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Estado de Minas Entrevista/T�nia Bulh�es

Cuidado nos detalhes

T�nia Bulh�es inaugura casa em BH e, seguindo projeto de expans�o da marca, abrir� duas f�bricas em Uberaba at� o in�cio de 2024


23/04/2023 04:00

Tânia Bulhões e os filhos Daniela e Virgílio
T�nia Bulh�es entre os filhos Daniela e Virg�lio (foto: B�rbara Dutra e florence zyad/Divulga��o)

Mineira de Uberaba, sempre amou as artes e o artesanato requintado. 

Cresceu frequentando muito a fazenda da av� e, por isso, a natureza sempre foi sua grande inspira��o, bem como os diversos cheiros que exalam dela. 

Determinada, focada, criativa, perfeccionista e com um olhar especial para os detalhes, T�nia Bulh�es, ainda adolescente, j� pintava porcelana e vendia  seus trabalhos.Mudou-se para S�o Paulo, abriu uma pequena loja e foi crescendo at� se tornar refer�ncia em artigos de lou�a utilit�ria e adornos. 

Depois passou para cheiros para ambientes e velas arom�ticas e recentemente passou  a produzir – na Fran�a – perfumes de uso pessoal, seu mais novo filho e sua grande paix�o. H� pouco tempo, seu filho come�ou a trabalhar na empresa e implantou um ousado programa de expans�o, com grande sucesso. A flagship de Belo Horizonte faz parte dele e � a segunda maior loja da marca no pa�s. T�nia agora est� seduzindo a filha para integrar o time da empresa.

Quando se interessou por arte?
Minha vida inteira gostei de arte, de pintar. Sou artista pl�stica, estudei arte e design. Comecei pintando lou�a, depois passei para tela. Fiz v�rios cursos de cer�mica e moldagem. Aos 15 anos, j� pintava minhas porcelanas e vendia.

Nunca foi hobby?
N�o era hobby, n�o. Comecei vendendo para fam�lia, vizinhos e amigos. Depois comecei a pintar telas e fiz algumas exposi��es em Uberaba. Passei a pintar m�veis antigos. Aluguei uma casinha e fiz uma lojinha na frente, com uma vitrine. Nos fundos era meu ateli� e um escrit�rio onde eu atendia clientes, porque fiz tamb�m um curso de design de interiores.

Atuava em todas as �reas? Mil e uma utilidades?
Isso, quase um Bombril, tudo que � de arte eu j� fiz.

Uma coisa que chama aten��o no seu trabalho s�o os detalhes. � coisa sua?
Sou assim. Para mim n�o basta estar bonito, tem que ter algo a mais. Sempre gostei de detalhes e minha fam�lia tamb�m. Acho que aprendi na fam�lia. Minha av� e minha m�e gostavam muito de receber. A casa da minha av� n�o era chiqu�rrima, mas ela tinha muito gosto, era natural nela e na minha m�e e, com isso, ficava descontra�do. Abria uma toalha de linho antiga, muito bem passada, colocava uma lou�a antiga, passava o bife no fog�o a lenha e era uma del�cia, aconchegante. Obviamente, busquei me aperfei�oar. Desde muitos anos viajo muito, fa�o cursos l� fora, adoro arte de todas as �pocas, cl�ssica, moderna, contempor�nea. E busco qualidade nos meus produtos, acredito que fui andando sempre para frente, levando essa autenticidade do que eu fa�o com qualidade. Nunca abri m�o dessa qualidade e nem do meu pr�prio desenho. Por isso, gosto de colocar um detalhe, um charme, algo que fa�a a diferen�a, que torne aquela pe�a �nica.

Todos os prot�tipos s�o criados por voc�?
Sim, fa�o quest�o disso. At� hoje sou eu quem pinto as minhas lou�as.

