais. Temos a preocupa��o de estar sempre alinhados com o que o mercado est� pedindo e com as tend�ncias de design. Estudamos muito e procuramos estar sempre � frente lan�ando alguma tend�ncia para atender aos projetos. Fazemos uma curadoria pautada principalmente na qualidade.
O que � tend�ncia atualmente?
Pe�as extremamente minimalistas. Antigamente, com luz incandescente, o tamanho da pr�pria l�mpada dificultava isso. Mas hoje, com a tecnologia do LED, a ind�stria consegue produzir lumin�rias extremamente finas, que iluminam muito bem, e esse recurso ajuda a chegar a um design bem limpo. Sem d�vida nenhuma, por este momento de pandemia, outra tend�ncia � a valoriza��o da nossa arte e da nossa cultura. Todo mundo se voltou mais para dentro de casa, mas tamb�m voltou a olhar para o nosso pa�s. O Brasil � uma terra t�o maravilhosa, tem tantos artistas interessantes, arte de qualidade, diversidade incr�vel de materiais. N�o podemos s� valorizar o que vem de fora, vamos valorizar o que � nosso. Que bom que este per�odo dif�cil possibilitou este novo despertar at� para a classe de arquitetos para valoriza��o do design nacional. H� muito tempo se fala em valorizar, mas isso n�o era muito forte. Quando aparecia um designer de fora, ele era muito mais reverenciado do que o designer da casa. Agora estou vendo que tem mudado, e isso � muito bom. Precisamos fazer com que a economia gire e criar oportunidades para quem est� perto da gente.
Foi a partir disso que surgiu a ideia da parceria com a artista mineira Simone Oliveira?
Acompanho o trabalho da Simone h� bastante tempo. Ela faz um trabalho muito interessante com filtro de caf�, fibras naturais e outros materiais reciclados. Est� muito ligada � reciclagem, sustentabilidade e tem uma grande preocupa��o com o meio ambiente. Acho importante pensar nesses temas, em solu��es para o consumismo exagerado e em como reaproveitar esta quantidade enorme de res�duo que � gerada. A Simone j� se apresentou em Mil�o, tem o trabalho reconhecido l� fora, mas por que n�o trazer para c�?
Como a automa��o tem sido explorada pelo setor de ilumina��o?
Desde a inaugura��o da Tempuz, trabalhamos com automa��o. Os sistemas v�o desde os mais simples, como l�mpadas wi-fi que s�o controladas por comando de voz, at� os mais sofisticados, em que voc� consegue controlar todos os sistemas de uma casa. A automa��o est� ficando cada vez mais acess�vel em termos de custo e de uso. N�o s�o mais produtos que s� poucos consumidores podem ter e as tecnologias s�o mais amig�veis, f�ceis de usar e est�o na palma da m�o dos clientes.
A maioria dos clientes se interessam por automa��o?
N�o considero a maioria. Vejo que esse desejo est� muito ligado � faixa et�ria. Os mais novos, que s�o bem familiarizados com tecnologia, procuram mais. Hoje os casais jovens j� chegam com essa demanda.
Por que � importante ter um projeto de ilumina��o?
Isso faz toda a diferen�a. A primeira quest�o � entender o objetivo do cliente, que tipo de luz ser� necess�ria. Uma luz difusa ou uma luz focada, qual a temperatura de cor. Se � um local de descanso e relaxamento, vou trabalhar com cor quente, para levar aconchego, mas, se for um local de trabalho, preciso de luz branca para me despertar. Falo que o projeto tem que ser totalmente ligado ao conceito e � usabilidade do espa�o. Quando trabalhamos em parceira com arquitetos, precisamos entender o que ele pensou, que tipo de luz enxergou naquela lugar para conseguir ajud�-lo. O nosso trabalho � especificar os produtos que v�o conseguir materializar o desejo dele. Luz correta � sin�nimo de conforto. � muito desagrad�vel quando um ponto de luz fica incomodando. As pessoas que est�o naquele ambiente precisam se sentir bem.
Em que consiste a profiss�o de lighting designer?
� uma especializa��o, normalmente de arquitetos e designers de interiores. Trouxe o primeiro curso de lighting design de BH, h� uns 10 anos, em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), em S�o Paulo. Sempre me preocupei muito com o desenvolvimento do mercado e tinha vontade de formar profissionais e passar conhecimento. O curso de p�s-gradua��o foi ministrado no audit�rio da Templuz e teve dura��o de um ano e meio. Eu era aluna e coordenava. Foi muito bom, tivemos uma turma de mais de 20 alunos, mas desisti da ideia. Dava muito trabalho administrar um curso desses, os professores vinham de fora, tinha que mandar a lista de presen�a, depois tinha a avalia��o.
Quais habilidades s�o importantes para o profissional que trabalha com luz?
Observar. No lugar onde estiver, observe como est� a luz, o que est� sendo iluminado, que tipo de sombra a ilumina��o gera. Luz envolve muita percep��o e sua percep��o � diferente da minha. O que � muita luz para voc� pode ser pouca luz para mim. Com certeza, tamb�m � importante ter criatividade para projetar atrav�s da luz o conceito que o cliente quer naquele espa�o. J� tive cliente que queria o apartamento todo com luz azul, outro que pediu o banheiro com luz violeta. Al�m disso, hoje os espa�os s�o multifuncionais, sala de jantar virou home office e lugar de brincar, ent�o temos que pensar em como compatibilizar todas as fun��es.
Na pandemia, aumentou a procura por produtos de ilumina��o?
Sim, muita gente est� fazendo reformas. As pessoas come�aram a ficar mais dentro de casa e a se incomodar que determinado ambiente n�o estava claro o suficiente. Escuto muito este tipo de reclama��o de pessoas que quase n�o ficavam em casa. Vimos muito a mudan�a de percep��o da casa, perceber o espa�o, o que incomoda e como � bom olhar para dentro.
Para voc�, quais momentos dos 15 anos da Templuz s�o mais marcantes?
Acho que a toda a constru��o de uma nova marca, de posicionamento, de virar um bra�o do Grupo Loja El�trica. Aprimoramos o nosso atendimento, a nossa capacidade t�cnica, o mix de produtos para atender � demanda de mercado dos profissionais mineiros, que s�o muito bons. As nossas mostras de arquitetura e decora��o s�o reconhecidas nacionalmente.
Como voc�s querem que o mercado enxergue a marca?
A Templuz sempre foi muito conhecida como loja de ilumina��o, mas desde que nasceu trabalha com tecnologia. Queremos cada vez mais n�o ser s� uma loja de ilumina��o, mas ser uma empresa de solu��es em tecnologia para que o cliente possa resolver tudo em um lugar s�, e n�o tenha que conversar com v�rias empresas. Temos a parte el�trica, de acabamentos, tomadas, interruptores, mas tamb�m a parte de automa��o, projetos de energia solar e aspira��o centralizada. Pegamos o projeto da casa no in�cio e fazemos um sistema de limpeza a v�cuo como se fosse uma tubula��o hidr�ulica. Em cada ambiente da casa voc� tem uma limpeza de alt�ssima suc��o, que capta part�culas min�sculas, que �s vezes nem podemos imaginar que existem. Realmente, queremos prestar um bom servi�o t�cnico e de atendimento. Hoje o nosso slogan �: novos sentidos para tecnologia.
