Restaura��o da Villa Rizza devolve vida a ponto nobre de BH

Chegam ao fim uma longa novela ligada ao passado de Belo Horizonte e a incerteza quanto ao futuro de um im�vel considerado s�mbolo da Regi�o Centro-Sul da capital.

Com a conclus�o da obra de restaura��o da Villa Rizza, na Avenida do Contorno, 4.383, entre as ruas do Ouro e Pouso Alto, no bairro Serra, a cidade – que completa 123 anos em 12 de dezembro – tem recuperada parte do seu patrim�nio e valorizado trecho tradicional da paisagem urbana.

 

Pintada tradicionalmente de verde e com o nome Villa Rizza em destaque na fachada, a constru��o, adquirida por um empres�rio de BH em leil�o da Petrobras Distribuidora, propriet�ria anterior, ser� o showroom de uma empresa especializada na reforma de im�veis. O s�cio-fundador e diretor da Rebe Reformas e Benfeitorias, Silas Vieira Senna, conta que o leil�o ocorreu no fim do ano passado, e a documenta��o referente ao im�vel, no valor de R$ 4,1 milh�es, s� foi liberada em agosto devido � pandemia do novo coronav�rus.

 

“O trabalho contemplou os jardins nos fundos e da frente do im�vel, com plantio de 180 metros de grama”, diz, com satisfa��o, o diretor da empresa, que, por atuar no setor, cuidou de todos os detalhes do bem, tombado pelo munic�pio desde 1993. No local do antigo posto de combust�veis, onde havia pain�is homenageando artistas do Clube da Esquina, est�o hoje as bandeiras do Brasil e de Minas.

 

Destacam-se tamb�m as figuras, com frases, de Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e dos ex-presidentes da Rep�blica mineiros Afonso Pena (1847-1909), de Santa B�rbara, e Juscelino Kubitschek (1902-1976), de Diamantina. Uma faixa mostra a confian�a no pa�s: “N�s acreditamos no Brasil. Acredite voc� tamb�m”.

 

 

Vistoria

A Secretaria Municipal de Cultura informou que equipe da Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico da Funda��o Municipal de Cultura esteve no im�vel para fiscaliza��o. Em nota, a assessoria informou que “observou-se que a edifica��o foi pintada em um tom de verde diferente do anterior e que o telhado tamb�m recebeu pintura”. O propriet�rio ser� notificado para regulariza��o, com o refor�o da informa��o de que as interven��es no edif�cio tombado devem ser precedidas de aprova��o do Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural. “Para regularizar a situa��o, o propriet�rio dever� apresentar um memorial descritivo das interven��es realizadas e a Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico avaliar� se s�o pass�veis ou n�o de permanecer como est�o.”

 

 

O diretor da empresa respons�vel pela obra sustenta que n�o houve altera��es na estrutura e cor da constru��o, continuando tudo como o original: “Fizemos apenas manuten��o”.

 

Abandono e picha��es fazem parte do passado

Alvo de sucessivas mat�rias no Estado de Minas, diante de sua import�ncia hist�rica e localiza��o nobre, a Villa Rizza foi durante bastante tempo retrato do abandono, deixando tristes vizinhos e pessoas que passam pelas vias de grande movimento nas imedia��es. Havia mato alto dominando o jardim e picha��es subindo pelas paredes. Em 11 abril de 2018, um trabalhador desabafou: “Se eu ganhasse na Mega Sena, compraria esta casa. � muito bonita. Algu�m tinha que, pelo menos, capinar o terreno”.

 

Erguida na d�cada de 1920, a Villa Rizza j� foi resid�ncia de fam�lia, restaurante, espa�o de eventos e caf�. Desde 2005, quando a constru��o foi recuperada, a Petrobras Distribuidora se tornou a propriet�ria do im�vel, onde chegou a manter um posto de combust�veis com temas alusivos � m�sica mineira. Conforme mat�ria publicada pelo EM em 21 de setembro de 2017, a edifica��o foi a leil�o em 30 de agosto do ano anterior, com lance m�nimo de R$ 4,65 milh�es, mas n�o houve comprador.

 

Na �poca da compra pela Petrobras, o projeto de restauro foi aprovado pela Prefeitura de BH e Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais, e contemplava as linhas originais da casa, at� mesmo na cor verde que a caracterizava.

 

 

T�nel do tempo

A hist�ria da Villa Rizza come�a no fim da d�cada de 1920, quando o major Ant�nio Zeferino da Silva comprou uma por��o de terra entre a Avenida do Contorno e as ruas do Ouro e Pouso Alto, encomendando a arquitetura a Humberto Hermeto Pedercini Marinho. J� o nome do im�vel foi uma homenagem � neta do propriet�rio, Rizza Porto Guimar�es.

 

 

Considerada pelos especialistas uma vit�ria para o patrim�nio da capital, pois envolveu um ano e tr�s meses de negocia��es, a aquisi��o foi comemorada. Para muitos belo-horizontinos que passavam pelas avenidas do Contorno ou Getulio Vargas, de onde se v� o im�vel de frente, era desolador ver a constru��o, uma sobrevivente no meio dos edif�cios, sem um destino certo e caminhando a passos largos para a degrada��o.

 

Dona Rizza

Em janeiro de 2004, uma das herdeiras do bem, Rizza Porto Guimar�es, ent�o com 80 anos, falou sobre a situa��o do im�vel. Quando a venda da casa onde passou grande parte da sua vida se concretizou para a Petrobras Distribuidora, ela se declarou “feliz e aliviada”. O nome Villa Rizza, at� hoje escrito em alto-relevo na fachada, foi uma homenagem feita d�cadas antes � senhora de cabelos brancos, m�e de tr�s filhas e av� de sete netos, que chegou a Belo Horizonte, vinda de Leopoldina, na Zona da Mata, aos 7 anos. Na �poca, comentou: “Acho muito importante que a casa seja mantida. Afinal, ela conta um pouco da hist�ria da cidade”.