![A Galeries Lafayette reafirma mais uma vez seu compromisso com o varejo responsável, que está implantando na [RE]STORE. Este espaço parisiense é dedicado à moda de segunda mão e responsável(foto: Divulgação) Galeries Lafayette](https://i.em.com.br/x6y_BB2Phl1V3DWDS8OY4jLu19Q=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/08/20/1548212/galeries-lafayette_1_21227.jpg)
Dos templos de luxo ao brech� singelo, a moda circular vai conquistando mais espa�o e relev�ncia. A conversa, que atinge v�rios nichos sociais, passa pelo impacto que os setores t�xteis, entre outros pertinentes a essa cadeia produtiva, provocam na sustentabilidade do planeta e, o que antes era visto com preconceito e menor valia, ganha novo status e alcance.
Se na Europa, particularmente nos centros importantes, como Londres e Paris, o tema sempre foi significativo, com diversificada oferta de produtos de segunda m�o oferecidas por brech�s de todos os tipos – dos sofisticados aos populares -, algumas a��es demonstram que o mercado de luxo se rendeu incondicionalmente � economia sustent�vel.
Se voc� tiver oportunidade de visitar a capital da Fran�a, n�o pode perder a chance de visitar o s�timo piso da Printemps Hausmann – aquele que d� sa�da para um terra�o de onde se distingue uma das vistas mais lindas da cidade.
“Bem-vindo ao s�timo c�u! O novo andar dedicado ao vintage, � segunda m�o e ao upcycling”: � assim que o visitante � recebido no recinto, no qual ser� brindado com pe�as de marcas emblem�ticas criadas por designers igualmente emblem�ticos: de Thierry Mugler � Romeo Gigle, de Azzedine Alaia � S�nia Rykiel, de Rei Kawakubo e Issey Miyake a Alexander McQueen, Claude Montana e Chanel.
Tem Valentino, Gaultier, Etro, Celine, Vivienne Westwood, Saint Laurent, Armani, Burberry, uma s�rie de boas surpresas com a ressalva de que todas as roupas s�o rigorosamente higienizadas, t�m cara de novas...Uma parte do que � selecionado abriga apenas fabricantes locais, uma esp�cie de reserva de mercado, que faz parte da mentalidade francesa
Do vestu�rio aos acess�rios, os achados s�o instigantes. Tudo passa por uma curadoria impec�vel embalada pela ambienta��o sofisticada, que reina em todo o espa�o. O destaque � a obra que desce do teto composta por 16 mil origamis, que imitam a forma da c�pula da Printemps, com seus belos vitrais coloridos.
Harmoniosamente arranjadas, as estantes e mesas que carregam os produtos s�o em madeira, vidro e estruturas met�licas - como as que sustentam a edifica��o, cuja constru��o data de 1865. As vitrines conceituadas, o carpete floral magn�fico, a ilumina��o bem pensada garantem ao cliente que ele est� entrando em um territ�rio leg�timo e seguro, mesmo que os produtos j� tenham sido usados por outras pessoas.

A moda circular tamb�m est� presente no segundo andar das Galeries Lafayette Haussmann (agora existe outra unidade na avenida Champs �lys�es). Voc� passeia pelas araras e balc�es repletos de ofertas orientado por palavras que nascem dos lustres espalhados por toda a �rea: renove, revenda, recicle, remodele, refresque � a mensagem transmitida e repetida v�rias vezes.
Enquanto isto, os outros pavimentos da loja mais visitada pelos turistas em Paris, apresentam as atra��es de sempre nos segmentos da moda e da beleza: novos designers, estilistas franceses, grifes internacionais, que est�o nas principais passarelas do mundo. “Uma coisa n�o interfere na outra. A moda circular � mais que uma tend�ncia, � um conclame do planeta, para que possamos aproveitar a vida �til das roupas e dos objetos”, explica a Marie Dhafine Tomez, respons�vel pela �rea.
N�o d� para checar nem � dado estat�stico, mas h� uma percep��o que o n�mero de brech�s aumentou consideravelmente em todo o mundo, particularmente em Paris, onde em cada quarteir�o h� uma op��o entre ofertas bem populares ou com curadorias mais apuradas.
Em Londres, o conceito de roupas de segunda ou terceira m�o � arraigado e faz tempo, e n�o est� presente somente entre jovens com pouco dinheiro ou entre descolados: ao contr�rio, faz parte de uma cultura introjetada particularmente nos londrinos. Seja em Spitalfields, ao leste da cidade, seja no mercado de Portobello Road, em Notting Hill, a possibilidade de criar looks �nicos e criativos explica o motivo do povo ser t�o estiloso e cheio de bossa.
