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Estado de Minas

Veterin�rio de BH recolhe animais salvos do tr�fico

Credenciado pelo ibama, m�dico-veterin�rio de bh acolhe bichos tomados de traficantes ou feridos e sonha com a constru��o em Minas do maior abrigo para animais do mundo


24/07/2011 07:37

Não podemos nos preocupar com a discriminação apenas pela cor da pele, mas, também, pelo tipo da pele. Não pode importar se tem pelo, casca ou escama. É preciso considerar direitos iguais à sobrevivência - Leonardo Maciel
N�o podemos nos preocupar com a discrimina��o apenas pela cor da pele, mas, tamb�m, pelo tipo da pele. N�o pode importar se tem pelo, casca ou escama. � preciso considerar direitos iguais � sobreviv�ncia - Leonardo Maciel (foto: Fotos: Euler J�nior/EM/D.A Press)

Pudesse salvar vidas num dil�vio, o m�dico-veterin�rio Leonardo Maciel Andrade, de 46 anos, como No�, n�o deixaria para tr�s os animais. S�o quase 200 em seu hospital 24 horas, na Pampulha, com espa�o e acomoda��es para bem menos da metade. A superpopula��o de bichos de toda natureza – da qual fazem parte 12 baratas de Madagascar e um drag�o-barbudo da Austr�lia – j� tomou conta at� da sala do doutor. S�o tamandu�s, jaguatiricas, raposas, macacos, serpentes, gamb�s, porcos-espinhos, gavi�es, tucanos, papagaios, corujas e um urubu. Em cada c�modo do casar�o, com barrac�o de fundos com gatos, pombos e cachorros, uma surpresa aos visitantes. “Olha, tem mais este”, diz o doutor, trazendo na palma da m�o um filhote de beija-flor com pouco mais de dois cent�metros. “Chegou aqui trazido por particular. Estava no ninho, debaixo da m�e morta”, conta, alimentando o pequeno �rf�o com microssonda. J� virou rotina. Pessoas de bom cora��o, que conhecem o trabalho volunt�rio de Leonardo, volta e meia est�o � sua porta com algum bichinho ferido. Mas a grande maioria dos socorridos � trazida pela pol�cia, resultado de batalha sem fim contra o tr�fico e pelo resgate dos acidentados.

Leonardo Maciel � credenciado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) para trabalhar – sem qualquer remunera��o – pela prote��o dos animais. Miss�o levada muito a s�rio, custeada por recursos gerados pelos servi�os prestados a particulares. O m�dico, presidente da organiza��o n�o governamental (ONG) Associa��o Bichos Gerais, tem encabe�ado projeto para criar em Minas, j� a partir do pr�ximo ano, o maior centro de recolhimento e tratamento de animais do mundo. O projeto prev� constru��o de abrigo no Parque Fern�o Dias para 12 mil animais e re�ne esfor�os do Minist�rio P�blico, do Ibama, da Pol�cia Militar de Minas Gerais, de volunt�rios e de algumas empresas privadas, al�m de apoio da World Society for the Protect of Animal (WSPA). O doutor acredita que a iniciativa vai ajudar a diminuir o sofrimento de muitas esp�cies, que tendem a desaparecer com a a��o predat�ria do homem.

Filhote órfão recebe cuidados especiais nas mãos do doutor Leonardo
Filhote �rf�o recebe cuidados especiais nas m�os do doutor Leonardo (foto: Fotos: Euler J�nior/EM/D.A Press)
A falta de limites � tamanha que uma das brincadeiras mais comuns da inf�ncia dos humanos � a principal causa de mutila��o das aves. As linhas usadas para empinar pipas e papagaios, quando n�o levam � morte, provocam danos irrevers�veis a muitas esp�cies. “Cerca de 80% das aves acidentadas s�o v�timas da linha de pipa. E isso n�o tem nada a ver com cerol. � a linha, simplesmente. Embolada nas �rvores, se torna uma grande armadilha. Pretendemos, com a inaugura��o do Centro de Conserva��o da Fauna e Educa��o Ambiental, lan�ar uma grande campanha contra essa brincadeira. Assim como os bal�es provocam inc�ndios e destroem as matas, a linha de pipa destr�i as aves”, alerta.

