Turistas somem de Ouro Preto ap�s trag�dia

Ouro Preto – A Pra�a Tiradentes, cen�rio de grandes aglomera��es nesta hist�rica cidade da Regi�o Central de Minas, nunca esteve t�o vazia. Os turistas praticamente desapareceram e os hot�is e pousadas registram uma queda de 48% na ocupa��o, segundo a Associa��o Brasileira da Ind�stria de Hot�is (ABIH-Regional Circuito Ouro). Tudo por culpa das chuvas que castigam a cidade, mataram dois taxistas e dificultam o acesso ao munic�pio. Desde segunda-feira, a cidade enfrenta falta d'�gua, e casas, lojas, hospitais, hot�is e restaurantes s�o abastecidos por caminh�es-pipa.

A economi�ria baiana Carol Costa, de 51 anos, uma filha e duas amigas viajaram de Feira de Santana para conhecer Ouro Preto. Ontem, elas eram as �nicas turistas na pra�a, tirando fotos, com roupas de �poca. "Meu santo � forte. N�o vai chover mais" , disse Carol, que cerca de 20 minutos depois precisou correr para n�o se molhar.

A presidente da ABIH Circuito do Ouro, S�nia Vianna, conta que a cidade estava praticamente ilhada. "Os turistas precisavam enfrentar uma verdadeira aventura. A maioria cancelou reservas nos hot�is e pousadas ou adiou a viagem para a segunda quinzena", disse. As chuvas influenciaram, inclusive, nas reservas para o carnaval. "Muitos est�o em d�vida agora por causa das chuvas", disse. A expectativa dela � de que no carnaval as 170 pousadas e hot�is fiquem lotados.

Dono do Hotel Colonial, Arthur Versiane, de 43, conta que somente ontem duas reservas foram canceladas. "Hoje, a nossa taxa de ocupa��o � de 60%. Em um fim de semana como este, em dias de sol, o hotel costumava ficar 100% ocupado", disse. Hot�is mais distantes do Centro enfrentam situa��o ainda pior.

PREJU�ZOS

O movimento no restaurante de Vicente Oliveira Miranda, de 48, caiu mais de 50%. Ele costuma receber 200 pessoas no almo�o e ontem foram apenas 80. "Nos primeiros dias, compramos �gua mineral para preparar a comida e at� para lavar lou�a. Agora, o caminh�o-pipa precisa encher a caixa-d'�gua duas vezes por dia", disse. O com�rcio tamb�m amarga preju�zos. A loja de artesanato onde trabalha a vendedora Rafaela Silva, de 19, est� deserta. "Normalmente, os turistas ficam esbarrando uns nos outros dentro da loja. � tanta gente que n�o damos conta de atender", reclama Rafaela, que estima queda de 80% nas vendas.

O taxista Marcelo �ngelo Gomes, de 47, tamb�m est� preocupado. "Geralmente, fa�o 20 corridas por dia e agora n�o fa�o nem sete " , disse. A fot�grafa Tamires Borges da Costa, de 23, que registra turistas vestidos com roupas de �poca, disse que nunca teve um m�s t�o parado. Ontem, ela trabalhou �s pressas fotografando as turistas baianas. Tiveram que sair correndo da Pra�a Tiradentes quando come�ou a chover.

O prefeito �ngelo Oswaldo (PMDB) espera que a situa��o melhore com a libera��o das estradas. Ele conta que nesta �poca do ano a cidade � invadida por turistas. "Eles viajam para as praias, mas passam primeiro em Ouro Preto, onde permanecem por dois ou tr�s dias", disse o prefeito, que tamb�m sente falta dos estrangeiros.

Ontem estava prevista para come�ar a festa do Reinado de Chico Rei, uma homenagem ao escravo africano que ajudou a construir a cidade e que faz parte da cultura local, mas a popula��o n�o estava muito animada. Ouro Preto espera no fim de semana mais de 30 grupos de congados. "O corpo hist�rico continua �ntegro. Temos algumas �reas afetadas, mas n�o houve perda significativa no quadro monumental da cidade", disse o prefeito.

ESTRADA LIBERADA

Uma liga��o provis�ria deve restabelecer hoje o abastecimento de �gua em Ouro Preto, castigada pelas chuvas. Desde segunda-feira, resid�ncias, hot�is, pousadas e restaurantes recebem �gua de caminh�es-pipa. Nos distritos, o servi�o deve ser normalizado em dois dias. No Bairro Saramenha, a dona de casa Cristina Fortes, de 57, apara �gua da chuva para preparar a comida e lavar roupas. Estradas de acesso a Ouro Preto est�o sendo reparadas. Na BR-356, trecho foi liberado parcialmente.