(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Nossa hist�ria: tempos de gl�rias do futebol mineiro onde hoje est� o Diamond Mall

Inaugurado em 1929, Est�dio Ant�nio Carlos, no Bairro de Lourdes, registra galerias de t�tulos e conquistas do Clube Atl�tico Mineiro, at� se transformar em shopping


postado em 23/06/2012 06:00 / atualizado em 23/06/2012 06:58

 

Em 30 de maio de 1929, o estádio a poucos quarteirões do centro da capital foi inaugurado em jogo em que o Galo derrotou por 4 a 2 o então poderoso Corinthians(foto: Arquivo EM - 30/5/29)
Em 30 de maio de 1929, o est�dio a poucos quarteir�es do centro da capital foi inaugurado em jogo em que o Galo derrotou por 4 a 2 o ent�o poderoso Corinthians (foto: Arquivo EM - 30/5/29)

Os cruzamentos da Avenida Oleg�rio Maciel e as ruas Bernardo Guimar�es e Gon�alves Dias, no Bairro de Lourdes, escondem grandes hist�rias. O local, onde hoje est� um dos grandes centros de compras da capital, o shopping Diamond Mall, j� foi palco de importantes conquistas e personagens do futebol mineiro. H� 83 anos, l� era inaugurado o t�o sonhado campo do Atl�tico, o Est�dio Ant�nio Carlos, que posteriormente seria alvo de disputa judicial entre o clube e a Prefeitura de Belo Horizonte.

O Estadinho da Colina, apelido dado em raz�o da localiza��o, abrigou muitos craques alvinegros. Guar� e Nicola foram os primeiros moradores dos alojamentos constru�dos sob as arquibancadas dos fundos, na Rua Rio Grande do Sul. Anos depois, ainda adolescentes, os �dolos Reinaldo e Toninho Cerezo aprontariam muito nas depend�ncias do est�dio do Galo. “Foi uma �poca muito boa, �ramos adolescentes, ent�o voc� pode imaginar. As arquibancadas do estadinho eram um sucesso. Sub�amos os degraus para vermos as mo�as da sociedade mineira trocando de roupa com as janelas abertas. Era o m�ximo que faz�amos, mas at� que eu era t�mido, devagar demais numa turma de bandidos e ordin�rios”, relembra Cerezo.

O ex-volante atleticano afirma que aqueles foram os melhores anos de sua juventude, apesar da rigidez e disciplina da �poca. “A gente fazia muita molecagem, tudo era motivo de alegria. Lembro que o restaurante era administrado por um pessoal baiano. A carne era regrada e a gente escondia os bifes debaixo do arroz. Todo dia um ficava sem carne, era molecagem mesmo e o senhor que tomava conta da gente ficava fulo da vida”, conta o �dolo, �s gargalhadas, referindo-se ao senhor Francisco Gon�alves Filho, o leiteiro, que hoje vive em casa humilde de Santa Luzia, na Grande BH.

O t�cnico dos garotos j� era Barbatana. Os futuros craques batiam bola das 8h �s 11h e quando o treino era f�sico eles corriam de Lourdes at� o Conjunto Santa Maria, perto da Avenida Raja Gabaglia. “Depois a gente ia para a aula. estud�vamos no Orfanato Santo Ant�nio, que ficava ali entre a Tamoios, Amazonas e S�o Paulo, com a tia Iracema. Dom Serafim, um atleticano doente, era o respons�vel pelo col�gio. E como � noite n�o tinha televis�o na concentra��o a gente ia ver as mo�as peladas nas janelas.”

Cerezo e Reinaldo protagonizaram as �ltimas hist�rias do est�dio, que na d�cada de 1970 acabou desapropriado pela prefeitura e se transformou em espa�o para feiras e manifesta��es de trabalhadores. Desde a sua idealiza��o, o Est�dio Ant�nio Carlos teve alguma liga��o com a administra��o municipal.

Em 1943, a torcida compareceu às arquibancadas para assistir a um treino do jogador Mário de Castro(foto: Arquivo EM - 2/7/43)
Em 1943, a torcida compareceu �s arquibancadas para assistir a um treino do jogador M�rio de Castro (foto: Arquivo EM - 2/7/43)


Torcida

Durante o segundo mandato, em 1925, o presidente do Atl�tico, Alfredo Furtado de Mendon�a, permutou com a prefeitura o campo da Avenida Paraopeba – atualmente Augusto de Lima, onde est� localizado o Minascentro – pelo terreno em Lourdes, al�m de uma indeniza��o. Tr�s anos depois, com a ajuda do governador Ant�nio Carlos, as obras do est�dio, que levaria o nome do pol�tico, foram iniciadas. Leandro Castilho de Moura Costa era o mandat�rio alvinegro na �poca.

Em 30 de maio de 1929, o sonho do Atl�tico estava realizado. Em amistoso em que o Galo derrotou o ent�o poderoso Corinthians de virada por 4 a 2, o est�dio foi inaugurado. M�rio de Castro fez tr�s gols e Said completou. Valeriano e De Maria marcaram os gols do time paulista. O est�dio tamb�m possibilitou aos belo-horizontinos assistirem, pela primeira vez, a um jogo noturno. A inaugura��o da ilumina��o foi em 9 de agosto de 1930, quando o Galo goleou o Sport-MG por 10 a 2 e o ent�o presidente da Fifa, Jules Rimet, esteve presente.

