
Em uma noite de ter�a-feira, na �ltima semana de julho, mais de 300 pais de fam�lias de Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem e de outras cidades da Regi�o Metropolitana se reuniram na Igreja Nossa Senhora Rainha da Paz, no Belvedere. Estavam ali para levar um serm�o. N�o do padre, que n�o era dia de missa, mas de quatro especialistas em pediatria e nutri��o. Por duas horas, as profissionais ministraram palestras, orientaram fam�lias e deram um recado direto: � preciso mais cuidado com as crian�as. Em tempos de pressa, elas alertaram, maus h�bitos da vida moderna amea�am a sa�de dos pequenos.
Como parte de um projeto para ajudar pais, a pediatra Filomena Vale, a nutricionista Ermelinda Lara, a m�dica Maria Tereza Filgueiras e Nat�lia Fenner Pena, nutricionista do Instituto Avan�ado do Cora��o, tra�aram um cen�rio assustador do que percebem nos atendimentos di�rios. Em nome da praticidade, elas dizem, est�-se criando uma gera��o com mais crian�as barrigudinhas, m�opes, com defici�ncia de vitaminas e chances maiores de desenvolver doen�as graves quando adultas. “Se os pais n�o sa�rem da in�rcia, nossas crian�as n�o chegar�o aos 30 anos sem ter infarto, osteoporose e diabetes”, prev� Filomena Vale, m�dica da Santa Casa e mestre em pediatria pela UFMG.
Os problemas observados pelas m�dicas de BH t�m rela��o com h�bitos modernos e, em grande medida, com a m� alimenta��o. A maioria das crian�as com excesso de peso atendidas resiste em ingerir alimentos verdes e se acostumou com comida pronta. O resultado � o aumento da gordura abdominal e risco maior, no futuro, de diabetes tipo 2, hipertens�o arterial e colesterol alto. A alimenta��o inadequada tamb�m provoca falta de c�lcio, por exemplo, o que enfraquece ossos. A percep��o das m�dicas de BH � confirmada por pesquisas. O problema de peso das crian�as brasileiras, por exemplo, foi detectado no �ltimo levantamentoVigitel, do Minist�rio da Sa�de. Os dados mostraram que 33,5% das crian�as brasileiras com idade entre cinco e nove anos est� com excesso de peso.
O sedentarismo e a falta de sol tamb�m cobram fatura. Crian�as que fazem pouco exerc�cio f�sico correm risco de perder altura. Ficar confinado em casa, fazendo dever de casa ou com os olhos grudados na tev� ou computador, aumenta o risco de miopia e diminui a exposi��o ao sol. “Os meninos de hoje est�o fazendo reposi��o de vitamina D em gotas, mesmo vivendo em um pa�s ensolarado”, diz Filomena. De cada 10 crian�as atendidas pela pediatra, oito tiveram a indica��o de tomar “tr�s gotas di�rias de sol” por defici�ncia de vitamina D.
A boa not�cia para os pais � que especialistas garantem ser poss�vel gerenciar riscos. No Belvedere, ap�s o “serm�o”, muitos se comprometeram a tentar mudar h�bitos. “Vamos nos mudar para um apartamento com �rea privativa e viver ao ar livre com as crian�as”, diz a psic�loga Dzeila Peixoto, de 37 anos. Ela � m�e de Yuri, de 5 anos, e de Wisla, de 7. A mais velha, por indica��o m�dica, faz reposi��o de vitamina D, sel�nio e zinco. Come uma castanha por dia e, segundo a m�e, “j� cortou o suco de caixinha e corantes.”
