
Paulo Ant�nio trabalhava em um pr�dio na Rua Bernardino Sena Figueiredo, 945, no Bairro Cidade Nova, Regi�o Nordeste de Belo Horizonte. Sem ficha policial, ele era casado e pai de duas filhas. Passou cinco anos e sete meses preso e saiu em liberdade condicional, situa��o em que est� atualmente, j� que o total de sua pena ainda n�o foi cumprido. Recebendo um sal�rio m�nimo de aposentadoria, ele tem que se apresentar todo m�s no f�rum por exig�ncia da Justi�a. Desde sua pris�o, ele sempre sustentou sua inoc�ncia, mas chegou a ser apunhalado na Penitenci�ria Jos� Maria Alckimim, em Contagem, por ter cometido um estupro.
Na �ltima sexta-feira, uma sobrinha de Paulo Ant�nio folheava o Estado de Minas quando se deparou com a not�cia da pris�o de Pedro Meyer Ferreira Guimar�es, 56 anos, que foi reconhecido por uma v�tima de um estupro ocorrido h� 15 anos, no Bairro Cidade Nova, o mesmo em que Paulo trabalhava como porteiro. Ao ver a foto de Pedro, a mo�a se assustou: a semelhan�a de Pedro com o tio era muito grande, o que, para familiares, pode ter sido suficiente para que os dois tenham sido confundidos. “A fam�lia, vendo as coincid�ncias de data e bairro, ligou uma hist�ria � outra”, disse ontem o primo de Paulo, o assessor parlamentar Eust�quio Alexandre Teixeira Silva, de 52, acrescentando que na �poca da pris�o o porteiro j� tinha um problema de h�rnia numa das pernas, o que o impossibilitaria de correr, como afirmou a testemunha na �poca.

Ontem, Paulo Ant�nio falou pela primeira vez com a imprensa desde a sua pris�o, em 1997. Com as m�os tr�mulas, pensamento �s vezes confuso e apoiado numa bengala, disse que nunca deixou de acreditar que um dia conseguiria provar sua inoc�ncia. “Sempre fui trabalhador e nunca tinha entrado numa delegacia. At� hoje n�o entendo direito por que fui preso.
Os caras da pol�cia chegaram no pr�dio e disseram que eu parecia com um bandido que eles estavam procurando. Revistaram minha bolsa e acharam o p� de caf� e o a��car que eu levava para o servi�o. Perguntaram por �culos e bon�, e eu disse que nunca tinha usado. Me levaram para a delegacia e minha vida nunca mais foi a mesma. Perdi minha mulher e tudo mais”, disse, entre um sil�ncio e outro. “O padre Jo�o de Deus, da igreja da Cidade Nova, foi minha testemunha de defesa, pois me conhecia, e tamb�m a dona C�lia, que morava no pr�dio. Mas mesmo assim fui condenado”, contou.
Um vizinho de Paulo, que se identificou como J�nior, disse que mora ao seu lado no Bairro Ribeiro de Abreu h� mais de 20 anos e que nunca acreditou na culpa dele. “Ele vivia da casa para o trabalho e, ao que me parece, nunca se envolveu com coisa errada. Na �poca, todos ficamos surpresos, mas nunca acreditei nessa hist�ria de estupro”. A diarista J�lia Teixeira da Silva, de 39, afirmou que a fam�lia sempre acreditou na inoc�ncia do tio. “Agora, parece que a verdade est� aparecendo. Vamos fazer tudo para limpar o nome dele”, afirmou. O supervisor de seguran�a Amarildo Lemos, de 49, casado com a sobrinha de Paulo, resumiu a situa��o dele: “Ele perdeu a fam�lia, o emprego e a sa�de”.
ENQUANTO ISSO...
...Novas den�ncias e exame de dna
Onze mulheres que denunciaram ter sido violentadas pelo ex-banc�rio Pedro Meyer ser�o chamadas a prestar depoimento nesta semana na Delegacia de Atendimento � Mulher de Belo Horizonte. Outras duas j� o acusaram formalmente pelo crime de estupro. Desde a quinta-feira, quando Pedro Meyer foi preso, 13 den�ncias de supostas v�timas do ex-banc�rio foram feitas. A delegada Margaret Assis Rocha, que comanda as apura��es, tamb�m ir� realizar sess�o de reconhecimento do ex-banc�rio e solicitar exames de DNA. Segundo ela, apesar das agress�es terem ocorrido h� mais de 10 anos, na �poca j� se coletava material gen�tico nos exames de corpo de delito das v�timas. Pedro Meyer foi preso em um apartamento no Bairro Anchieta, Centro-Sul da capital, depois de ser reconhecido por uma de suas v�timas, violentada em 1997 em um pr�dio no Bairro Cidade Nova. A delegada Margaret Rocha afirma que al�m de confessar o crime pelo qual foi denunciado, ele admitiu ter praticado mais dois estupros em 1995. Um dia depois de preso, o ex-banc�rio foi reconhecido por mais seis mulheres. Uma delas, cuja identidade est� sendo mantida em sigilo, prestou depoimento na sexta-feira e, al�m de confirmar que Pedro Meyer � o homem que a agrediu, deu detalhes sobre o ato. Depois de ouvi-la e de realizar levantamentos preliminares em rela��o �s outras 11 den�ncias, a delegada Margaret aponta que as v�timas s�o mulheres que hoje t�m de 25 a 35 anos, o que leva a crer que o alvo do acusado eram crian�as e adolescentes.