(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas JUNTOS E DIFERENTES

Mapa de desigualdade aponta 'dist�ncias' nos bairros da bacia do cercadinho

Levantamento feito pelo movimento Nossa BH destaca dados de renda, ra�a, g�nero e mobilidade, para destacar diferen�as entre bairros do mesmo territ�rio


16/09/2022 19:04 - atualizado 16/09/2022 19:32

Córrego do Cercadinho
Bacia do c�rrego do Cercadinho vai desde o Belvedere at� o bairro Maraj� (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Um levantamento de dados feito pelo movimento Nossa BH, possibilitou a produ��o de um mapa das desigualdades que analisa a regi�o da Bacia do Cercadinho. As informa��es organizadas foram apresentadas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na �ltima quarta-feira (16/9), para um grupo de discuss�o composto por pessoas interessadas na preserva��o da regi�o, contando com membros da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), da classe pol�tica e dos moradores.

Entre os dados apresentados, por exemplo, � poss�vel constatar que a renda m�dia dos moradores do Belvedere, um dos bairros nobres de Belo Horizonte, � dez vezes maior do que no bairro Hava�, mesmo ambos fazendo parte de um mesmo territ�rio (a Bacia do Cercadinho). Quando se d� um zoom em setores censit�rios - unidades menores de territ�rio - a diferen�a � ainda maior, um setor do Belvedere tem a renda 74 vezes maior do que um setor do Ventosa.

Mapa que mostra a desigualdade de renda na bacia do cercadinho
Setor do Belvedere tem a renda 74 vezes maior do que um setor do Ventosa (foto: Reprodu��o/Nossa BH)

O mapa das desigualdades � uma ferramenta usada para discutir como as pol�ticas p�blicas podem lidar com espa�os desiguais, e com outras pol�ticas que refor�am essas desigualdades. A ideia � entender como essas desigualdades existem em espa�os espec�ficos, como bairros e regi�es, para depois pensar no combate.

“Quando pensamos em pol�ticas p�blicas � muito f�cil esquecer que os espa�os s�o desiguais. Uma pol�tica, digamos, universalizante, valeria para todo mundo, mas as pessoas n�o s�o iguais no territ�rio. Enxergar a desigualdade muda a forma de pensar a solu��o”, argumenta Marcelo Amaral, coordenador de projeto no movimento Nossa BH.

Nesse mapa, o Nossa BH utilizou informa��es do �ltimo Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e da base de dados da prefeitura, para analisar indicadores s�cio-demogr�ficos e de mobilidade da �rea que vai desde o bairro Belvedere, na regi�o Centro-Sul, at� o Hava�, na regi�o Oeste da capital mineira. Atrav�s dele � poss�vel construir algumas narrativas que ajudam as pessoas a entenderem os dados. 

Diferen�as entre ra�a e g�nero

Al�m de expressar a desigualdade entre bairros nobres e bairros perif�ricos, uma das preocupa��es do Nossa BH � ampliar esse “zoom” do mapa em quest�es de ra�a e g�nero. “A desigualdade tem cor e g�nero, s�o pretos e mulheres que sofrem mais”, frisa Marcelo.

Mapa que mostra a desigualdade de renda entre homens e mulheres na bacia do cercadinho
Em setor do Belvedere homens t�m uma renda m�dia 3,8 vezes maior do que mulheres (foto: Reprodu��o/ Nossa BH)

As diferen�as de renda, por exemplo, s�o ainda mais chamativas quando se faz o recorte por g�nero. Em um setor do Belvedere, homens t�m uma renda m�dia 3,8 vezes maior do que mulheres. Por�m, at� 33% dos domic�lios est�o sob responsabilidade de uma mulher no bairro nobre de Belo Horizonte. J� no Ventosa, a maior parte dos domic�lios est�o sob responsabilidade de mulheres, por�m, � l� que mais da metade delas vivem com at� um sal�rio m�nimo.

Quando olhamos para a ra�a � poss�vel observar que boa parte dos bairros Hava� e Palmeiras, possuem a maior propor��o de popula��o negra, acima de 65%. Por outro lado, nenhum setor do Belvedere, Buritis e Estoril, possuem a popula��o negra acima de 45%.

Mobilidade Urbana

Para o movimento Nossa BH, a mobilidade urbana apresenta �timos indicadores de desigualdade. O mapa consegue mostrar, por exemplo, quais pontos de quais bairros possuem uma frequ�ncia de �nibus alta, m�dia e baixa.

O grupo tamb�m detalha entre dias �teis, onde a popula��o trabalha, e domingos e feriados, quando as pessoas dedicam mais tempo para o lazer e cultura. No Olhos D’ �gua e no Maraj�, por exemplo, 100% das paradas de �nibus s�o de baixa frequ�ncia, afastando esses moradores de momentos de descontra��o.

média do tempo mínimo de deslocamento em transporte público até o estabelecimento de saúde de alta complexidade mais próximo, em horário de pico
Morador do Parque S�o Jos� demora mais para chegar em um hospital de alta complexidade do que um morador do Estoril, usando transporte p�blico (foto: Reprodu��o/Nossa BH)

Ainda � poss�vel resgatar a m�dia do tempo m�nimo de deslocamento em transporte p�blico at� o estabelecimento de sa�de de alta complexidade mais pr�ximo, em hor�rio de pico. Nesse indicador o bairro Parque S�o Jos� � o mais lento, com um tempo de 38 minutos, enquanto o Estoril � o mais r�pido, com 23 minutos.

“Vemos o quanto a mobilidade refor�a a exclus�o. O processo de ocupa��o da cidade � um processo que vai excluindo as pessoas, vai confinando e segregando por diversos motivos”, comenta Marcelo Amaral.

Quest�es ambientais

O mapa da desigualdades da regi�o do Cercadinho n�o aborda quest�es ambientais do local que � atravessado por um c�rrego que nasce em bairros nobres e des�gua em regi�es mais perif�ricas, no entanto, essa � uma das demandas dos moradores da regi�o. “O meio ambiente � uma quest�o de direito, que � tratada diferente conforme a �rea ocupada”, explica Carla Magna, coordenadora e ambientalista do Cercadinho e Ponte Queimada C�rregos Vivos

Apesar de n�o existirem dados concretos sobre o tratamento ambiental em �reas espec�ficas, como � o caso da Bacia do Cercadinho, a popula��o consegue fazer suas pr�prias observa��es e tirar conclus�es disso. Carla nota que, por exemplo, a poda das �rvores � diferente entre as �reas nobres e perif�ricas, onde o processo � mais agressivo.

A reuni�o da �ltima quarta-feira (16/9), al�m de apresentar o mapa, tamb�m foi usada para a para a discuss�o das quest�es ambientais do c�rrego. Representantes da prefeitura estiveram presentes no local, e a PBH refor�ou que estudos e projetos sobre o c�rrego do cercadinho est�o em andamento. Os moradores tamb�m est�o se organizando para a cria��o de grupos de estudo que envolvam universidades e a comunidades, para fazer os devidos levantamentos.

*Estagi�rio sob supervis�o do subeditor Diogo Finelli


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)