
Esta hist�ria come�a na regi�o de Machacalis, pequena cidade localizada no Nordeste do estado, em uma fazenda de cria��o de gado, onde K�tia Portes aprendeu os primeiros pontos de croch�. A heran�a veio da av� e da m�e crocheteiras, habilidosas no manejo das agulhas e em transformar fios em roupas. De l� pra c�, essa � a atividade que distingue sua vida profissional.
At� chegar nesse est�gio, conseguiu fugir da expectativa do pai, que esperava que ela escolhesse a medicina. Ignorando seu dom, chegou a cursar zootecnia, com a perspectiva de trabalhar no neg�cio familiar, mas abandonou a empreitada no �ltimo per�odo.

A voca��o para a moda falou mais alto. Foi assim que a estilista veio para Belo Horizonte, prestou o vestibular na Una e entrou na ciranda fashion. Por�m, tudo que aprendeu em termos de conhecimentos te�ricos, t�cnicas e informa��es funcionou como um arcabou�o intelectual e criativo direcionado para o croch�.

O interesse dos professores e das colegas pelo produto, por meio das encomendas que recebia, funcionaram como incentivo para que continuasse nesse caminho. “Percebia que havia um encantamento muito grande com o que eu criava e uma expectativa tamb�m em torno daquela entrega, que significava um trabalho muito original”, ela conta.

A forma��o numa faculdade possibilitou que K�tia percebesse tamb�m a import�ncia da modelagem na confec��o das pe�as, al�m da pesquisa de moda em termos de tend�ncias, materiais e cores de cada esta��o. Dessa forma, a riqueza dos seus vestidos est� no mix de pontos que ela desenvolve, mas tamb�m na valoriza��o das formas femininas em cria��es bem contempor�neas.
Todo o processo, segundo a estilista, � lento, um modelo pode levar um m�s ou mais para ser elaborado. “Quem compra reconhece o valor do trabalho artesanal, com m�o de obra espec�fica, que prima pela exclusividade e delicadeza. Sabe que ter� uma roupa especial para toda vida, sem prazo de validade.”

Para completar, a t�cnica que ela usa tem um diferencial: os vestidos s�o confeccionados inteiri�os, sem emendas, para possibilitar um caimento perfeito. “A gente vai testando sempre, em busca da modelagem ideal”, pontua. A mat�ria-prima gira em torno da linha de algod�o ou com toque acetinado traduzidas em um mosaico de desenhos variados.
Para atender � demanda, K�tia conta com a ajuda da m�e, h�bil em garimpar crocheteiras entre as mulheres da regi�o onde a fazenda se localiza, mas h� um n�cleo selecionado tamb�m em Belo Horizonte, que trabalha para a marca h� cerca de sete anos. “Elas recebem a pe�a-piloto totalmente testada para trabalhar em cima dela. E n�o adianta querer que se apressem na confec��o, o ritmo tem que ser calmo para que se tenha qualidade”, ressalta.
O advento do instagram fez com que muitas famosas desejassem usar a marca, entre elas as atrizes Luma Costa, Melina Toscano, a apresentadora Sabrina Sato, a miss Brasil Gabriela Markus, a miss Universo alagoana Leila Lopes, a modelo Yasmim Brunet. “Nem sei como isso aconteceu, eu n�o sou muito de fazer marketing, fico mais quietinha, mas elas me descobriram”, enfatiza.
CASUAL O boca a boca sempre foi o principal ve�culo de comunica��o da Katia Portes at� que resolvesse criar uma loja on-line (www.katiaportes.com.br), com o objetivo de falar diretamente com o consumidor final. Em 2019, com a entrada de um investidor no neg�cio, a estilista resolveu ampliar o leque e apresentou um desfile no restaurante A Favorita, para mostrar, al�m da produ��o em croch�, uma nova linha casual, que inclu�a um mix de croch�, rendas diversas e tecidos planos. Tudo com uma pegada handmade e com esp�rito boho.
“A gente pensou em oferecer mais op��es a um pre�o competitivo, j� que n�o d� para usar croch� todo o dia, as pe�as s�o caras”, afirma. O prop�sito era abrir um showroom em BH para facilitar a comercializa��o das roupas por meio do atacado. O plano inclu�a tamb�m a oferta de um segmento de cal�ados, com o qual K�tia sempre se identificou.
A cole��o foi muito bem-aceita, mas a sociedade n�o prosperou. E veio a Covid-19. “A crise me pegou com um estoque em casa, mas consegui vend�-lo na pronta entrega e pelo instagram, j� que a proposta da marca � bem atemporal. Fiquei dois anos na fazenda, aproveitei para lan�ar uma linha de botas cowboy, que casam bem com o estilo boho dessa linha casual”.
Agora, K�tia est� voltando � ativa com o objetivo de dar seguimento aos projetos que a pandemia deixou pendentes. Um recome�o com muitos planos na cabe�a e com boa perspectiva de realiz�-los.
