
O estetosc�pio, instrumento indispens�vel a m�dicos e enfermeiros, pode representar um risco � sa�de. A extremidade circular – diafragma – que fica em contato com a pele do paciente para auscultar os batimentos card�acos e vibra��es pulmonares, pode funcionar como ve�culo de dissemina��o de bact�rias. Essa � a conclus�o de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais (FCMMG). Em laborat�rio, a equipe analisou 70 estetosc�pios, dos quais 69 (98,6%) apresentaram pelo menos uma esp�cie de bact�ria. No total, foram isolados 182 tipos diferentes de col�nias bacterianas.
“Isso n�o significa que todo mundo que se contaminar desenvolver� a doen�a, mas a pesquisa serve de alerta tanto para m�dicos quanto para pacientes, que devem adotar medidas para minimizar os riscos”, aponta o coordenador do estudo, o m�dico perito Leandro Duarte de Carvalho, professor da Faculdade de Ci�ncias M�dicas. Um dos objetivos do estudo � conscientizar os profissionais de sa�de da necessidade de limpar com frequ�ncia os pr�prios estetosc�pios. “Alguns j� fazem isso, mas ainda n�o � um h�bito generalizado e padronizado”, aponta Carvalho.
Os pesquisadores recomendam que o instrumento seja higienizado com �lcool 70%. “Essa subst�ncia provou ser uma alternativa eficaz para atenuar a contamina��o dos objetos, al�m de ser barato e f�cil de achar”, justifica o professor. Depois de feita a limpeza, 22 estetosc�pios (34,3% do total) n�o apresentaram nenhum tipo de bact�ria. Al�m disso, foram isolados 62 tipos de col�nias bacterianas, 66,1% menos contamina��o do que as amostras anteriores � antissepsia.
Sem p�nico
Para o infectologista Una� Tumpinamb�s a conclus�o da pesquisa � esperada e n�o deve gerar inseguran�a nos pacientes. “Se fizermos uma pesquisa com aparelhos de press�o o resultado ser� o mesmo. Mas isso n�o � determinante. Raramente a fonte da infec��o ser� o estetosc�pio”, afirma. Tupinamb�s ressalta que o principal meio de contamina��o s�o as m�os, seja de profissionais, familiares ou dos pr�prios pacientes. “A melhor forma de evitar infec��es � lavar as m�os com frequ�ncia, fazer uso racional dos antibi�ticos e permanecer o menor tempo poss�vel em interna��o”, aconselha.
A pesquisa com estetosc�pios come�ou em mar�o de 2010. Os cientistas caminharam pela �rea hospitalar de Belo Horizonte e abordaram m�dicos ao acaso. Explicaram o estudo e pediram emprestados seus estetosc�pios. Ali mesmo, encostavam por tr�s segundos o diafragma do objeto no meio de cultura, uma gelatina que coleta as bact�rias em um recipiente raso, chamado placa de Petri.
Os microrganismos foram alimentados por nutrientes presentes na gelatina do recipiente. Ap�s 24 e 48 horas, os pesquisadores observavam se as bact�rias haviam se multiplicado e formado col�nias. Na �ltima etapa da pesquisa, foram feitos testes para descobrir a esp�cie de bact�ria de cada col�nia. “Achamos at� mesmo bact�rias resistentes a antibi�ticos de uso comum, que, provavelmente, foram desenvolvidas em ambiente hospitalar”, explica Lucas Roquim e Silva, graduando de medicina. A pesquisa foi financiada pela Funda��o de Amaparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Presen�a em congresso internacional
A pesquisa sobre bact�rias em estetosc�pios vai ser apresentada em julho, no 22° Congresso da Academia Internacional de Medicina Legal, em Istambul, capital da Turquia. Os pesquisadores defendem que as conclus�es do estudo, al�m de prevenir contamina��o, podem colaborar com decis�es no �mbito da Justi�a do Trabalho. A Norma Regulamentadora 15, do Minist�rio do Trabalho, estabelece que constitui insalubridade de grau m�dio atividades laborativas que exijam “contato permanente com pacientes, animais ou com material infectocontagiante em (...) estabelecimentos destinados aos cuidados da sa�de humana.” A determina��o se aplica ao “pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, n�o previamente esterilizados.”
Lei pro�be jaleco em restaurante
No dia 13 de mar�o, a C�mara Municipal derrubou o veto do prefeito M�rcio Lacerda ao projeto de lei que prop�e multar bares, restaurantes e similares que permitirem a circula��o de profissionais da sa�de vestindo roupas utilizadas para trabalhar. Mesmo sem a aprova��o do Executivo, a lei foi sancionada pela C�mara Municipal. O prefeito pode recorrer ainda ao Judici�rio com uma a��o direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a publica��o da C�mara. A autora defende que esse tipo de vestu�rio pode funcionar como vetor de transporte de agentes qu�micos e biol�gicos prejudiciais � sa�de. Segundo a proposta, se uma pessoa for pega com a roupa, os donos do com�rcio � que dever�o pagar multa de R$ 1 mil.