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Estado de Minas ENTERRO COM DOIS S�CULOS DE ATRASO

Ouro Preto recebe restos mortais de inconfidentes que morreram na �frica


postado em 03/04/2011 07:15 / atualizado em 03/04/2011 07:27

As comemora��es do pr�ximo dia 21 em Ouro Preto, na Regi�o Central, prometem ter, este ano, uma cerim�nia ainda mais emocionante do que as habituais que reverenciam a mem�ria dos her�is da Inconfid�ncia Mineira (ou Conjura��o Mineira) e de Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792).

De acordo com informa��es obtidas com exclusividade pelo Estado de Minas e ainda guardadas a sete chaves por autoridades federais, o Museu da Inconfid�ncia, vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus/Minist�rio da Cultura (Ibram/MinC) e localizado no Centro Hist�rico da cidade, vai receber, com um atraso de oito d�cadas, os restos mortais de tr�s integrantes do movimento libert�rio, que foi reprimido em 1789 por ordem da rainha de Portugal, dona Maria I, a Louca. Na ter�a-feira, a dire��o do Ibram vai se reunir com o diretor do Museu da Inconfid�ncia, Rui Mour�o, para tratar dos detalhes da homenagem, que dever� contar com a presen�a da presidente Dilma Rousseff.

Os restos mortais que v�o permanecer no Pante�o, no primeiro andar do Museu da Inconfid�ncia, seriam dos inconfidentes Domingos Vidal Barbosa Lage, Jos� de Resende Costa e Jo�o Dias da Mota, mortos no degredo, em fins do s�culo 18, na �frica. Com mais de dois s�culos de atraso, eles ganhar�o o �ltimo repouso na sala que guarda, desde 1942, as l�pides de Alvarenga Peixoto, Tom�s Ant�nio Gonzaga, Jo�o da Costa Rodrigues, Francisco Ant�nio de Oliveira Lopes, Salvador Carvalho do Amaral Gurgel, Vitoriano Gon�alves Veloso, �lvares Maciel, Francisco de Paula Freire de Andrada, Domingos de Abreu Vieira, Luiz Vaz de Toledo Piza, Jos� Aires Gomes, Ant�nio de Oliveira Lopes e Vicente Oliveira da Mota. No local, uma l�pide vazia homenageia os que n�o vieram para o Pante�o, lacuna que ser� preenchida agora.

Na sala ao lado do Pante�o podem ser vistos o rel�gio de Tiradentes, o botic�o de madeira e metal que usava para extrair dentes, o livro com a senten�a de sua morte e as pe�as da forca usada no seu supl�cio. Ainda para reverenciar a mem�ria do her�i, que morreu enforcado no Rio de Janeiro, tr�s anos depois do levante na Capitania de Minas (1789), e teve o corpo esquartejado, h� uma est�tua na pra�a central de Ouro Preto com o seu nome.

Um dos mist�rios envolvendo a figura do m�rtir da Inconfid�ncia � que a sua cabe�a desapareceu e jamais foi encontrada. Tampouco h� informa��es sobre outras partes do corpo, desmembrado a mando de seus algozes. A imagem do homem barbudo e cabeludo, vestindo uma t�nica branca, foi idealizada em 1890, um ano depois da proclama��o da Rep�blica. Tornava-se, assim, um s�mbolo do sacrif�cio pela p�tria, numa evoca��o, com poucos retoques, da figura de Jesus Cristo. A representa��o resistiu ao tempo, chegou ao topo dos monumentos, �s p�ginas dos livros e at� as c�dulas de dinheiro. Outro quadro, desta vez ilustrativo do auge da juventude, traz Tiradentes nos seus trajes de alferes.

Acordo Na d�cada de 1930, os governos brasileiro e portugu�s fizeram um acordo para o traslado dos corpos dos inconfidentes. Um dos personagens dessa negocia��o foi o advogado, jornalista e historiador mineiro Ant�nio Augusto de Lima J�nior (1889-1970), filho do pol�tico e jurista Augusto de Lima. Em 1936, ele foi encarregado pelo governo Getulio Vargas de providenciar a remo��o para o Brasil dos restos dos her�is exumados na �frica.

Por�m, os ossos de Domingos Vidal Barbosa Lage, Jos� de Rezende Costa e Jo�o Dias da Mota ficaram de fora, aguardando identifica��o. Na mesma d�cada, foram trazidos para o Brasil e levados para Ouro Preto. Somente em 1994, os restos dos tr�s corpos foram encaminhados para a unidade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em Piracicaba, para pesquisas. Por l� ficaram durante 17 anos. Os estudos, incluindo reconstitui��o facial – processo semelhante ao que foi submetido o f�ssil de Luzia, que vivera h� mais de 10 mil anos e ficou conhecida como a primeira brasileira –, ficou a cargo do professor e m�dico Eduardo Daruge, da Unicamp.

H� duas semanas, o EM conversou, por telefone, com Daruge, mas ele n�o quis falar sem autoriza��o do diretor do Museu da Inconfid�ncia. Disse apenas que o estava esperando em Piracicaba. A informa��o obtida extraoficialmente � de que os restos mortais j� estariam em Ouro Preto, apenas aguardando o sinal verde do Ibram para divulga��o. Na tarde de sexta-feira foi feito contato com a dire��o do Ibram, em Bras�lia (DF), mas assessores informaram que n�o h� informa��es dispon�veis para divulga��o. Em Ouro Preto, tamb�m reina o sil�ncio.

Trajet�rias Domingos Vidal Barbosa Lage (1761-1793), irm�o do brigadeiro Jos� Vidal, obteve comuta��o da pena de morte e ficou exilado na Ilha de S�o Tiago do Cabo Verde, onde morreu oito meses depois de sua chegada ao degredo. Jos� de Resende Costa, que d� nome a uma cidade da Regi�o do Campo das Vertentes, era capit�o de mil�cias e grande propriet�rio rural no vale do Rio das Mortes, enquanto Jo�o Dias da Mota, al�m de capit�o de cavalaria, era propriet�rio de terras em Congonhas. Condenados como os demais integrantes da conjura��o, finalmente os her�is devem ganhar seu lugar no Pante�o da Inconfid�ncia.


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