Barragem que for�ou evacua��o de moradores em MG come�a a ser desmanchada

A incerteza da volta para casa e os preju�zos de se ter um im�vel ou neg�cio onde o rompimento de uma barragem pode inundar tudo em minutos come�am a ser aliviados em Bar�o de Cocais. A Mineradora Vale informou que iniciou os trabalhos de descaracteriza��o da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, naquele munic�pio da Regi�o Central de Minas Gerais, a 96 quil�metros de Belo Horizonte.

Desde o dia 8 de fevereiro de 2019, 200 pessoas que foram evacuadas da chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) desse barramento se encontram vivendo em moradias providenciadas pela mineradora. Esse processo de desmanche do reservat�rio com quatro d�cadas de exist�ncia marca o in�cio dos seus sonhos de retorno.

A Vale ainda tem outras duas barragens dentro do n�vel 3 de emerg�ncia (confira o quadro abaixo). Al�m da Sul Superior, se encontram sob essa classifica��o, que � de risco iminente de rompimento, a Barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, acima de Macacos, e em processo mais avan�ado de descaracteriza��o, e Forquilha 3, em Ouro Preto.

No caso da Barragem Sul Superior, a remo��o teve in�cio com a coleta de amostras do conte�do da barragem, mas a mineradora n�o estipulou prazos para as etapas desse projeto.

"O objetivo � ampliar o conhecimento sobre as caracter�sticas do material disposto no reservat�rio, para aprimoramento da seguran�a e das t�cnicas que ser�o usadas durante o processo de descaracteriza��o, al�m de subsidiar estudos para definir os n�veis de controle de vibra��o", informou a Vale.

A mineradora comprou a Mina de Gongo Soco em 2000, desativou a barragem sob risco em 2008 e paralisou a explora��o miner�ria do complexo em 2016. Por esse motivo, v�rios elementos do barramento que funciona desde a d�cada de 1980 precisam ser estudados e conhecidos.

O barramento tem 85 metros de altura e retem 6 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro (2/3 do que despejou a barragem rompida em Brumadinho).

Entre as interven��es previstas dentro do processo de descaracteriza��o est�o a abertura de canais para melhorar o escoamento de �gua da estrutura, evitando o ac�mulo no reservat�rio principalmente durante o per�odo chuvoso.

Todo o processo de descaracteriza��o do barramento � feito por meio de tratores, escavadeiras, caminh�es e maquin�rio n�o tripulado. Os ve�culos de trabalho pesado s�o controlados de esta��es remotas distantes da estrutura. "Todas as a��es foram comunicadas � auditoria t�cnica do Minist�rio P�blico de Minas Gerais e �rg�os competentes".

A Vale informa possuir um controle de todas as a��es implementadas que considera rigoroso e com o objetivo de garantir a seguran�a dos trabalhadores e das pessoas que vivem em comunidades pr�ximas.

"Diante da complexidade e riscos do processo de descaracteriza��o dessas estruturas, a Vale tamb�m est� estudando medidas adicionais para minimizar ao m�ximo eventuais impactos residuais aos corpos h�dricos a jusante das conten��es".

Abaixo da Barragem Sul Superior, cerca de seis quil�metros depois da estrutura, foi constru�da uma conten��o de 36 metros de altura e 330 metros comprimento encaixada no Vale do Rio S�o Jo�o, que � o caminho natural dos rejeitos em caso de rompimento e passa, adiante, pelo Centro de Bar�o de Cocais. A estrutura em forma de represa refor�ada, segundo a Vale, tem a capacidade de conter todo material que se desprender em caso de uma poss�vel ruptura.

V�rias �reas de do munic�pio hist�rico de Bar�o de Cocais, de 32.866 habitantes, est�o na mancha de inunda��o que seria tomada por rejeitos em caso de rompimento. Desde bairros e comunidades rurais a amplas propriedades e vias do Centro. Todas est�o demarcadas, seja com placas de alerta com instru��es para a evacua��o e at� pinturas nas cal�adas e no asfalto lembrando a todo momento n�o ser aqueleum local seguro.

Carros com equipamentos de som ficam postados em locais estrat�gicos da cidade e podem se movimentar para emitir alertas somados aos das sirenes tamb�m instaladas para soar os avisos de evacua��o em caso de desastre.

Nesta segunda-feira (05/7), j� se somam 878 dias que os habitantes das ZAS se encontram longe de suas casas e da rotina da ro�a, em povoados hoje praticamente 'fantasmas', como Socorro, Vila do Gongo Soco, Piteiras e Tabuleiro.

Na �rea urbana, os habitantes e comerciantes ainda sofrem com a baixa hospedagem e enge�amento do setor imobili�rio nas �reas por onde o rejeito pode passar.

Em caso de rompimento, a lama desprendida da Barragem Sul Superior teria, ainda, a capacidade de atingir o Rio Santa B�rbara, os munic�pios pr�ximos de Santa B�rbara e S�o Gon�alo do Rio Abaixo, desembocando no Lagoa da Hidrel�trica de Peti e chegando at� o Rio Piracicaba, afluente do Rio Doce, j� devastado desde 2015 pelo rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana.