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Estado de Minas

Padaria s�mbolo da Savassi resiste ao tempo

Padaria que deu nome e charme � regi�o nobre de Belo Horizonte sobrevive a destrui��o e inc�ndio, mantendo por mais de sete d�cadas tradi��o de sabor e hist�rias memor�veis


postado em 10/12/2011 07:15 / atualizado em 10/12/2011 08:52

O mito de f�nix, a ave grega renascida das pr�prias cinzas, arrastou sua asa poderosa para um dos estabelecimentos comerciais mais simb�licos de Belo Horizonte. Dois anos e cinco meses depois de inaugurada, a Padaria e Confeitaria Savassi Ltda., na Pra�a Diogo de Vasconcelos, na Regi�o Centro-Sul, sofreu duro ataque de populares, sendo saqueada, destru�da e incendiada em 19 de agosto de 1942. O motivo? Eram tempos da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) e, inconformados com o naufr�gio de navios brasileiros, em �guas nacionais, torpedeados a mando de Adolf Hitler (1889-1945), moradores da capital se revoltaram contra os pa�ses que formavam o Eixo e sa�ram quebrando lojas de alem�es, italianos e japoneses. Mas os propriet�rios descendentes de italianos, os irm�os Jos� Guilherme, Hugo e Geraldo Savassi, e o sobrinho Danilo Savassi, ent�o com 17 anos, renovaram as for�as, acreditaram na cidade e reergueram o estabelecimento no mesmo local, 10 meses depois do inc�ndio, na esquina da Avenida Crist�v�o Colombo com Rua Pernambuco.

O tempo passou e a Padaria Savassi, como ficou conhecida, caiu no gosto e no cora��o de BH – tanto que, por lei, acabou dando nome � regi�o e ao bairro, o qual foi desmembrado do Funcion�rios. Em 1977, os propriet�rios mudaram o empreendimento para a Rua Rio Grande do Norte, diminuindo o varejo e focando mais no atacado, conta a diretora comercial do grupo, M�rcia Cristina Savassi, da terceira gera��o da fam�lia. Agora, a trajet�ria da empresa ganha mais um cap�tulo. Com o terreno vendido para constru��o de um pr�dio comercial, ela ser� transferida, dentro de no m�ximo cinco meses, para o Bairro de Lourdes, na Centro-Sul, com o foco no atacado. De heran�a, ficam o nome e mais de sete d�cadas de p�o quente, sorvete famoso e muitas hist�rias saborosas.

De �tima mem�ria, o advogado e ex-propriet�rio Danilo Savassi, de 88, est� certo de que a padaria, cujo nome ele sugeriu ao seu pai, Hugo, � um marco na hist�ria de BH, que completa 114 anos depois de amanh�. “Naquela �poca, ningu�m acreditava em com�rcio no Bairro Funcion�rios. Na pra�a, ent�o chamada 13 de Maio (s� passou a se chamar Diogo de Vasconcelos em 1943), havia apenas o Armaz�m Colombo, a Casa Tri�ngulo, de material de constru��o, venda de instrumentos, ferramentas etc., o bar do Nacif e a sinuca do Aldo, na Rua Fernandes Tourinho com Avenida Crist�v�o Colombo.”

Credi�rio

Perseverantes e inovadores, os tios e sobrinho importaram m�quinas da Europa, mas a demora na entrega levou a um atraso na produ��o, principalmente de sorvete, considerado por Danilo “o melhor do Brasil”. Quem fazia a del�cia era o “mestre” Raimundo, especialista em agradar o paladar dos papais e dos filhinhos. Depois, o setor foi ocupado por Modestino, cobra criada no preparo de caldas dos sorvetes. De t�o bom, foi convidado e mudou-se para o Rio e trabalhou na tradicional Confeitaria Colombo.

Outro carro-chefe da padaria, recorda-se Danilo, era o p�ozinho de 200 gramas, que tinha a crosta em forma de barca. As novidades e variedades, caso do p�o de l� e da torta de banana n�o terminavam a�: podia-se comprar os produtos pelo credi�rio, pr�tica que se prolongou, em substitui��o �s cadernetas dos clientes. O mobili�rio era atra��o, com 10 mesas de madeira, com tampo de m�rmore de Carrara. “Era um minissupermercado. Meu pai, Hugo, administrando, e o tio Juca (Jos� Guilherme) como chefe de produ��o”, afirma Danilo Savassi.

