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Estado de Minas

Mais dois patrim�nios hist�ricos ganham prote��o em Minas

Col�gio datado de 1779, em Ouro Preto, e uma fazenda constru�da entre 1760 e 1780, em Santa Rita do Jacutinga, duas joias coloniais, ser�o tombados pelo patrim�nio estadual


postado em 28/09/2012 06:00 / atualizado em 28/09/2012 06:29

Colégio datado de 1779, em Ouro Preto, e uma fazenda construída entre 1760 e 1780, em Santa Rita do Jacutinga, duas joias coloniais, serão tombados pelo patrimônio estadual (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press )
Col�gio datado de 1779, em Ouro Preto, e uma fazenda constru�da entre 1760 e 1780, em Santa Rita do Jacutinga, duas joias coloniais, ser�o tombados pelo patrim�nio estadual (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press )

Ouro Preto  – Dois importantes monumentos coloniais de Minas v�o ganhar prote��o estadual e, com isso, se livrar da descaracteriza��o, derrubada ou sanha da especula��o imobili�ria. O Col�gio Dom Bosco, de 1779, um dos marcos do distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Regi�o Central, e a Fazenda Santa Clara, constru�da entre 1760 e 1780 em Santa Rita de Jacutinga, na Zona da Mata, ser�o tombados pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG). A informa��o � do presidente da institui��o, Fernando Cabral, que participou nessa cidade do 6º Semin�rio Patrim�nio Cultural – Conserva��o e Restaura��o no S�culo 21, promovido pela Funda��o de Arte de Ouro Preto (Faop).

Segundo Cabral, j� foi feita a licita��o para elabora��o do dossi� – documento que representa um raio X da quest�o, contendo pesquisa hist�rica, usos ao longo do tempo, vistoria t�cnica etc. – sobre o pr�dio de Cachoeira do Campo, que foi cavalaria, internato, escola, hotel e centro de conven��es, e a propriedade rural expoente do auge do per�odo cafeeiro. A expectativa � de que o trabalho fique pronto em 120 dias, para ent�o ser apreciado pelo Conselho Estadual do Patrim�nio Cultural (Conep). No caso espec�fico do Dom Bosco, o tombamento vai representar, de uma vez por todas, o sepultamento da ideia de se transformar a �rea de entorno num condom�nio. “A finalidade ter� que ser cultural ou educativa”, disse Cabral.

O dirigente do Iepha destacou que muitas institui��es e �rg�os como a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a Faop, prefeitura local, a Secretaria de Estado da Cultura e a Pol�cia Militar j� se interessaram em adquirir e ocupar o espa�o,  considerado um �cone do distrito. Na tarde de ontem, o an�ncio do tombamento, comunicado pelo Estado de Minas aos integrantes da Associa��o em Defesa da Educa��o e Patrim�nio P�blico de Ouro Preto, empenhados na campanha “O Dom Bosco � nosso”, resultou em euforia. “Essa iniciativa � fundamental para garantir a preserva��o da constru��o, pois evitar� que ele perca a sua identidade e a finalidade primordial de ser um lugar de educa��o e cultura”, disse o professor de hist�ria Jos� Augusto Concei��o, residente em Cachoeira do Campo e docente em duas escolas. Com entusiasmo, Jos� Augusto, na companhia dos integrantes da associa��o Jorge Br�scia, Wanderley Rossi e Jayme Ant�nio, esteve em frente ao port�o de ferro do col�gio.

A defesa do Col�gio Dom Bosco, pertencente � Inspetoria S�o Jo�o Bosco (ISJB), da Congrega��o dos Salesianos, come�ou no in�cio do ano passado, quando os integrantes da associa��o souberam da inten��o de venda, pelos salesianos, do terreno para constru��o de um condom�nio. De imediato, para proteger o patrim�nio cultural, o ent�o promotor de Justi�a da comarca, Ronaldo Crawford, instaurou inqu�rito a fim de apurar as circunst�ncias da negocia��o, “que desperta grande sentimento na comunidade”, conforme declarou ao EM. Todo o processo teve acompanhamento do coordenador das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico/MG, Marcos Paulo de Souza Miranda.