Quando se mudou para S�o Paulo?
H� uns 30 anos. A marca tem uns 30 e poucos anos. Fiquei dois anos em Uberaba e fui para S�o Paulo. Tinha muitos clientes fora de Uberaba, espalhados pelo pa�s. Em Uberaba, tinha aquela feira de gado muito importante e as pessoas iam para l� e conheciam meu trabalho. Fui para S�o Paulo, abri uma lojinha bem pequenininha, uma garagem que eu pintei as paredes e vendia minhas coisas e a hist�ria foi acontecendo. H� cinco anos, fiz uma proposta para meu filho Virg�lio vir trabalhar comigo. Ele era do mercado financeiro. Disse que viria para crescer o neg�cio e perguntou se eu topava. Eu sempre tive uma veia empreendedora muito forte, gosto do desafio. E ele veio e estamos nesse momento de expans�o da empresa. Agora estou tentando trazer a minha filha Daniela para atuar na �rea de comunica��o e marketing, porque eu sou muito t�mida.

Com o plano de crescimento, surgiram novos produtos e novas lojas?
Foi. Por causa disso, criamos o perfume de uso pessoal, do T�nia Pele, que � o tratamento para o corpo. E estamos expandindo para essa �rea dermatol�gica. E estamos abrindo lojas.

Como se sente abrindo a primeira loja em seu estado natal?
Sou mineira e n�o abro m�o disso. Tenho um cantinho na minha loja de S�o Paulo onde vendo produtos mineiros, compotas, goiabada, doce de leite. Uma tia que mora em Uberaba e produz tudo em sua fazenda. Amo minhas ra�zes mineiras. Queria muito vir para Belo Horizonte, mas com uma coisa bem bacana, por isso decidimos abrir uma casa grande, no Belvedere. Essa � a segunda maior loja do pa�s, s� � menor que a de S�o Paulo, e a segunda de rua, as outras est�o dentro de shoppings. O projeto ficou lindo. Por fora � um casar�o mais tradicional e, por dentro, ficou bem contempor�nea, no estilo das novas lojas. Estou feliz de colocar meu p� em Minas. Quando Virg�lio entrou para a empresa, eram tr�s lojas em S�o Paulo e duas no Rio, agora tem loja em Salvador, Goi�nia, Recife, BH, al�m de gazebos e multimarcas.

Como nasceu a perfumaria?
Eu queria um cheiro. Fui criada na fazenda, e fazenda tem muito cheiro. Queria que a loja tivesse um cheiro pr�prio. Por incr�vel que pare�a, � o perfume de uso pessoal que mais marcou. Foi o primeiro que eu fiz, para casa. E as clientes gostavam tanto que pediam para criar um para uso pessoal.

Como foi o desenvolvimento dos perfumes?
Quando decidi fazer perfume, j� pesquisei onde se faz o melhor perfume do mundo, Fran�a e l�, onde era, Grasse, na Provence. Fui para l� e comecei a trabalhar com eles. Foi uma parceria maravilhosa e me inspirei nesses cheiros que eu gosto, da minha mem�ria afetiva da fazenda, da natureza, de pomar e das viagens que eu fazia. Os cheiros que sentia em Marrocos eram diferentes de tudo. Adoro cheiros e l� � uma alquimia. Sou suspeita para falar das coisas que eu fa�o porque me envolvo muito. Acho que todo dia tenho que fazer uma coisa nova, � um desafio.

Quais as inspira��es para cria��o das porcelanas?
Minha grande fonte de inspira��o � a natureza, que � a coisa mais linda que existe no mundo. � fascinante. At� mesmo uma folha de uma �rvore que eu fa�a estilizada. E as pessoas se espantam de eu, uma mineira, ser t�o focada na natureza. Falam que isso combina com pessoas da regi�o da Amaz�nia. Fui criada na natureza, diferente da natureza do Norte do pa�s. E n�s mineiros temos um bom gosto apurado pela arte, desde sempre. Veja Inhotim, � maravilhoso. Mineiro � muito art�stico.

