Belo Horizonte vem sofrendo com a multiplica��o de ratos. A infesta��o se tornou um problema maior nos �ltimos cinco anos, segundo especialistas, quando a cidade virou canteiro de obras vi�rias. O crescimento do poder aquisitivo da popula��o, com maior consumo de alimentos e desperd�cio, � outro fator relacionado � prolifera��o. Os roedores s�o amea�a � sa�de e a setores da economia, principalmente o de alimentos.
“As obras na cidade, como saneamento, e o aumento da produ��o de lixo podem contribuir com o aumento de ratos. Estamos vivendo uma �poca de mais desperd�cios. O pessoal est� comprando mais e produzindo mais lixo, o que torna o ambiente mais atrativo para os roedores”, avalia o engenheiro sanitarista e professor da PUC Minas Hiran Sartori.
A bi�loga Viviane Alves de Avelar � especialista em manejo integrado de pragas pela Universidade Federal de Lavras e confirma o aumento do n�mero de ratos em BH. “H� grande quantidade de obras pela cidade, e elas fazem com que sejam deslocados os roedores dessas �reas. Em princ�pio, eles estavam em galerias, nas caixas e nos ralos. O problema � maior nas grandes avenidas que sofreram grandes obras, como a Avenida Ant�nio Carlos e outras da Regi�o Centro-Sul da cidade”, diz a bi�loga.
A esp�cie mais assustadora e perigosa � a de ratazanas. “S�o extremamente bravas, arredias, e chegam a morder as pessoas. � muito grande, robusta, com um corpo bem avantajado e tem mesmo uma defesa de territ�rio muito grande. Apesar da sua agressividade, a ratazana � mais f�cil de controlar do que o rato preto, ou rato de telhado, que tem prefer�ncias alimentares criteriosas”, disse.
As ratazanas, segundo a bi�loga, t�m capacidade de nadar at� 800 metros no esgoto, sem respirar, e entram com facilidade nas casas pelos ralos e vasos sanit�rios. “O apartamento n�o precisa ser no t�rreo para isso acontecer. Elas conseguem subir at� no primeiro andar do pr�dio”, disse.
O perigo maior, segundo a bi�loga, s�o as doen�as que os ratos transmitem �s pessoas, cerca de 40, por meio do contato direto ou indireto do homem com o animal, e algumas podem levar � morte. “Principalmente agora, a partir de setembro, quando come�am as chuvas. H� grande enchentes e elas propiciam o que chamamos de dissemina��o de bact�rias. A leptospira, por exemplo, fica no rim do roedor e � eliminada pela urina. Quando h� uma enchente, e as pessoas t�m contato com essa �gua contaminada, pegam leptospirose”, alerta a bi�loga. O pelo do rato tamb�m tem �caros, fungos e at� um v�rus que pode matar. “Ainda n�o temos casos em BH, mas h� registro em cidades pr�ximas de pessoas que foram contaminadas pelo hantav�rus”, disse.
A presen�a de ratos mudou o comportamento de moradores de um pr�dio antigo da Rua Aimor�s, no Bairro Funcion�rios, Regi�o Centro-Sul de BH. Uma moradora, que n�o quer ser identificada, conta que foi atacada duas vezes por ratazanas. “Da primeira vez, a ratazana entrou pelo ralo do banheiro de empregada. Passei rapidamente pela cozinha e percebi que havia alguma coisa. Voltei para olhar de novo e a ratazana estava l�, enorme, com seus p�s roxos. Subi numa cadeira e meu irm�o saiu do Bairro de Lourdes para me ajudar”, disse. Outra vez, quando ela entrou no banheiro, a ratazana fugiu pelo vaso sanit�rio, por onde tinha entrado. “Desde ent�o, coloco vasos de plantas em cima dos ralos”, afirma.
