
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e comitiva participam nesta ter�a-feira, em Bras�lia, de reuni�es estrat�gicas para andamento de importantes obras na capital para a Copa’2014. �s 14h, ele se encontra com o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Ant�nio Pagot, e representantes da Superintend�ncia de Patrim�nio da Uni�o (SPU) para tratar da desapropria��o das fam�lias que moram �s margens do Anel Rodovi�rio, investimento estimado em R$ 295 milh�es. A remo��o faz parte da revitaliza��o do corredor de tr�nsito mais movimentado de BH. Marcio Lacerda quer que as obras comecem pela Pra�a S�o Vicente, no Bairro Padre Eust�quio, na Regi�o Noroeste.
Em seguida, ele se juntar� aos prefeitos das demais 11 cidades sedes da Copa e governadores dos respectivos estados para “prestar contas” � presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o cronograma de obras voltadas para o Mundial, como a reforma do Mineir�o e a estrutura��o de avenidas para a cria��o de rotas de Bus Rapid Transit (BRT). Marcio Lacerda estar� acompanhado do presidente da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Claudius Vinicius Leite, do secret�rio municipal de Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares, do procurador-geral do munic�pio, Marco Ant�nio Rezende Teixeira, do presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, e do presidente do Comit� Executivo da Copa em BH, Tiago Lacerda.
Em entrevista ao Estado de Minas, o prefeito fala sobre outros projetos para a cidade e obras j� iniciadas, como a revitaliza��o da Savassi. Ele reconhece o impacto negativo na regi�o e o preju�zo causado aos comerciantes, mas promete fiscalizar o andamento das interven��es, para que elas sejam conclu�das em novembro, na data prevista. O prefeito tamb�m faz um apelo � popula��o, para que BH consiga reduzir uma das principais mazelas: “� preciso que as pessoas n�o distribuam comida para os moradores de rua, pois eles s�o cadastrados e recebem um cart�o da prefeitura que d� direito a alimenta��o gratuita nos restaurantes populares. Eles n�o est�o passando fome.”
Entrevista/Marcio Lacerda
Trincheira � proposta para o Portal Sul
Em entrevista, Marcio Lacerda revela que a prefeitura n�o vai tolerar atraso nas obras da Savassi, j� tem R$ 2,2 milh�es para as obras do Portal Sul e que j� h� terreno para assentar fam�lias retiradas das margens do Anel Rodovi�rio. Segundo ele, a Pampulha vai contar com tr�s eixos de interven��es.
Portal Sul
“Discutimos essa obra com as associa��es de Nova Lima e do Belvedere (Centro-Sul de BH), com a presen�a do Minist�rio P�blico. Contei para eles que me reuni, em meados de 2009, com a Associa��o dos Empreendedores do Vale do Sereno e desafiei o presidente da institui��o a reunir seus filiados, para que cada um d� R$ 500 mil para fazer a trincheira. Dois meses depois, houve outra reuni�o no Dnit, em que coloquei p�blico esse desafio. N�o aconteceu nada. Dizem que a trincheira custa R$ 10 milh�es. Naturalmente h� um projeto que o Dnit fez e n�s (Sudecap e BHTrans) vamos ajudar no processo. H� R$ 3 milh�es depositados (de contrapartida de um shopping da regi�o) e eles ofereceram R$ 800 mil para estudarmos outras op��es. Dissemos que j� estamos pagando uma consultoria para estudar o Complexo Sul e os R$ 800 mil ficariam reservados para detalharmos mais esses projetos. Ent�o, h� R$ 2,2 milh�es e faltariam R$ 7,4 milh�es. Parece que h� uma solu��o � vista: voc� vem de Nova Lima, passa por baixo e sai antes do shopping. N�o h� de concreto a participa��o dos empres�rios para chegar aos R$ 10 milh�es.”
Obras na Savassi
"O problema de fazer a obra em m�dulos (como querem os comerciantes, para reduzir o impacto) � que ela vai demorar muito mais, ficando pronta s� em 2013, 2014. Seria um arrastar intermin�vel de obras na regi�o. Essa demanda ainda n�o chegou � prefeitura. Vamos aguardar. O que vier, a gente avalia. Mas isso aumentaria o custo, porque diminui a escala. Estamos falando em cinco meses com perturba��o ao tr�nsito. Toda obra tem muito impacto. Na realidade, a da Savassi j� est� sendo em m�dulos. Voc� n�o est� atacando todas as ruas ao mesmo tempo. Se voc� olhar o canteiro da empreiteira, vai achar a planta com as etapas bem explicadas. N�o queremos que atrase. � uma obra de impacto, mas n�o complexa, de grande porte. Teremos de acompanhar, quinzena a quinzena, m�s a m�s, para ver se o cronograma est� sendo cumprido. Se n�o tiver, vamos exigir que o empreiteiro coloque mais recursos naquela etapa. � importante que o prazo seja cumprido. Ali�s, temos muita coisa a fazer antes do per�odo da chuva. Em dezembro � dific�limo trabalhar. Sei do tamanho do problema, para quem faz a obra e para os comerciantes. Mas toda obra provoca queda de vendas. Isso � inevit�vel. � importante o recado para que a obra n�o atrase e vou acompanhar esse cronograma, pessoalmente, como fa�o com todas as grandes obras, a exemplo da Avenida Pedro I.”