Lan�a cole��es datadas?
Tenho cole��es que lancei h� 30 anos que mantenho at� hoje. Viraram cl�ssicos da marca. N�o fa�o nada descart�vel, as coisas s�o para voc� colecionar. Vendo tudo avulso para permitir a pessoa comprar aos poucos, misturar pe�as entre cole��es. Todo ano fa�o, no m�nimo, oito lan�amentos. Tenho duas grandes cole��es no ano, completas, que vem com travessas, vasos, potiches, que � a do Dia das M�es e a do Natal. Algumas s�o limitadas, mas os clientes reclamam e acabamos mantendo. A primeira que eu fiz se chama Marquesa. Pensei que as pessoas j� tinham cansado dela e tirei de linha, mas foi tanta reclama��o que voltei. J� fiz um novo olhar sobre ela chamada Limoeiro, que tamb�m est� at� hoje. Amo este retorno dos clientes, o carinho que eles t�m pela marca.

Como � investir em expans�o de loja f�sica depois de uma pandemia, que aumentou a venda virtual e de e-commerce?
A pandemia foi uma surpresa enorme para n�s. Quando fechou tudo, no primeiro momento, pensamos que seria horr�vel para n�s. Mas tivemos um retorno absolutamente diferente. As pessoas ficaram em casa, foram para a cozinha, receberam a fam�lia e os amigos mais pr�ximos. O ficar em casa 24 horas levou a querer coisas novas em casa. Tivemos uma procura enorme por parte dos clientes. J� t�nhamos o e-commerce, que estava indo muito bem, e tivemos a surpresa do WhatsApp, que surgiu como canal de vendas incr�vel. Quando terminou a pandemia, ficamos na expectativa de como seria, mas os clientes voltaram a frequentar a loja, gostam desse contato, de pegar o produto, sentir o perfume. O retorno dessas lojas que estamos abrindo est� sendo surpreendent, e por isso estamos animando a fazer mais. Ano que vem vamos abrir uma nova loja conceito em S�o Paulo,  que ter� at� um restaurante. Estou muito feliz com essa nova fase, das pessoas estarem gostando tanto de casa de perfume e da receptividade que estamos tendo com os perfumes de uso pessoal, que � um produto t�o novo dentro da marca.

Est� apaixonada pelo perfume porque � filho novo. Qual fragr�ncia voc� prefere?
Estou, voc� pega no ar, � filho novo, estou amando. Sempre gosto do �ltimo lan�amento, que no caso � o Fava Selvagem, e j� estou fazendo novos. Tenho uma coisa minha, que � misturar. Quando criei a minha perfumaria de uso pessoal, procurei fazer o mesmo fundo para tudo para permitir usar duas a tr�s fragr�ncias e ter um cheiro que � s� seu. Muitas pessoas perguntam qual eu estou usando e � um problema, porque geralmente � uma mistura. �s vezes, uso um s� e �s vezes misturo. De noite, costumo usar um cheiro um pouco mais sensual. Estou encantada com os caminhos e op��es que a perfumaria nos apresenta.

Qualquer pessoa consegue fazer essa mistura?
Misturar � dif�cil em tudo. � preciso uma sensibilidade da pessoa para aquilo. As pessoas preferem um perfume que vem pronto. A equipe de vendas entende das notas de cada fragr�ncia, elas falam que � poss�vel fazer a mistura, mas isso n�o � uma coisa que a vendedora possa escolher para o cliente. Outra coisa que eu vejo � que as pessoas pensam que perfume tem fixador. N�o existe fixador, � a concentra��o e a mistura que � feita que faz com que o perfume fixe mais ou menos.

Quais s�o os planos?
Estamos voltando para Minas em uma situa��o interessante, que ainda n�o contamos para ningu�m. Vamos abrir este ano, se n�o no in�cio de 2024, em Uberaba, duas f�bricas, uma de porcelana e outra de envasar perfume. Produzimos o perfume na Fran�a, mas envasamos aqui. Nossa porcelana � produzida na Europa. O Brasil tem um potencial enorme, mas as f�bricas est�o voltadas para um outro nicho, n�o uma porcelana fina, e � isso que queremos fazer, e por isso vamos abrir a f�brica. Virg�lio esteve l� na semana passada procurando local para montarmos as duas f�bricas.


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