
No in�cio, o terreno da Pra�a 14 de Fevereiro, hoje Rio Branco, no Centro de Belo Horizonte, abrigava o Mercado Municipal, dono de estrutura met�lica importada da B�lgica. A inaugura��o ocorreu em 1900, mesmo ano em que o prefeito Bernardo Monteiro come�ava a constru��o de um pr�dio para exposi��o permanente de produtos do estado, no quarteir�o entre as ruas Cear�, Timbiras e avenidas Paraibuna (atual Bernardo Monteiro) e Caranda�. No entanto, a ideia, que vinha desde o in�cio da funda��o da cidade, n�o vingou. O edif�cio ficou muitos anos no alicerce at� ser cedido � Congrega��o dos Padres do Verbo Divino, que concluiu as obras e instalou ali o Col�gio Arnaldo. Algumas salas foram destinadas � exposi��o, conforme tinha sido estipulado no contrato, mas como ningu�m ia ver os produtos, a solu��o foi acabar com a mostra.
A proposta de criar o espa�o para divulgar as riquezas de Minas e atrair investimentos continuou de p�. Ao assumir o governo de Minas, Benedito Valadares (1892–1973) se animou com a empreitada e designou o ent�o secret�rio de Agricultura, Com�rcio e Trabalho, Israel Pinheiro (1896–1973), para comandar o projeto da Feira Permanente de Amostras, cujo pr�dio se tornou na �poca o mais alto de BH. V�rios locais foram examinados, entre eles as pra�as da Liberdade e Rui Barbosa (Esta��o), al�m das ruas S�o Paulo com Tupis, Avenida Augusto de Lima, perto da Pra�a Raul Soares, e outros. Depois de muita pesquisa, os t�cnicos conclu�ram que o melhor local seria o come�o da Avenida Afonso Pena, onde estava o Mercado Municipal. O local, que aos olhos do presente parece fadado � muta��o, pois o atual terminal rodovi�rio dever� migrar em 2013 para o Bairro S�o Gabriel, na Regi�o Nordeste, e o pr�dio vai virar um ponto para o transporte metropolitano, foi limpo e preparado para a edifica��o.
A inaugura��o da Feira Permanente de Amostras ocorreu em 1935. Conforme reportagem do Estado de Minas, chegou gente de toda parte para conferir a novidade. Afinal, como pr�dio mais alto da capital, era poss�vel, de sua torre, ver toda a cidade. Na festa de abertura, houve pompa e circunst�ncia. A pra�a se enfeitou, houve desfiles de bandas de m�sica e, no final, o governador entregou o local aos comerciantes, agricultores e industriais de Minas “para que eles l� colocassem os seus produtos”.
Na sua pesquisa “A participa��o do estado na moderniza��o e economia de Minas Gerais: a exposi��o permanente de 1901 e a Feira Permanente de Amostras de 1935”, Felipe Carneiro Munaier, formado em hist�ria na PUC Minas e mestrando na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a feira catalogava, organizava e divulgava todos os setores da economia mineira ao abranger as atividades extrativas, comerciais, industriais, agr�colas e pastoris. “As amostras ficavam expostas em estandes estabelecidos de acordo com cada regi�o e o visitante conseguia ter em pouco tempo uma vis�o geral das possibilidades econ�micas do estado.” Munaier revela que o pr�dio era uma vitrine de tudo o que se produzia em Minas e exibia esse potencial numa �poca em que a siderurgia engatinhava.
Em funcionamento por tr�s d�cadas, a feira, segundo Munaier, contribuiu para acelerar o desenvolvimento econ�mico da capital e arredores. “Estimulou, em especial, o crescimento da ind�stria de base, como a siderurgia, que tem por caracter�stica transformar o min�rio bruto em mat�ria-prima para as ind�strias de bens de consumo”
Farol
Uma reportagem do EM mostrou que muitos moradores consideravam a obra um desperd�cio de dinheiro, creditando o projeto � onda de ufanismo que dominava a �poca. Mas a novidade contagiava, conforme mat�ria do jornal: “Um tremendo farol girava, sem parar, varando a noite de Belo Horizonte. Sua luz chegava at� Sabar�. Contam que, quando apareceu naquelas bandas, muita gente teve medo e se escondeu. Alguns diziam que o farol era para derrubar avi�es noturnos em caso de guerra ou revolu��o. Outra coisa famosa era o rel�gio. Ele tornou-se a hora oficial da cidade e as m�es, quando queriam saber quantas horas eram, diziam logo: ‘Olha para a torre da Feira de Amostras’”.
