
Em sete anos, Minas Gerais perdeu 6 mil leitos de interna��o em hospitais que atendem pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS). Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o estado � o quinto do pa�s que mais perdeu vagas entre 2005 e 2012. Levantamento realizado pelo �rg�o mostra que havia 37.801 leitos em 2005. Agora, s�o 31.641, o que representa uma queda de 16,3%. O estudo tamb�m aponta as especialidades mais afetadas: pediatria, psiquiatria, cl�nica geral e obstetr�cia. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas (CRM), Jo�o Batista Gomes Soares, no mesmo per�odo, 111 hospitais foram fechados no estado.
“A tend�ncia mundial � de se internar cada vez menos, mas isso n�o ocorre num passe de m�gica e depende do aumento das medidas preventivas e do atendimento � sa�de b�sica. Outro problema � que nossa popula��o est� envelhecendo e, com mais idade, a interna��o aumenta. A redu��o do n�mero de leitos � uma quest�o de remunera��o. Hoje, a tabela do SUS n�o remunera o custo do procedimento”, afirma o presidente do CRM.
Regi�es
De maneira geral, o Brasil teve uma redu��o de 47.071 leitos neste per�odo, passando de 374.707 em 2005 para 327.636 este ano, uma m�dia de 7,8 mil por ano. A pesquisa do Conselho Federal de Medicina indica ainda que as regi�es Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as mais atingidas. Para o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital, n�o se deveria reduzir ainda mais o n�mero de leitos do SUS uma vez que j� existe falta cr�nica de vagas para interna��o.
“N�o h� no Brasil uma equa��o da demanda e da oferta e, por isso, n�o se pode diminuir ainda mais a quantidade de leitos. O que vai acontecer � que o pa�s n�o vai ter condi��es de internar as pessoas que precisam desse atendimento e o impacto � muito significativo”, avalia.
O estudo do Conselho relata que os gastos do governo brasileiro com os leitos do SUS n�o chegam a 45% do or�amento da sa�de, quando as experi�ncias internacionais pontuam que n�o h� como se manter um sistema �nico se n�o houver investimento de pelo menos 70% com gastos sanit�rios. O relat�rio tamb�m aponta que o n�mero de profissionais � suficiente. Segundo a pesquisa, s�o mais de 371 mil profissionais registrados no Brasil, numa propor��o de 1,95 m�dico para cada mil habitantes. Minas Gerais, estado com quase 39 mil profissionais em atividade, est� acima da m�dia: h� 1,97 m�dico para cada mil habitantes.
“H� m�dicos em n�mero suficiente, mas eles se recusam a participar dessa assist�ncia por causa das m�s condi��es de trabalho. O leito � a disponibilidade do espa�o para a interna��o, mas por tr�s ainda existe toda a infraestrutura hospitalar compar�vel a de um hospital de campanha. Isso � incompat�vel com o exerc�cio �tico profissional”, acredita o representante do Conselho Federal de Medicina.
Sobrecarga
Para o presidente do CRM, BH ainda sofre com a sobrecarga de pacientes vindos do interior e da Regi�o Metropolitana. “Se fosse para atender s� a capital, o n�mero de leitos at� daria, mas quando recebe gente de fora, n�o d� mesmo. Cerca de 40% da demanda da capital vem do interior, principalmente de Contagem e Betim. O SUS criou uma central, o que � importante, mas n�o h� vagas dispon�veis e, assim, n�o se resolve o problema.”
O Minist�rio da Sa�de, por nota, informou que o Brasil possui hoje 503.519 leitos, sendo 353.751 no SUS e 149.768 particulares. Os n�meros, segundo a nota, foram retirados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Sa�de no dia 6. A nota informa ainda que a redu��o no n�mero de leitos hospitalares � uma tend�ncia mundial “devido aos avan�os em equipamentos e medicamentos que possibilitam o tratamento sem necessidade de interna��o do paciente”. O Minist�rio lembra que o tempo m�dio de interna��o tamb�m � menor porque muitos procedimentos passam a ser feitos de forma ambulatorial, com possibilidade de o paciente se recuperar em casa.
De acordo com a nota, o SUS ampliou a capacidade de atendimento que ocorre no hospital, com os leitos de UTI. De 2003 a 2011, o crescimento foi de 39,6%, passando de 12.600 para 17.588. Para 2012, a meta � criar 1.783 novos leitos de terapia intensiva – 37,5% a mais que os 1.296 habilitados em 2011. Procurada, a Secretaria de Estado de Sa�de n�o respondeu at� o fechamento desta edi��o.