Em 3 de fevereiro de 1937, o Atl�tico conquistou, tamb�m em Lourdes, o t�tulo do Torneio dos Campe�es, competi��o que reuniu os principais campe�es estaduais do ano anterior, incluindo Fluminense e Portuguesa. Na ocasi�o, o alvinegro goleou o Rio Branco (ES) por 5 a 1.

Fonte de renda para o clube

O Estadinho da Colina, com capacidade para apenas 5 mil pessoas, foi a casa do alvinegro at� a constru��o do Independ�ncia no fim dos anos 1940. A inaugura��o do Gigante do Horto marcou a decad�ncia do est�dio atleticano, que acabou vendido � prefeitura na d�cada de 1960. Foi a solu��o do clube para a forte crise financeira.

L� seria constru�da, em 15 anos, a nova sede administrativa da capital. Caso contr�rio, o im�vel obrigatoriamente seria devolvido ao Galo, o que ocorreu em 1991. At� aquele ano, o antigo est�dio sofreu v�rias transforma��es. Foi desapropriado pela prefeitura em 1970, transformando-se em espa�o para feiras e assembleias sindicais, e 10 anos mais tarde transformou-se no campo do lazer.

No entanto, como a prefeitura desvirtuou a finalidade da desapropria��o, a diretoria alvinegra, na gest�o de Afonso Paulino, entrou em lit�gio com a administra��o p�blica e ganhou o direito de retrocess�o do terreno em 1991.

Com a �rea em m�os novamente, a c�pula atleticana negociou o arrendamento por 30 anos do local com uma empresa, que investiu na �poca US$ 80 milh�es na constru��o do grande centro de compras, inaugurado em novembro de 1996. Atualmente, o shopping � uma das principais fontes de renda fixa do clube.  

DEPOIMENTO


O palco para a rebeli�o de pedreiros


Geraldo Lopes

Um dos epis�dios mais marcantes do Estadinho de Lourdes foi, sem d�vida, a greve dos oper�rios da constru��o, que eclodiu em 30 de julho de 1979 e deixou a capital em convuls�o social por quatro dias. Rep�rter de um jornal do Rio, acompanhei na Pra�a da Esta��o uma concentra��o dos ditos pe�es, que seguiram em passeata para assembleia no antigo campo do Atl�tico. Cercados pela PM, os oper�rios tombaram um t�xi e o incendiaram. Uma assembleia de 10 mil trabalhadores decidiu pela paralisa��o e os pe�es resolveram sair em passeata, mas na porta do est�dio foram reprimidos pela pol�cia com balas de borracha, bombas de g�s e cassetetes. No confronto o trabalhador Oroc�lio Martins Gon�alvez, de 24 anos, motorista de trator, foi assassinado a tiros e 50 ficaram feridos. Com a press�o, os oper�rios tomaram conta da cidade. Segui cerca de 2 mil deles pela Avenida Oleg�rio Maciel em dire��o � rodovi�ria. Revoltados, os pe�es deixaram um rastro de destrui��o pelo caminho, arrancando �rvores, quebrando lojas, tombando ve�culos. Houve muitos confrontos durante sete horas no Centro. A cidade parou e do alto dos pr�dios a popula��o jogava �gua e tudo que encontrava para repudiar os grevistas. Nos dias seguintes os oper�rios voltaram a se reunir no est�dio. Ent�o l�der sindical, Lula esteve em BH e encontros apressados entre trabalhadores e autoridades acabaram pondo fim � paralisa��o. A cidade jamais esqueceu a chamada “rebeli�o de pedreiros” e o campo do Galo, a partir de ent�o, transformou-se num reduto de resist�ncia de movimentos sindicais, servindo de palco para assembleias e concentra��es de grevistas.

 

LINHA DO TEMPO

Maio de 1929

Inaugura��o do Est�dio Presidente Ant�nio Carlos com o jogo Atl�tico 4 x 2 Corinthians

Agosto de 1930
Inaugura��o da ilumina��o do est�dio. Atl�tico vence o Sport-MG por 10 a 2

D�cada de 1950
In�cio da decad�ncia do est�dio com a inaugura��o do Independ�ncia

Junho de 1968
�ltimo jogo, no qual o Atl�tico vence a Sele��o Cidade Industrial por 3 a 0

D�cada de 1970
Desapropria��o pela Prefeitura. �rea se transforma em espa�o para realiza��o de feiras e reuni�es de movimentos sindicais

1980
Campo do Lazer � inaugurado

1991
Atl�tico conquista na justi�a o direito de retrocess�o do terreno

1992
Alvinegro assina acordo para constru��o de um grande centro de compras

1994

In�cio da demoli��o do antigo Campo do Lazer

Novembro de 1996
Inaugura��o do Shopping Diamond Mall

 

Subíamos os degraus para vermos as moças da sociedade mineira trocando de roupa com as janelas abertas. Era o máximo que fazíamos - Toninho Cerezo, ex-volante do Galo(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 3/5/11)
Sub�amos os degraus para vermos as mo�as da sociedade mineira trocando de roupa com as janelas abertas. Era o m�ximo que faz�amos - Toninho Cerezo, ex-volante do Galo (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 3/5/11)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)