Depois do susto e medo na noite de s�bado com o abalo s�smico de 3,2 graus na Escala Richter, que obrigou parte da popula��o a sair para as ruas, moradores de Montes Claros, no Norte de Minas, temem novos tremores de terra, o que n�o � descartado pelo Observat�rio Sismol�gico da Universidade de Bras�lia (UnB), devido ao “hist�rico de sismicidade” da regi�o. Esse foi o sexto e o maior abalo na cidade nos �ltimos 15 meses.
O observat�rio da UnB confirmou que o tremor de terra sentido em Montes Claros ocorreu �s 20h29 de s�bado. N�o houve registro de v�timas ou danos materiais em casas e pr�dios, mas os moradores se assustaram ao ouvir um estrondo, antes de a terra tremer. Muita gente saiu de casa com medo de desabamentos. O fen�meno foi o principal assunto no domingo em toda a cidade.
O chefe do Observat�rio Sismol�gico da UnB, Lucas Vieira Barros, lembra que j� foram registrados outros tremores na cidade, o que indica a exist�ncia na regi�o de uma fenda geol�gica, ou seja, uma “fonte sismog�nica” causadora dos abalos. Barros salienta que ser� necess�ria a instala��o de uma esta��o sismogr�fica em Montes Claros, para estudar detalhadamente a extens�o da fenda geol�gica e a possibilidade de outros abalos.
Nos �ltimos 15 meses, foram registrados cinco tremores na cidade, dois deles em 16 de setembro (de 2,7 e 2,3 de magnitude). Os outros tr�s ocorreram em 15 de dezembro de 2009 (2,3 graus), 29 de dezembro de 2009 (2,1 graus) e 8 de janeiro de 2010 (1,8 grau). “H� necessidade da instala��o da esta��o da sismogr�fica na regi�o de Montes Claros, com o objetivo de registrar os microtremores que s�o percebidos pela popula��o.
Preven��o
O mapeamento dos abalos vai determinar as dimens�es f�sicas da falha geol�gica. “A partir do momento em que for conhecida a extens�o da falha, ser� poss�vel levantar a magnitude m�xima de outros tremores que poder�o ocorrer na cidade e recomendar as medidas preventivas, como constru��es mais resistentes”, relata Barros, que tamb�m admitiu a possibilidade de a intensidade dos sismos aumentar ao longo do tempo, “embora pouco prov�vel”.
O especialista ressalta que n�o � poss�vel para a ci�ncia prever os terremotos, nem quando eles dever�o ocorrer. “Infelizmente, mesmo que fossem previs�veis, os tremores seriam inevit�veis. O que temos de fazer � levantar as caracter�sticas das fontes sismog�nicas. E, no caso de Montes Claros, existe uma fonte sismog�nica”, ressalta o chefe do Observat�rio Sismol�gico da UnB.
Ele lembra que n�o � poss�vel prever data ou hora de um tremor porque se trata de um fen�meno natural relacionado com acomoda��es no subsolo e com a pr�pria energia da Terra. “Os sismos ocorrem quando a Terra libera energia acumulada ao longo de muitos anos. Muitas vezes, depois de um sismo inicia-se um novo ciclo de ac�mulo de energia”, explica o professor Lucas Vieira Barros.
Fim dos tempos
Ainda conforme o chefe do Observat�rio da UnB, o tremor de 3,2 graus n�o teve piores consequ�ncias porque um sismo dessa magnitude n�o seria capaz de produzir danos. Por�m, o fen�meno provocou muito susto entre os moradores nas diversas partes da cidade. Foi o caso da dona de casa Ant�nia Fernandes Farias, moradora do Bairro Carmelo. “Estava assistindo � televis�o e, de repente, vi o sof� balan�ar. Todo mundo saiu para a rua. Foi r�pido, mas fiquei muita assustada”, conta Ant�nia.
O fen�meno tamb�m assustou as vizinhas Maria Zileide Ferreira e Donat�lia Ferreira Gomes, que moram no Bairro Monte Carmelo. “Estava na porta da rua quando vi as janelas serem sacudidas”, conta Maria Zileide. J� Donat�lia relata que estava no segundo pavimento da casa quando sentiu a terra tremer. Domingo � tarde, as duas amigas conversavam sobre o assunto, sentadas no passeio.
Mas, a preocupa��o delas era em rela��o �s causas do abalo. “Ouvi dizer hoje na padaria que o tremor de terra � o sinal do fim dos tempos, escrito na Biblia. Acho que pode ter mesmo, pois estamos vivendo um mundo de muita viol�ncia e de falta de respeito �s fam�lias”, disse Maria Zileide. J� o t�cnico em meio ambiente Jos� Ponciano Neto acredita que o que vem provocando os abalos no Norte de Minas � “a depressuriza��o do subsolo” devido � abertura descontrolada de po�os tubulares na regi�o.