Diante da padaria, a paisagem da cidade foi mudando, o tr�nsito cresceu, o com�rcio diversificou e o charme prevaleceu. E at� mesmo um troca-troca de monumento ocorreu. Em 1963, o “pirulito”, obelisco da Pra�a Sete comemorativo do centen�rio de independ�ncia, foi transferido para a Diogo de Vasconcelos, mas acabou retornando ao ponto de origem 17 anos mais tarde.

Dois dedos de prosa

A padaria era tamb�m frequentada por pol�ticos, que sempre apareciam para um cafezinho e dois dedos de prosa. Quem conta � o filho de Jos� Guilherme, Fernando Jos� Savassi, de 78 anos, que continua � frente da padaria, embora, este m�s, tenha estado em casa se convalescendo de um infarto. Por telefone, ele conta que passaram por ali Juscelino Kubitschek, Milton Campos, Pedro Aleixo, Aureliano Chaves, Tancredo Neves e outros que sa�am do Pal�cio da Liberdade ou da prefeitura para momentos de relaxamento e conversa entre amigos.

Os primeiros imigrantes da fam�lia Savassi desembarcaram no Brasil em 1890 e se estabeleceram em Barbacena, Ouro Preto e outras cidades mineiras. Os primeiros a chegar a BH foram os irm�os Achiles, Arthur e Angelino. Determinados, Arthur, Achiles e Hugo abriram uma padaria na Rua Tupinamb�s, quase esquina com Avenida Paran�. “O tio Arthur construiu o pr�dio, na pra�a, e estimulou os parentes a montar a Padaria Savassi”, conta Jos� Fernando. No in�cio, a caracter�stica era de casa de ch�, com muita mercadoria importada. Por toda sua import�ncia na vida social e comercial da cidade, a Padaria Savassi, h� exatamente um ano, recebeu o diploma de Honra ao M�rito, concedido pela C�mara Municipal.

Mem�ria

Sem os perigos da noite


O nome da Padaria Savassi marcou uma gera��o. E batizou a turma de estudantes de medicina, direito, odontologia, engenharia e outras �reas que se reunia, todas as noites, no Abrigo Pernambuco, de bondes. O lugar tinha um tipo de arquibancada coberta e dois bancos de madeira. “�ramos mais de 40 jovens, fic�vamos at� a meia-noite, uma hora, duas horas conversando ali”, lembra-se Danilo, casado h� 62 com dona Naly, de 80, e um dos integrantes do grupo. Com o tempo, a turma passou a se reunir em frente � padaria e, aos s�bados, o programa era ir ao cinema. Pac�fico Mascarenhas, compositor famoso, participava ativamente da turma. Era outra �poca de BH, que ainda n�o tinha tr�nsito infernal na regi�o da Savassi, viol�ncia a todo canto e os perigos da noite espreitando o cidad�o. Atualmente em obras de requalifica��o, a Savassi tem o dever de manter o charme da padaria, que se tornou um s�mbolo de qualidade e requinte.


LINHA DO TEMPO

1890 –Fam�lia Savassi, vinda da It�lia, se estabelece em Barbacena, na Regi�o Central. Depois, alguns se mudam para BH

1940 – Em 15 de mar�o, a Padaria e Confeitaria Savassi Ltda. abre as portas na ent�o Pra�a 13 de Maio, atual Pra�a Diogo de Vasconcelos ( Savassi)

1942 – Em 19 de agosto, a padaria � saqueada e incendiada, num dos ataques de populares, durante a Segunda Guerra Mundial, a estabelecimentos de alem�es, italianos e japoneses

1943 – Em junho, com instala��es mais modestas, a padaria � reinaugurada

1977 –Em 5 de maio, a padaria � transferida para a Rua Rio Grande do Norte, na Savassi

1990– C�mara aprova cria��o da Regi�o da Savassi e, depois, do bairro de mesmo nome, desmembrado do Funcion�rios

2010 –Em 2 de dezembro, C�mara Municipal presta homenagem aos propriet�rios pelos 70 anos da Padaria Savassi

2011 – Propriet�rios anunciam que a padaria vai mudar para o Bairro de Lourdes


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