O dia quente e seco do feriado da Independ�ncia mais uma vez propiciou os inc�ndios em vegeta��o em Minas Gerais. De acordo com balan�o parcial do Corpo de Bombeiros, quatro parques florestais e tr�s unidades de preserva��o ambiental no estado sofreram ontem com as chamas e, apesar dos esfor�os dos militares e brigadistas, com apoio de aeronaves, o combate n�o foi suficiente para extinguir todos os focos. Quem aproveitou o feriad�o para visitar os parques, como o da Canastra, em S�o Roque de Minas, no Centro-Oeste, encontrou os port�es fechados.
O inc�ndio no Parque Nacional da Serra da Canastra come�ou na quarta-feira. O chefe do parque, Darlan Alc�ntara de P�dua, informou ontem � noite que, apesar dos trabalhos de 25 brigadistas e o empenho de duas aeronaves tipo Air Tractor, tr�s focos n�o foram extintos. “Vamos analisar a situa��o e possivelmente pediremos refor�o”, disse. Segundo P�dua, dois focos est�o na Chapada da Canastra, na �rea de S�o Roque de Minas, e um na Chapada da Babil�nia, entre as cidades de Capit�lio (Sul) e Vargem Bonita (Centro-Oeste). Para ele, dificilmente o parque ser� aberto este fim de semana para os turistas.
O fogo tamb�m consome tr�s parques estaduais. No Verde Grande, em Matias Cardoso, no Norte, quatro avi�es Air Tractor foram usados ontem, mas n�o foi poss�vel conter as chamas. No Parque do Rio Doce, em Tim�teo, Vale do A�o, 17 brigadistas trabalhavam com apoio de um helic�ptero, sem sucesso, na extin��o do inc�ndio, iniciado na quinta-feira. No Biribiri, em Diamantina, Vale Jequitinhonha, 11 brigadistas e um helic�ptero estavam sendo usados no combate �s chamas.
Os inc�ndios atingem tamb�m as unidades de preserva��o de Pandeiros e Coch�/Gib�o, em Bonito de Minas, no Norte, e Fern�o Dias, em Extrema, no Sul. Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, o Corpo de Bombeiros recebeu 56 chamados ontem, 13 a mais que no dia anterior. Pela manh� um grupo voltou a combater o fogo numa �rea pr�xima � Serra da Piedade, em Caet�, que fica entre a localidade de Penedia, �s margens da MG-435, e o Asilo S�o Luiz. Acredita-se que mais de 20 mil metros quadrados de mata foram devastados pelas chamas, contidas no come�o da tarde.
Pelo Brasil
Cerca de 110 �reas de conserva��o ambiental no Brasil est�o com focos de inc�ndio, sendo que a maior parte – 38 casos – em Mato Grosso. A tend�ncia � que, com o in�cio das queimadas e o tempo seco que assola grande parte do pa�s, o volume cres�a nos pr�ximos dias. Somente nesta semana, houve aumento de 1,5 mil focos de queimadas em v�rios locais, atingindo n�o apenas a vegeta��o e a fauna silvestre, mas tamb�m as estradas. Ontem, o n�mero de queimadas chegava a 4 mil em 15 estados. Uma das regi�es que sofrem com as chamas � a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, local onde nasceu o seringueiro, morto em 1988.
Os �ltimos mapas gerados pelos sat�lites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no dia 4, o n�mero total de queimadas pelo pa�s era de 2.368 ocorr�ncias, subindo em 24 horas para 3.890 casos, volume superior ao de 2 de setembro, quando foram verificados 2.435 focos de inc�ndios, at� ent�o o maior n�mero que havia sido registrado. Al�m disso, o monitoramento feito pelo �rg�o mostra que a situa��o tende a piorar com risco de fogo em toda a Regi�o Centro-Oeste e parte da Amaz�nia.
O Cerrado � hoje a regi�o que mais arde, com quase 37% das queimadas registradas pelos sat�lites, seguido da Amaz�nia, 30,5% das ocorr�ncias, e o Pantanal, 26,2%. A forte estiagem e a pr�tica dos agricultores de lan�ar fogo na vegeta��o para limpar �reas para o plantio alimentam as queimadas.
Em Goi�s e no Noroeste de Minas Gerais as chamas j� atingem algumas reservas florestais, como a �rea de Prote��o Especial Santa Isabel e Espalha, em Paracatu, consumida pelo fogo durante quase toda a semana. O fogo na regi�o mineira n�o afeta apenas a �rea de conserva��o, que fica pr�xima a rodovias, mas outros locais onde h� vegeta��o densa. Muitas vezes o fogo chega ao mato � beira das estradas, causando transtorno aos motoristas, que t�m que parar os ve�culos para evitar acidentes. “� uma situa��o dif�cil de ser controlada”, reconhece Roberto Ribeiro, respons�vel pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER) em Paracatu. Ele explica que, al�m do perigo, h� mais raz�es para lamentar a crescente incid�ncia de inc�ndios na regi�o. “A fuma�a n�o � tudo. O problema maior � a quest�o ambiental”, diz Ribeiro, ressaltando que os focos tamb�m s�o causados por motoristas ou andarilhos que jogam objetos inflam�veis na beira da estrada, como pontas de cigarro.
Amea�a
Nem mesmo regi�es que, teoricamente, estariam protegidas est�o fora do risco de fogo, como a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. No local onde nasceu o l�der seringueiro, os sat�lites localizaram dois focos de queimadas. A �rea � cercada por fazendas, mas os pr�prios moradores utilizam as labaredas para limpar �reas de plantio e cria��o de gado. Outra unidade de conserva��o que est� sob amea�a � a Chapada dos Veadeiros, em Goi�s, com sete focos e, segundo avalia��o do Inpe, com s�rios riscos de novas queimadas nos pr�ximos dias.
Ontem, as �reas de conserva��o de Mato Grosso registravam 38 unidades de inc�ndios. Segundo levantamento feito pelos sat�lites do Inpe, a maior parte delas s�o terras ind�genas, onde foram localizados 76 focos. S�o Paulo, com 99 incid�ncias, tem o maior n�mero de queimadas em �reas de prote��o ambiental entre as unidades da Federa��o, enquanto que o Par� lidera os focos em unidades de conserva��o federais.