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Estado de Minas PESQUISA

Pequi: como s�mbolo do cerrado virou mel e pode se tornar "grife do sert�o"

Pesquisadores apostam no produto obtido a partir somente das flores do pequizeiro e buscam registrar a marca e a identifica��o de origem


27/02/2023 04:00 - atualizado 27/02/2023 06:16
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Pólen extraído por abelhas da flo
P�len extra�do por abelhas da flor do pequizeiro d� origem a mel com caracter�sticas exclusivas, propriedade antioxidante e bons teores de vitaminas A e C (foto: Beto Magalh�es/EM - 22/5/2007)


Ao mesmo tempo em que pesquisadores e produtores rurais se unem para combater a amea�a da broca do pequizeiro e apostam no plantio de mudas para salvar a esp�cie nativa, o s�mbolo do cerrado experimenta grande diversifica��o da sua cadeia produtiva – um incentivo a mais para o cuidado de um tesouro que movimenta a economia de muitas cidades, como vem mostrando s�rie do Estado de Minas. Depois do aparecimento do pequi congelado e de derivados como a polpa, o �leo e at� a cerveja de pequi, chega ao mercado um novo produto relacionado � planta: o mel monofloral do pequizeiro.
 
O produto org�nico rico em propriedades medicinais j� tem iniciativas para registro da Marca Coletiva. � parte de um conjunto de a��es em andamento no Norte de Minas para organiza��o da comercializa��o do fruto-s�mbolo do cerrado e de seus derivados. Uma delas � a mobiliza��o para o reconhecimento da indica��o geogr�fica dos produtos da cadeia produtiva do pequi na regi�o.
O potencial do mel monofloral do pequi � enaltecido pelo professor e pesquisador Dario Alves de Oliveira, do Departamento de Ci�ncias Biol�gicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Com a acad�mica Sara Gisele Veloso Macena, ele desenvolveu estudo sobre o produto natural, em parceria com a Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi).
 
Enquanto isso, o “mel de pequi” j� ultrapassou fronteiras al�m-mar. Neste m�s de fevereiro, por interm�dio do presidente da Coopemapi, Luciano Fernandes de Souza, e de outros integrantes da cooperativa, o produto foi apresentado na Feira L�der Mundial de Alimentos Org�nicos (Biofach), em Nuremberg, na Alemanha.
 
O professor Dario Alves de Oliveira ressalta as caracter�sticas e as propriedades do produto natural que ajudam a explicar seu sucesso. “O mel do pequi n�o tem o sabor forte do fruto, mas um sabor suave. Tem boa atividade antioxidante e bons teores de vitaminas A e C, que tem import�ncia no organismo humano para o sistema imunol�gico e ajuda na absor��o de ferro de alimentos”, explica o pesquisador.
 
Oliveira tamb�m esclarece que o mel monofloral � produzido a partir do p�len de apenas uma planta – enquanto o “mel silvestre” resulta de uma mistura de diversas esp�cies vegetais. “Cada mel monofloral tem uma caracter�stica peculiar”, destaca.
 
Para obter o produto, apicultores colocam as colmeias pr�ximas aos pequizeiros. O restante do trabalho � feito pelas abelhas, que coletam o p�len das flores da planta.
 
De acordo com o pesquisador da Unimontes, j� existem pequenos agricultores que se dedicam � produ��o do “mel de pequi” em v�rios munic�pios norte-mineiros conhecidos pela concentra��o de pequizeiros, entre eles Japonvar, Campo Azul, Cora��o de Jesus, Bocaiuva e Guaraciama.

EST�MULO � PRESERVA��O

A explora��o do “mel de pequi” � mais um alento que surge em prol da preserva��o da esp�cie nativa, j� que a produ��o depende da flora��o dos pequizeiros, que, normalmente, ocorre no m�s de setembro. A observa��o � do engenheiro de alimentos Jos� F�bio Soares, t�cnico da Cooperativa Grande Sert�o, de Montes Claros.
 
A entidade trabalha com o processamento de frutos nativos do cerrado e a comercializa��o dos seus derivados, a partir de parceria com associa��es de pequenos produtores do Norte de Minas. A quantidade de localidades que enviam o pequi in natura para a cooperativa d� a ideia do grande potencial do produto extrativista: s�o cerca de 300 comunidades da regi�o.
 