Em Belo Horizonte
O discurso em torno da sustentabilidade como valor intr�nseco para a preserva��o do planeta n�o � mais “para ingl�s ver”. Ao contr�rio, existe uma como��o em torno do assunto e as empresas come�aram a entender que inclui-lo no seu plano de gest�o de neg�cios � agregar valor �s marcas. A compreens�o da moda circular como um dos ingredientes da economia sustent�vel, os apelos, as convoca��es, os discursos t�m sensibilizado e, mais do que isso, contribu�do para uma mudan�a da mentalidade.
Em Belo Horizonte n�o � diferente e essa import�ncia mereceu a aten��o do Sebrae-MG, com o projeto Viver de Brech�, criado em junho de 2022. Michele Chalub, analista da institui��o, explica que a pandemia fez com que as pessoas repensassem as rela��es humanas e de consumo. Um outro desdobramento foi a reflex�o sobre a sustentabilidade e a possibilidade de gerar renda por meio da venda de roupas que n�o coubessem mais em um estilo de vestir. Para elaborar o programa, era necess�rio conhecer melhor o setor em Minas Gerais atrav�s da colheita de dados.
A pesquisa revelou que s�o 3 mil brech�s no estado; 2 mil deles abertos a partir de 1919; 600 mil em Belo Horizonte e os demais espalhados pela regi�o metropolitana, sem contar os que est�o na informalidade. “A partir da�, tivemos oportunidade de avaliar o segmento e montar uma capacita��o que engloba v�rias �reas, como planejamento, finan�as, conte�do, marketing, al�m de atendimento ao cliente”, pontua Michele. O objetivo, segundo ela, � gerar melhor performance das empres�rias para navegar no trabalho. Quem desejar informa��es sobre o assunto � s� acessar o site do Sebrae-MG.
O segundo passo foi realizado no segundo semestre de 2022 com a cria��o da caravana Moda Brech�, que convocou jornalistas, influencers e formadores de opini�o para conhecer alguns brech�s da capital mineira, ouvindo as hist�rias de quem transforma roupas usadas em neg�cios. A iniciativa contou com a participa��o de S�mara Merrighi e Alessandra Alkimin como embaixadoras. Elas apresentam o poadcast Elas & Tal, na r�dio CDL/BH, no qual entrevistam mulheres focando na quest�o do empreendedorismo feminino e da sustentabilidade.
No in�cio do m�s, levaram o debate em torno dos temas para a Casa Cor Minas, convidando as empres�rias B�rbara Porto, da DuAcervo, J�lia Salvador do Nobz, Lara Barbosa do LPM e Al� Villanoeva, do Pe�a Rara, para uma conversa sobre second hand, como apoio do projeto Moda Brech�/Sebrae-MG.
As tr�s primeiras trabalham em um nicho espec�fico do mercado do luxo: j� o Pe�a Rara fica em um gap intermedi�rio entre a classe m�dia e a alta. O neg�cio, que � uma franquia nacional em expans�o, funciona apenas em bairros da zona sul de Belo Horizonte. Al� det�m o endere�o do bairro Gutierrez e j� se prepara para abrir outra unidade no bairro Belvedere, onde, por sinal, se localizam o DuAcervo e o Nobz, cuja especialidade s�o bolsas de marcas.
B�rbara Porto, que vem de fam�lia abastada, foi uma das primeiras a acreditar que o second hand de luxo podia dar rock, abrindo uma sala, no bairro de Lourdes. O empreendimento mostrou que ela estava na rota certa, o que possibilitou que fosse al�m e investisse em um projeto arquitet�nico arrojado no Belvedere, no mesmo conceito: acess�rios e roupas de marcas internacionais est�o em evid�ncia no seu acervo. Mas a empres�ria quer mais: seu sonho � atingir tamb�m p�blicos mais populares, cercando todo o ciclo da moda circular.
Lara Barreira, por sua vez, acreditou no infantil. A experi�ncia de ser m�e, a compra constante de roupinhas seguindo o crescimento do filho, fez com que tirasse a ideia do papel. Da� que as mam�es que desejam um guarda-roupa de primeira qualidade e bom gosto para suas crian�as podem contar com pe�as muito interessantes garimpadas por ela, segundo a sua curadoria.