Lagoa da Pampulha
“Temos tr�s eixos de interven��o. Grande quantidade de esgoto ainda � despejada em c�rregos que des�guam na Pampulha. Mais ou menos 85% v�m de Contagem e 15% de BH. Obras est�o sendo feitas, mas ainda falta muita coisa. O canal do C�rrego Ressaca est� sendo alargado, com investimentos de R$ 40 milh�es da PBH, para evitar transbordamentos. H� um ano e meio, n�s e a Prefeitura de Contagem nos reunimos com a Copasa, que calculou custo de mais ou menos R$ 120 milh�es para fazer toda a capta��o de esgoto e conduzi-lo para as esta��es de tratamento. O que ficaria remanescente seria uma polui��o difusa, algum esgoto lan�ado em galeria pluvial, mas n�o haveria lan�amento direto de esgoto canalizado, como hoje. A Copasa conseguiu R$ 80 milh�es, dos R$ 120 milh�es, no Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) do Saneamento, e a empresa afirma que entrega tudo no in�cio de 2013. Ela colocaria os outros R$ 40 milh�es. O que estamos planejando? Enquanto isso, preparamos um edital para o desassoreamento, retirar 500 mil metros c�bicos de terra e lama que os c�rregos trouxeram para a barragem nos �ltimos anos. Isso pode custar de R$ 60 a R$ 80 milh�es. Voc� pode calcular R$ 20 milh�es por ano para desassorear a lagoa. Se voc� fizer uma barragem na natureza mais selvagem, que n�o tem nem gente vivendo l�, daqui a 50 anos, se ela n�o for muito funda, estar� quase completamente assoreada. Na Pampulha, isso � muito agravado, pois n�o h� fiscaliza��o correta, n�o existe licenciamento ambiental correto das condi��es das obras. Quando, em 2013, o desassoreamento estiver no seu fim e o esgoto estiver captado, a barragem continuar� suja, pois leva um tempo para reciclar. Teremos que fazer um ataque bioqu�mico para melhorar a qualidade da �gua. Fizemos um chamamento de empresas que t�m essa tecnologia. Voc� trata a �gua no lugar onde ela est�. Quanto vai custar isso? Ainda n�o sabemos. No mais tardar, na Copa, queremos a Lagoa da Pampulha no n�vel 3, para pesca e esportes n�uticos sem muito contato com a �gua. Ainda n�o ser� para banhistas, que � o n�vel 2.”
Moradores de rua
“No ano passado, fizemos um semin�rio e convidamos todos os �rg�os e ONGs envolvidos com essa quest�o para uma reflex�o em torno do assunto. Belo Horizonte tem uma tradi��o de tratar bem o morador de rua, o que � reconhecido pelos �rg�os governamentais, tanto que criaram no Barro Preto um Centro Nacional de Refer�ncia dos Direitos dos Moradores de Rua e dos Catadores. Pensei em alinhar os conceitos e procedimentos com todo mundo, para ver se a gente chegava a um denominador comum. Foi criado internamente na prefeitura um comit� de acompanhamento, formado por v�rios �rg�os. Foi discutida, por exemplo, a distribui��o de comida para esse pessoal nas ruas. �s vezes, isso gera problema. � preciso uma campanha para que n�o distribuam comida. O morador de rua cadastrado recebe um cart�o da prefeitura que d� direito a comida gratuita nos restaurantes populares. H� algumas centenas nesse modelo. Montamos esquema para atend�-los no fim de semana. N�o precisa de ningu�m dar comida, eles n�o est�o passando fome. T�m caf� da manh�, almo�o e sopa � noite. O morador de rua pode procurar o centro de refer�ncia dele. Al�m disso, criamos um crit�rio em que o morador de rua n�o pode se estabelecer na via. Ele pode, no m�ximo, ficar com o cobertor. A prefeitura tem a obriga��o e o direito de recolher todos os utens�lios que ele estiver carregando. A prefeitura n�o pode arrastar a pessoa do local. O que a gente faz � um trabalho de inclus�o ou de localiza��o da fam�lia, na cidade de origem. A �rea social da prefeitura alega que os mesmos 1,2 mil moradores de rua que existiam na cidade, em 2005, continuam a�. Vamos fazer um censo em breve para confirmar isso. Eles sa�ram do Centro e se espalharam um pouco mais. Estamos dando at� Bolsa Moradia, alugando uma casa e acompanhando a pessoa. H� um centro de sa�de municipal (na regi�o hospitalar) que � refer�ncia no atendimento aos moradores de rua.”
Anel Rodovi�rio
“O Dnit est� prestes a publicar o edital da primeira etapa de revitaliza��o do Anel, onde est� compreendida a duplica��o de sete dos 26 quil�metros da rodovia. V�o mexer em todos os cruzamentos e isso significa duplicar viadutos, fazer al�a onde n�o tem, como � o caso da Via Expressa. S� n�o v�o mexer nos cruzamentos da BR-040, na sa�da para Bras�lia, com a Avenida Amazonas e o acesso � nova rodovi�ria, no S�o Gabriel. A Pra�a S�o Vicente est� inclu�da. Quando demos o licenciamento ambiental para essa obra, colocamos a condicionante de que a PBH vai definir as prioridades de interven��o. Quando forem come�ar essa obra, vamos discutir o cronograma com eles. Eu quero que a Pra�a S�o Vicente seja a primeira. Amanh� (hoje), em Bras�lia, teremos reuni�o com o Dnit sobre a remo��o das pessoas que ter�o que sair em fun��o da obra. Miramos um terreno ao lado da linha da esta��o S�o Gabriel para realocar as fam�lias.”
Detectores nas escolas
“A Secretaria Municipal de Educa��o vai reunir todos os diretores de escolas, n�o apenas as com mais de 500 alunos, para discutir o assunto. A decis�o do prefeito ser� em fun��o dessa avalia��o. A escola n�o � como um pr�dio, com uma �nica porta. Ela � cercada de muro ou de tela. Introduzir uma arma ali � muito f�cil. Os detectores v�o criar uma fila na porta, um estresse a mais para um risco que � baix�ssimo.”