O certo mesmo � que, aberta diariamente, a feira dessa vez tinha “pegado” na cidade. E todo mundo sempre fazia quest�o de dar uma passadinha por l� para admirar a cole��o de produtos minerais, peixes, animais empalhados e madeiras. A visita quase sempre terminava no bar-restaurante, onde a moda naqueles tempos era tomar refrigerante com os filhos. N�o raro, o prefeito Juscelino Kubitschek (1902–1976) aparecia e saboreava um bom sandu�che. Acompanhados dos professores, alunos do grupo escolar e do gin�sio (atuais ensinos fundamental e m�dio) e de faculdades tamb�m eram presen�a constante para estudar os min�rios, olhar sementes de plantas e animais e pesquisar o acervo. Um elevador levava os visitantes � discoteca, ao est�dio da R�dio Inconfid�ncia e ao palco da emissora, onde, � noite, havia programas de audit�rio com apresenta��o de grandes artistas. Em 1941, o terreno de tr�s da feira passou a sediar a rodovi�ria de BH, a primeira do pa�s.
Ep�logo
A hist�ria de gl�ria come�ou a dar sinais de derrocada em 1956. Nessa �poca ainda n�o havia o complexo de viadutos da Lagoinha e o tr�nsito come�ava mostrar a que veio: engarrafamentos e confus�o. Os t�cnicos do governo planejaram a constru��o da nova rodovi�ria para o local e sacrificaram o pr�dio em estilo art d�co. A constru��o come�ou em junho de 1965 e o terminal s� abriu as portas em 1971.

Saiba mais: onde est� o acervo
Minerais, rochas, gemas, f�sseis e meteoritos que compunham o acervo da Feira Permanente de Amostras formaram o embri�o do Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimar�es. Os exemplares pertenciam ao estado, em particular � Secretaria de Agricultura, e foram cedidos pelo governador Rondon Pacheco (no cargo de 1971 a 1975) � Secretaria Municipal de Cultura. O museu foi inaugurado em 12 de dezembro de 1974 no pr�dio da esquina da Rua da Bahia com Avenida Augusto de Lima, atual Centro de Cultura de BH. A amplia��o do acervo se deu por meio de doa��es. De 1974 a 1979 foram recebidas 786 novas amostras, chegando ao total de 2.287. H� 20 anos, a queda de uma parte do teto do edif�cio da Rua da Bahia provocou o fechamento do museu, reaberto em 2000 no pr�dio conhecido como Rainha da Sucata, na Pra�a da Liberdade, onde funcionou at� dezembro de 2009. Este ano, foram transferidas para o Museu das Minas e do Metal, reaberto em 2010.
Linha do tempo
1900 – Prefeito Bernardo Monteiro inicia a constru��o de um pr�dio destinado � exposi��o permanente de produtos do estado, no Bairro Funcion�rios, mas ela fica s� nos alicerces
1900 – Em 1º de outubro, � inaugurado, no in�cio da Avenida Afonso Pena, o mercado municipal de Belo Horizonte, que funciona at� 1929
1934 – Come�a a constru��o da Feira Permanente de Amostras, no terreno do antigo mercado municipal. O projeto era do arquiteto Raffaello Berti
1935 –A Feira Permanente de Amostras � inaugurada com festa e passa a atrair muitos visitantes
1941 – Em junho, a parte de tr�s do pr�dio da feira passa a abrigar a primeira rodovi�ria do pa�s
1956 – Governo planeja a constru��o de nova rodovi�ria, no local da feira
1965 –Demoli��o da Feira Permanente de Amostras e in�cio das obras da nova rodovi�ria
1971 – Em 9 de mar�o de 1971, � inaugurada a rodovi�ria de BH