
S�o quase 30 anos de uma marca que, a exemplo de outras do mercado mineiro, passou por uma sucess�o familiar e j� absorve a terceira gera��o. A Desir�e � fruto do empreendedorismo de Maria Cleuza de Souza Almeida, uma mulher que enxergou boas perspectivas no neg�cio da moda e abriu uma empresa em meados dos anos 1980, tirando partido do florescimento de um polo de confec��es que se instalou, espontaneamente, em Belo Horizonte, culminando por colocar a cidade na rota dos melhores lojistas do pa�s.
Os produtos, cole��es de camisaria bordada, eram comercializados na pronta-entrega, como acontece at� hoje, e o trabalho cresceu e absorveu suas duas filhas, Desir�e Bedran e Moema Almeida, que, tempos depois, tomariam as r�deas da confec��o. “A nossa m�e tinha uma vis�o empresarial muito boa e, al�m da f�brica de roupas, abriu tamb�m uma de sapatos, a Marca Passo, pensando nos filhos. Ela participava de feiras, como a Couromoda, e vendia para todo o Brasil. Depois, meus irm�os se encaminharam para outras �reas e a gente se concentrou na Desir�e”, relembra Moema.

Um neg�cio com esse tempo de exist�ncia, e em um ramo que lida com a sazonalidade e efemeridade, passa por v�rios ciclos e desvios de rota para se adequar �s mudan�as, mas � essencial que mantenha caracter�sticas que o definam. No caso espec�fico, os bordados, as estampas e uma numera��o mais abrangente assumiram o protagonismo. Al�m disso, a Desir�e centrou em uma moda mais adulta com uma pitada de modernidade.

Por�m, as duas s�cias sempre flertaram com a perspectiva de abrir o leque para ampliar a oferta e, inclusive, foram feitas algumas iniciativas, anteriormente, nesse sentido. A ideia se concretizou em 2020 com o lan�amento da Emme, que nasceu para preencher esse nicho. Quem est� no comando da nova marca � Helv�cio Jr., filho de Moema. Formado em engenharia de produ��o pelo Ibmec, ele frisa que a novidade � resultado da sua percep��o e intui��o. “Era algo que queria tirar do papel para ver como seguiria”, observa.
A velha receita, que implica mistura de sangue novo com experi�ncia, ao que parece est� de vento em popa. Al�m do mais, a Desir�e tem uma clientela fiel, que conquistou ao longo dessas quase tr�s d�cadas. O showroom do Bairro do Prado � ponto de visita��o de consultoras de moda e lojistas � cata das novidades. “Temos capacidade de produ��o e o ponto de venda e pensamos em explorar esses espa�os de forma conjunta”, enfatiza Moema.

Mo�ada No caso de Helv�cio Jr., ainda estudante universit�rio come�ou a trabalhar na f�brica como estagi�rio e, hoje, tem uma vis�o 360 graus sobre todas as pontas que ligam uma ind�stria de confec��o. A ess�ncia da Emme, segundo ele, se baseia nos desejos de um p�blico que faz parte do seu dia a dia: uma mo�ada jovem, que gosta de moda, frequenta festas e baladas, e elege um c�digo especial de se vestir.
O laborat�rio est� ali, na sua frente, � s� prestar aten��o nos comportamentos das amigas com quem convive e nas mulheres que frequentam os mesmos ambientes que costuma frequentar. “Os comprimentos s�o mais curtos, exploramos os decotes, muitos tops e croppeds, h� mais exposi��o da pele. Outra caracter�stica � a brincadeira com as cores, no m�nimo quatro variantes por temporada. A prefer�ncia � pelos tecidos lisos. Quanto aos prints, eles t�m entrado de leve, em compasso de teste e observa��o da resposta das consumidoras desde a segunda cole- ��o. Na atual, a sexta, por exemplo, predomina uma estampa psicod�lica, criada com exclusividade.
Quem confere as pe�as que est�o nas araras, lan�adas para o outono-inverno 2022, vai encontrar a pantalona arrojada, o blazer boyfriend, que j� virou “must” entre as descoladas, o vestidinho sexy, a cal�a de cintura alta e a de cintura baixa, tend�ncia que est� chegando devargarzinho. Como explica o dubl� de empres�rio e coordenador de estilo da Emme, a inten��o � atender tamb�m �s prefer�ncias de uma gera��o imediatista que tem privilegiado as compras on-line.
Ao contr�rio, a Desir�e investe em uma sele��o variada de estampas a cada esta��o. Para o pr�ximo inverno, a inspira��o foi a art visionnaire expressa em pinceladas de florais e geometrias. No showroom predominam os vestidos compridos, os babados, os conjuntos lisos ou com grafismos – enfim, uma roupa que evita marcar o corpo feminino, sempre com a oferta de uma numera��o maior para as cheinhas.
O lan�amento da Emme coincidiu com o in�cio da pandemia e a op��o para coloc�-la no mercado foi o ambiente digital. O eco foi imediato, o que possibilitou que a f�brica continuasse funcionando nesse per�odo. “Lan�amos, simultaneamente, o site das duas marcas como sa�da para escoar os nossos produtos”, conta Desi- r�e. Helv�cio confirma que a jun��o s� acrescentou e a entrada no e-commerce foi um passo importante para seguir em frente em um momento incerto