Tr�fico Depois das drogas e das armas est�o os animais. � o terceiro maior mercado ilegal do planeta. E Minas Gerais � rota do tr�fico de esp�cimes silvestres, que seguem para os Estados Unidos e para a Europa. Por ano, segundo Leonardo, s�o apreendidos 16 mil animais s� em Belo Horizonte e regi�o metropolitana. “Em outras capitais, n�o passam de 6 mil apreens�es. H� um trabalho muito bem feito pela Pol�cia Militar Ambiental de Minas Gerais, sem d�vida a mais eficiente do pa�s. Mas a legisla��o ambiental � muito fraca, n�o consegue conter o tr�fico. O traficante � preso, recebe uma multa impag�vel, � solto e volta a traficar”, denuncia.

Com um �nico criminoso foram apreendidos 40 papagaios. Muitos deles sem l�ngua, com doen�a provocada por maus-tratos. Situa��o que revolta o m�dico: “Pense bem, s�o jovens, n�o podem ser soltos porque n�o d�o conta de se alimentar. V�o ter que viver em m�dia 70 anos num cativeiro, comendo por meio de mamadeira”. Doutor Leonardo mostra fotografias que chocam: s�o aves e primatas transportados em tubos de PVC e garrafas PET. Imagens tristes, como a de um macaquinho apreendido, espremido dentro de uma garrafa t�rmica. Ou de inacredit�veis amontoados de ararinhas-azuis e de arajubas, esp�cies em extin��o mortas , documentadas pelo m�dico.

“Pela internet, hoje, voc� acha tudo”, diz Leonardo, se referindo aos animais ex�ticos comercializados por bandidos de todos os continentes. Os criminosos chegam a traficar ovos de insetos sob selos de postagens. “Os correios s�o muito usados pelo tr�fico”, revela. No hospital, sob cuidados especiais, est�o 12 baratas de Madagascar. “Foram deixadas por um an�nimo”, conta. H� ainda um drag�o-barbudo, vindo da Austr�lia. “� muito comum esse tipo de abandono”, diz. “A pessoa acha bonitinho, compra para ter em casa. Depois se cansa e se desfaz.”

Para o veterin�rio, o homem, maior de todos os predadores, continua bastante equivocado em rela��o �s outras esp�cies. “N�o podemos nos preocupar com a discrimina��o apenas pela cor da pele, mas, tamb�m, pelo tipo da pele. N�o pode importar se tem pelo, casca ou escama. � preciso considerar direitos iguais � sobreviv�ncia”, defende. Segundo o m�dico, vegetariano, n�o � porque o homem tem capacidade intelectual maior que pode continuar fazendo o que faz. Para essa vers�o moderna de No�, j� est� passando da hora de o bicho-homem repensar os valores da �tica, da vida e da liberdade.

Macaco Bugio
Em extin��o, s�o quatro sob os cuidados do ambientalista. A PM estourou dois cativeiros clandestinos na Regi�o Metropolitana de BH

Gar�a-branca
Perdeu metade de uma das asas em um acidente com linha de pesca. N�o pode ser solta porque n�o consegue mais voar

Jaguatirica
Ci�a veio de Bel�m do Par�. Foi criada desde filhote acorrentada a uma �rvore. Quando chegou ao hospital, desnutrida, n�o dava conta de ficar de p�

Tucanos
Nos �ltimos meses, 11 foram resgatados pelo Ibama e pela pol�cia. Sete voltaram a voar e ganharam a liberdade. Quatro n�o t�m condi��o de sobreviver por conta pr�pria

Corujas

Est�o entre as maiores v�timas das linhas de pipas. Tamb�m chegaram ao abrigo levadas pela pol�cia. Acidentam-se tamb�m em colis�es com vidros e antenas

Papagaios
S�o 52, v�rios deles tomados das m�os de traficantes. Alguns, assim que recuperados, ser�o soltos. Estes cinco, sem l�ngua, v�o passar o resto da vida em cativeiro

Mico-estrela
Pai, m�e e filhos est�o para ganhar a liberdade. Lugares de prote��o ambiental est�o sendo examinados para a soltura da fam�lia, resgatada pela pol�cia

Tamandu�-bandeira

S�o quatro. Este � o Z� Colm�ia, filhote que ainda se alimenta por mamadeira. Trazido pelo Ibama, faz parte de um projeto de pesquisa por monitoramento


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