“Acredito que a produ��o do mel do pequi � uma motiva��o a mais para a preserva��o dos pequizeiros. Al�m disso, o produto ganha valor agregado, gerando mais emprego e renda nos pequenos munic�pios”, avalia F�bio Soares.
 
produto na forma congelada
Venda do produto na forma congelada � uma das formas de diversifica��o da cadeia produtiva (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.a Press)
 
 

Registro da marca e indica��o geogr�fica

A comercializa��o do fruto-s�mbolo do cerrado no Norte de Minas poder� ser ampliada a partir da busca do reconhecimento da indica��o geogr�fica dos produtos da cadeia produtiva do pequi. Tamb�m � feita mobiliza��o para o registo da Marca Coletiva do mel monofloral do pequi – a��es que est�o inseridas no projeto “Desenvolvimento Sustent�vel das Frutas Nativas e Plantadas da Agricultura Familiar para o Norte de Minas”.
 
O projeto � uma iniciativa � do Cons�rcio Intermunicipal Multifinalit�rio para o Desenvolvimento Ambiental Sustent�vel do Norte de Minas (Codanorte), em conv�nio com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa).
 
A coordenadora de Desenvolvimento Regional do Codanorte, Soraya Cavalcante Nunes Ottoni, salienta que o projeto envolve cerca de 200 produtores extrativistas e prioriza os 25 munic�pios norte-mineiros do chamado Arranjo Produto Local (APL) do Pequi.
 
Soraya lembra que a a��o visa a assegurar o desenvolvimento sustent�vel, com a gera��o de renda e preserva��o da esp�cie nativa. Com o projeto, afirma, espera-se um manejo adequado e consequentemente uma explora��o sustent�vel do recursos naturais, pela maior utiliza��o da produ��o e amplia��o das �reas de frutas nativas, pelo fortalecimento do APL do Pequi via aumento da ocupa��o de m�o de obra, al�m da agrega��o de valor aos produtos e renda para o agricultor familiar.
 
“Ao mesmo tempo, s�o preservados os germoplasmas das frutas nativas e a diferencia��o qualitativa de desenvolvimento social e territorial por meio da Identifica��o Geogr�fica do pequi do Norte de Minas Gerais”, acrescenta a representante do Codanorte.
 
Ela chama aten��o para a import�ncia do pequizeiro para a sobreviv�ncia nas pequenas comunidades do Norte de Minas. “Trata-se da planta nativa s�mbolo do cerrado brasileiro e o seu fruto � muito apreciado. Al�m do pequi, todas as frutas do cerrado e da caatinga t�m grande import�ncia para os produtores e para a popula��o consumidora, geram emprego, geram renda, geram dignidade e, muitas vezes, representam a �nica fonte de renda de muitos produtores e catadores”, observa. 
 
Mulheres trabalham no beneficiamento
Mulheres trabalham no beneficiamento do fruto: pesquisador ressalta que registro de marca coletiva valoriza produto e beneficia comunidades (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.a Press)
 
 

Fruto vai da mesa ao uso cosm�tico

O pesquisador Dario Alves de Oliveira revela que, em uma a��o conjunta, a Unimontes e a Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi) tentam o registro da Marca Coletiva do “mel de pequi”, assim domo de outros produtos da cadeia produtiva do fruto-s�mbolo do cerrado, incluindo cosm�ticos.
 
Ele ressalta que o registo da Marca Coletiva do mel e de outros produtos da cadeia produtiva vai trazer benef�cios diretos para os produtores extrativistas. “O registro � necess�rio para apoiar as comunidades, visto que a Marca Coletiva identifica produtos ou servi�os provindos de integrantes de uma determinada entidade”, afirma.
 
“A identifica��o por meio de marcas ou marcas coletivas � uma forma de proteger o produto, ou seja, registrar a marca e associar a qualidade com determinada peculiaridade com que foi criado”, acrescenta o pesquisador.
 
Dario Alves de Oliveira ressalta ainda que o registro da marca garante maior valoriza��o do produto org�nico no mercado, o que resulta em ganho financeiro para os pequenos produtores. “A valoriza��o de produtos no mercado, seja nacional ou internacional � uma forma de apoiar de maneira efetiva as comunidades que desenvolvem a atividade e, consequentemente, o desenvolvimento regional”, atesta, destacando a import�ncia e o crescimento do mercado em torno do produto tradicionalmente ligado ao extrativismo, mas em torno do qual floresce uma nova cultura. 


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