(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Avenida Saramenha � s�mbolo da vida que pulsa na Zona Norte de BH

Em um pequeno universo de menos de dois quil�metros na regi�o que mais cresce em BH, cidad�os se apropriam do espa�o urbano para exorcizar dem�nios do progresso, como as drogas e a viol�ncia


11/09/2011 07:19 - atualizado 11/09/2011 07:23

Abraço da cidade: moradores como Aureliano Evangelista de Souza, que trocou o ônibus pela bike, exercem a cidadania do cotidiano
Abra�o da cidade: moradores como Aureliano Evangelista de Souza, que trocou o �nibus pela bike, exercem a cidadania do cotidiano (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)
Em uma esquina, a Linha Verde, passarela para o aeroporto internacional de Confins, que d� no mundo. No outro extremo, o Ribeir�o do On�a, que desemboca no Rio das Velhas, seguindo o S�o Francisco, que tamb�m cruza divisas e se abre para o Atl�ntico e dele para o planeta. De uma ponta � outra, com menos de dois quil�metros de extens�o, h� um outro mundo, um microcosmo estendido em um tra�ado de contrastes e desafios, onde a cidadania come�a a se sobressair. Seu nome � Avenida Saramenha, art�ria no quadrante dos bairros Heli�polis, Floramar, Guarani e Tupi, na Regi�o Norte de Belo Horizonte – a nova fronteira de urbaniza��o de uma capital que j� n�o tem l� muito para onde crescer. Hoje duplicada, com canteiro central e espa�o reservado para pedestres e ciclistas, nem de longe a via lembra o c�rrego conhecido na inf�ncia pela dona de casa Rosineide Teodoro dos Santos, de 42 anos, nascida na �rea. “Para atravessar, a gente tinha que cruzar pinguelas”, recorda-se. Mas o progresso tamb�m espanta: trouxe viol�ncia e tr�nsito; trouxe drogas. Agora, a comunidade se movimenta para se apropriar da avenida e desfrutar do que o desenvolvimento trouxe de bom. O que se v� pelos quarteir�es indica que est� conseguindo.

�ltimo ponto de explos�o em Belo Horizonte, a Zona Norte floresce. Com ela, a Saramenha. Para descobrir a vida que pulsa nesse pequeno universo, o Estado de Minas percorreu a avenida em dias e hor�rios diferentes. A cada momento, a cidade se expressa no com�rcio que gira. Vai do topa-tudo com grande estoque de bugigangas � boa academia de gin�stica, onde se vende sa�de. Tem tamb�m bail�o para gente de ju�zo que vara a madrugada ao som de forr� e sertanejo; tem carroceiro que tira o sustento no tocar das mulas e tem flora de bom gosto.

Nada que fa�a lembrar os tempos dos primeiros moradores, que chegaram nos anos 1930, como servidores de fazendas na regi�o. Casinhas em condi��es prec�rias foram se juntando por cinco d�cadas at� a chegada do asfalto. Os cidad�os, ent�o, ganharam novas oportunidades para a melhor apropria��o da avenida.

Mas, nesse Norte de paradoxos, a viol�ncia ainda assusta. Enquanto a artes� Dorinha, moradora do Residencial Maria Stella, reclamava mais seguran�a para a regi�o, n�o longe dali, o agente penitenci�rio Ronaldo Miranda de Paula era fuzilado por bandido foragido da pol�cia, na Avenida Waldomiro Lobo. Ainda assim, com o helic�ptero da pol�cia a riscar o c�u em busca do assassino, Dorinha, s�ndica de um dos 50 blocos, que somam 800 apartamentos, com quase 4 mil moradores, diz gostar muito de morar na Saramenha. Especialmente, pela uni�o por parte da boa turma que faz funcionar o lazer e o social do conjunto em que vive. “A gente tem sempre o que fazer no clube do condom�nio”, conta.

Na sede social h� duas piscinas, churrasqueira, sauna e sal�o de festas, al�m de bar de sucesso nos fins de semana. Dorinha quer mais. A m�e de Leandro, Jefferson e das g�meas Cibele e Gisele exibe voca��o de l�der comunit�ria: “Quero trabalhar melhor pelo condom�nio. Precisamos de coleta seletiva, de transformar nosso lixo org�nico. Gostaria que o clube oferecesse aulas de arte para a comunidade. � preciso uma ocupa��o ainda melhor do bom espa�o que temos”, defende. � com que sonham e para o que trabalham muitos moradores e gente que frequenta a avenida.

Via de todos os sons

Linha de m�o dupla em diversidade cultural, m�sica para todos os gostos atravessa de uma ponta � outra a Saramenha. No bar de esquina, o r�dio toca pop rock nacional, hit do Jota Quest, enquanto o pedreiro Milton faz pausa para pingado morno. O celular do garoto da bicicleta amarela chama hip-hop qualquer. Ele atende: “Fala, v�i! T� na padaria”. O resto do assunto fica entre os amigos. No mesmo quarteir�o, a balconista Neli, vaidosa, passa batom para assumir o caixa e cantarola, junto da TV, can��o de Paula Fernandes. A bela, na crista da onda sertaneja, anima o ambiente.

Na outra ponta, quil�metro dali, pouco mais tarde, a academia de gin�stica bomba m�sica eletr�nica para embalar a dan�a dos ferros. Pouco antes, Opal�o branco, turbinado, passa ao ritmo de inconfund�vel batid�o funk. Dentro dele, com quilos de alto-falantes no porta-malas, o mo�o sem camisa, de �culos escuros e se fazendo de gal� quer chamar a aten��o. Cotidiano de cenas cruzadas que se repetem ao longo do dia. � noite, a balada � outra: � profissional. Hora de bail�o de sucesso na avenida.

Um dos símbolos da retomada da avenida é a Praça Jorge Alves recuperada e reocupada
Um dos s�mbolos da retomada da avenida � a Pra�a Jorge Alves recuperada e reocupada (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)


H� 11 anos no mesmo endere�o, a casa de shows do g�nero, com capacidade para 3 mil pessoas, � sucesso entre os mais maduros. Os donos do neg�cio bem que tentaram trabalhar para a mo�ada de pouca idade, logo na inaugura��o. N�o deu certo. O funk trouxe aborrecimentos para a fam�lia do empres�rio Magno Florentino de Oliveira, de 47 anos, respons�vel pela administra��o, que, por fim, decidiu trabalhar outro p�blico: gente acima dos 25, 30 anos e tamb�m, claro, a melhor idade.

Dois dias da semana, na quinta-feira e no domingo, quem comanda a pista s�o os veteranos. � quando o bail�o mostra sua for�a casamenteira e une a mo�ada com mais de 60, ao som de cl�ssicos nacionais e internacionais. �s sextas e aos s�bados, o forr� vai at� quase raiar o dia.

A principal concorr�ncia do bail�o � a sede social do Conjunto Residencial Maria Stella. Para atender os habitantes de seus 800 apartamentos, o programa do clube na sexta-feira � sucesso entre os que gostam da boa seresta. O evento � limitado a moradores e convidados. Segundo a administra��o, parte dos R$ 220 mensais de cada cond�mino � destinada ao lazer. Em editorial publicado no �ltimo informativo interno, o administrador Afonso Celso Guimar�es chama a aten��o para a import�ncia da participa��o de todos. Segundo ele, “para usufruir de benef�cios que poucos condom�nios t�m condi��es de proporcionar”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)