Zoonoses
A gerente de Zoonoses da Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte, Silvana Brand�o, informou que o indicativo num�rico da diminui��o, aumento ou estabiliza��o da popula��o de ratos � feito com base em reclama��es dos moradores pelo telefone 156, de atendimento ao cidad�o. No primeiro semestre de 2009, a Zoonose recebeu 17.890 reclama��es contra roedores. No mesmo per�odo de 2010, foram 18.925 e, de janeiro a junho deste ano, 18.137.
A prolifera��o ou redu��o de ratos na cidade tem a ver com a oferta de abrigos e alimentos. “Para ter a presen�a do roedor s�o necess�rios alimentos, �gua e abrigo”, afirma. Os ratos aparecem mais, segundo ela, em �poca de chuvas, principalmente as torrenciais, quando as redes subterr�neas e margens de rios ficam alagados.
A popula��o, segundo Silvana, contribui para o surgimento de ratos. O lixo dom�stico � recolhido normalmente pela manh� e muita gente coloca o lixo na rua � noite, mal acondicionado. Em outras situa��es, as pessoas n�o recolhem ra��o de c�es e gatos dos quintais � noite e os ratos aparecem. A Zoonose tamb�m faz uso de raticidas. “Quando recebemos reclama��o, fazemos vistoria procurando identificar a esp�cie de rato, como ele est� acessando aquele lugar e o motivo disso”, informa.
Esp�cies mais comuns em BH
Nome cient�fico - Mus musculus
Biologia - Est� entre os menores roedores do planeta – o macho adulto pesa cerca de 15g. Cosmopolita, representa a esp�cie de roedor que mais se aproximou e vive em estreito contato com o ser humano. Animal agitado, quase n�o para em suas andan�as e percorre seu territ�rio v�rias vezes por noite em busca de alimento e para acasalar. O macho procura formar um har�m com v�rias f�meas e suas proles s�o numerosas. Vive cerca de 12 meses.Alimenta��o - Ingere qualquer tipo de alimento, mas demonstra clara prefer�ncia por gr�os integrais de cereais.
Habitat - N�o escava tocas ou t�neis, faz ninhos em gavetas, no interior de arm�rios ou em qualquer desv�o que o proteja adequadamente.

Nome cient�fico - Rattus rattus
Biologia - Nem sempre � preto. A pelagem pode ser mais clara, tendendo ao grafite, ao cinza ou at� marrom escuro. Forte e �gil, o macho adulto pesa at� 200g. A vida dura em torno de 18 meses e ele � bastante prol�fico (cerca de oito ninhadas por ano). Gatos e ratazanas s�o seus maiores inimigos.Alimenta��o - Com h�bitos noturnos, desce ao solo em busca de alimento, �gua e acasalamento.
Habitat - N�o gosta de escavar tocas e t�neis. Tem prefer�ncia por locais longe do solo, fazendo ninhos nas estruturas de sustenta��o dos telhados e nos forros das casas. Busca espa�o junto �s estruturas, paredes, traves e vigas dos telhados.
Nome cient�fico - Rattus norvegicus
Biologia - Maior esp�cie de ratos urbanos, � forte e agressiva e tem h�bitos noturnos. Macho adulto pesa at� 500g. A vida em liberdade pode chegar a 2 anos. Territ�rio dele tem cerca de 50m de raio, o qual defende ferozmente contra invas�es de outras ratazanas que n�o pertencem � sua fam�lia. Ratazanas vistas � luz do dia podem ser indicativo de alt�ssimas infesta��es.
Alimenta��o - Qualquer tipo de alimento, com por gr�os de cereais integrais, mas pode ser atra�do por v�rios tipos de alimentos.
Habitat - Escava tocas e t�neis e habita, preferencialmente as redes p�blicas de esgoto ou outras galerias subterr�neas. Raramente habita o interior das casas, onde s� entra para obter alimentos.
Os ratos transmitem v�rias doen�as. As principais s�o: leptospirose, hantavirose e peste bub�nica.