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Estado de Minas A SALVA��O DE UMA SANTA

Restauradores enfrentam desafio de recuperar imagem de Santana


postado em 15/05/2011 08:18

Técnicos informam que a peça histórica, tombada em 1997, está em estado crítico, mas asseguram que ela será totalmente restaurada(foto: Iepha/MG/Divulgação )
T�cnicos informam que a pe�a hist�rica, tombada em 1997, est� em estado cr�tico, mas asseguram que ela ser� totalmente restaurada (foto: Iepha/MG/Divulga��o )

Tudo – mas tudo mesmo – que n�o se deve fazer com uma pe�a sacra, em casa ou nas igrejas, est� estampado numa imagem do s�culo 19 rec�m-chegada ao ateli� do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha/MG), em Belo Horizonte. De cedro e com 80 cent�metros de altura, a Santana, proveniente da Matriz de S�o Jos� das Tr�s Ilhas, em Belmiro Braga, na Zona da Mata, foi alvo, ao longo de uma d�cada, de abandono associado � a��o do calor, umidade, luz solar, ataque de cupins e outros fatores de risco. O resultado foi devastador para a estrutura do objeto de devo��o, que apresenta interior praticamente oco, perdas na madeira e policromia e face desfigurada. Mesmo com tantos problemas, a boa not�cia � que h� “salva��o” para a escultura, diz a gerente de Elementos Art�sticos da institui��o, Yukie Watanabe, certa de estar, com a sua equipe, diante de um grande desafio para recuperar o bem cultural tombado desde 1997.

A Santana � a pe�a que chegou, at� hoje, em piores condi��es ao ateli� do Iepha, na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul da capital. Yukie conta que, pela urg�ncia, ela ser� restaurada com recursos do instituto, devendo retornar ao local de origem no prazo de seis meses. Desde que a imagem foi encontrada num quartinho da igreja com o restante do acervo, os restauradores empreenderam uma opera��o especial para evitar desgastes do suporte. “� como se estivesse em estado terminal, com degrada��o cr�nica. N�o poderemos retirar nem os excrementos de insetos para a estrutura n�o ruir. Foi milagre continuar de p�, j� que os insetos s� n�o destru�ram a policromia e a base de prepara��o feita de massa de carbonato de c�lcio”, destaca a gerente. De imediato, na igreja, foram tomados os primeiros cuidados, caso da higieniza��o e desinfesta��o para exterminar cupins.

Em dezembro, durante uma vistoria, a restauradora Maria Caldeira esteve em Belmiro Braga e ficou surpresa ao ver a beleza em estilo neocl�ssico da imagem e “horrorizada” ao encontr�-la ao lado de uma janela, num c�modo tomado por teias de aranha, fezes de p�ssaros e at� uma maritaca morta. Com autoriza��o da Secretaria Cultura local e da Arquidiocese de Juiz de Fora, � qual a matriz est� vinculada, a pe�a foi transferida para BH. “Eram tantas as galerias abertas pelos insetos na madeira, que fomos obrigados a fazer rolinhos de algod�o e preench�-las. Para transportar, formamos um for�a-tarefa e acondicionamos a imagem numa caixa ”, diz a restauradora. Ao manusear a seringa e injetar, com precis�o cir�rgica, produtos qu�micos na madeira, Maria diz que s� de ter sa�do do quartinho j� foi “um ganho” para a pe�a.

Cuidados para preservar

A gerente de Elementos Art�sticos n�o responsabiliza a comunidade de Tr�s Ilhas pelos estragos causados � Santana e a outros cinco objetos de f�, que tamb�m vieram para o ateli� e ser�o restaurados com recursos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). “Muitas vezes, as pessoas p�em o santo num quartinho na inten��o de guard�-lo, mas, por falta de informa��o, n�o o fazem de forma adequada. Por ficar perto da janela, a Santana esteve exposta, durante 10 anos, conforme o relato de moradores, � luminosidade, calor, umidade, fungos e a��o silenciosa de insetos. Queremos que todos de Belmiro Braga acompanhem o servi�o conduzido aqui no Iepha, pois se trata de um patrim�nio cultural da cidade que merece ser preservado.”

De uma caixa de ovos, Yukie retira, com uma pin�a, fragmentos que se desprenderam da face da Santana. “O nosso objetivo � manter o m�ximo poss�vel a originalidade da pe�a, sem transform�-la em outra. � preciso que a comunidade a reconhe�a na volta. Por sorte, n�o houve qualquer interven��o que interferisse na escultura e pudesse dificultar os procedimentos que agora come�am”, afirma. Olhando a imagem, ao lado das restauradoras Maria Caldeira e Anamaria Camargos, a gerente sabe que tem pela frente uma miss�o �rdua e delicada. “Com o tempo, iremos tra�ando as etapas de restaura��o, pois, desta vez, o processo ainda n�o p�de ser definido, tal a degrada��o. Vamos fazer muitos testes, para diagnosticar a melhor t�cnica a ser empregada”, afirma. A Santana traz a m�o no peito e est� acompanhada de uma menina (45cm de altura), ambas carregando uma faixa com os 10 mandamentos.

No dia a dia, h� provid�ncias simples (ver quadro) que garantem a conserva��o de pe�as (de madeira, gesso, cer�mica, barro cozido, marfim, tecido encolado ou pedra) e evitam um eventual restauro, que, por mais id�neo que seja, diz a gerente, gera interfer�ncia. “O melhor caminho � fazer o acompanhamento do objeto e do local no qual ele se encontra, n�o deixando o acervo abandonado em arm�rios ou, no caso de institui��es, em reservas t�cnicas. “Limpeza tamb�m � fundamental”, afirma.

Trabalho de especialista

A restaura��o de uma pe�a sacra, obra de arte e acervos de relev�ncia deve ser executada sempre por um profissional com experi�ncia. Dependendo das condi��es, o trabalho pode durar meses, pois as etapas minuciosas demandam tempo, paci�ncia e muita t�cnica (ver o quadro). De modo geral, o servi�o come�a com a desinfesta��o, passa pela consolida��o do suporte usando-se inje��o de resina acr�lica e inclui o refor�o da estrutura prejudicada. Na sequ�ncia, vem o nivelamento da superf�cie e, finalmente, a apresenta��o est�tica. “No restauro, cada caso � �nico, e os procedimento s�o sempre adequados ao diagn�stico”, diz Yukie.

De acordo com informa��es, o Iepha j� tem o projeto de restauro para a Matriz de S�o Jos� das Tr�s Ilhas, faltando recursos para execut�-lo. Pelas pesquisas, a igreja foi constru�da a partir de projeto do arquiteto Quintiliano Nery Ribeiro, que atuou em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A obra ficou a cargo do mestre-pedreiro portugu�s Manoel Joaquim Rodrigues. O assentamento da pedra fundamental se deu em 1º de agosto de 1880. Em maio de 1886 foi celebrada a primeira missa. O pr�dio passou por grande reforma em 1945, quando o antigo forro em estuque da nave foi substitu�do pelo atual em madeira e foram criadas as pinturas decorativas na parede da nave, al�m de obras na capela-mor.

Cinco passos do restauro

1)Exame minucioso da condi��o da pe�a, com limpeza superficial, diagn�stico e desinfesta��o para exterm�nio de cupins e outros insetos xil�fagos
2) Revis�o estrutural, na qual se avalia as condi��es do suporte (madeira, terracota etc.) da obra
3) Higieniza��o mais elaborada
4) Nivelamento, feito com uma esp�tula na superf�cie das �reas de perda
5) Apresenta��o est�tica, com posterior aplica��o de uma camada de verniz para proteger

Fonte: Iepha/MG – As fotos s�o de v�rias pe�as e feitas em per�odos diversos

Cuidado m�ximo

>> Ficar sempre de olho no objeto e no lugar no qual ele est�

>> Evitar incid�ncia direta de luz, calor e fontes de umidade (janelas, pias, torneiras, tubula��es hidr�ulicas etc.)

>> N�o deixar as pe�as abandonadas em arm�rios ou, no caso de institui��es, em reservas t�cnicas de acervo. Salas escondidas s�o outro perigo, pois impedem que o propriet�rio detecte a a��o de cupins, pequenos roedores, morcegos e p�ssaros ( excrementos �cidos dos animais corroem a pintura)

>> Evitar deixar as pe�as em locais de muita circula��o de pessoas, caso de borda de mesas, para impedir impactos e quedas
Manter as obras sempre limpas, usando espanador de penas macias ou pano seco tamb�m macio

>> Se a pe�a soltar policromia, � sinal de ataque de insetos xil�fagos ou degrada��o. Procurar um especialista para avaliar o dano e indicar o melhor procedimento

>> N�o molhar e n�o ficar manuseando muito o objeto

>> Flores atraem insetos, ent�o � bom mant�-las afastadas da pe�a

Fonte: Iepha/MG

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