Palco de conflitos

Na �poca, lembra o professor Jos� Augusto, o objetivo da comunidade era tentar reverter a negocia��o do pr�dio do s�culo 18 e terrenos, ainda sem tombamentos federal, estadual ou municipal. A alega��o principal � de que a congrega��o, que manteve escola local de 1896 a 1994, recebeu a propriedade em doa��o feita ent�o governador de Minas, Affonso Penna (1847–1909), “com o compromisso de manter nas suas depend�ncias a fun��o educacional – um col�gio para meninos pobres da regi�o”. Al�m da cess�o do im�vel, o governo do estado teria fornecido recursos financeiros para obras de recupera��o e adapta��o. Antes, em 1881, o conjunto fora doado ao governo de Minas por dom Pedro II (1825–1891). “Hoje tememos a degrada��o do pr�dio, j� que ele vem sendo usado como alojamento de 450 trabalhadores de uma empresa”, afirma.

“N�o podemos perder esse patrim�nio, que demanda um trabalho arqueol�gico”, diz o professor Jos� Augusto. A �rea foi palco de epis�dios importantes, como a Guerra dos Emboabas, no in�cio do s�culo 18, a Inconfid�ncia Mineira (1789) e a Revolta de Felipe dos Santos, em 1720. J� o pr�dio foi constru�do pelo governador dom Ant�nio de Noronha, que mandou construir, no local, o quartel para abrigar o rec�m-formado Regimento Regular de Cavalaria de Minas, onde serviu o alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes (1746 a 1792), o m�rtir da Inconfid�ncia Mineira. Em 1816, a constru��o foi adaptada para funda��o da Coudelaria Imperial. De grande beleza, a regi�o exibe matas e cachoeira, estando �s margens da Rodovia dos Inconfidentes. A Inspetoria S�o Jo�o Bosco se limita a informar que “desconhece qualquer comunica��o oficial dos �rg�os envolvidos em eventual processo de tombamento do pr�dio”.

O Colégio Dom Bosco, de 1779, será tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG)(foto: BETO NOVAES/EM/D.A Press - 20/2/07)
O Col�gio Dom Bosco, de 1779, ser� tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG) (foto: BETO NOVAES/EM/D.A Press - 20/2/07)


Impon�ncia de mais de dois s�culos

H� exatos quatro anos, a Fazenda Santa Clara, em Santa Rita de Jacutinga, a 355 quil�metros de Belo Horizonte, come�ou a ser alvo de uma pesquisa detalhada (levantamento hist�rico e arquitet�nico), por especialistas do Iepha-MG, para o tombamento que dever� ocorrer no in�cio do pr�ximo ano. Localizada �s margens do Rio Preto, a propriedade � considerada uma das mais imponentes de Minas – s� de janelas, s�o 365, uma para cada dia do ano, sendo 24 falsas, por estarem localizadas nas senzalas. Segundo o presidente do Iepha, Fernando Cabral, o im�vel particular apresenta problemas, em especial na cobertura, e a recupera��o est� “nas m�os dos herdeiros”, que somam 38 pessoas.

Grande produtora de caf� e celeiro de escravos nos s�culos 18 e 19, a Santa Clara demandou, na sua edifica��o, centenas de cativos. Quem chega �s margens do Rio Preto, que divide parte dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, n�o deixa de ficar deslumbrado com o casar�o de cor branca, senhor absoluto da regi�o e da mata exuberante que o circunda. A paisagem serviu de cen�rio para a novela de televis�o Terra nostra, exibida entre 1999 e 2000, que era ambientada numa fazenda de caf� e mostrava a imigra��o italiana no pa�s.

De acordo com o livro A cidade das cachoeiras, de Laudelina Marinho Nogueira, o solar conhecido como Mans�o dos Fortes foi, originalmente, resid�ncia da fam�lia Fortes Bustamante. Em 1824, era ocupada pelo casal Francisco Fortes e Maria Tereza de Souza Fortes, baronesa de Monte Verde, que n�o teve filhos. Hoje moradia, a fazenda guarda detalhes interessantes. A senzala n�o tinhas janelas, mas apenas desenhos que indicavam, com perfei��o, a sua presen�a na fachada. Essa era a forma encontrada pelos senhores para evitar que os cativos n�o ficassem olhando para a casa grande. O artif�cio permitia tamb�m que os visitantes acreditassem que a senzala tinha, al�m das portas, as necess�rias janelas para ventila��o.

Advogado José Mendes Honório, um dos herdeiros da Fazenda Santa Clara, em Santa Rita do Jacutinga, lembra que o casarão é residência, desde 1923, da família, cuja matriarca é a avó dele, Dolores Mendes Honório, de 104 anos(foto: RODRIGO CLEMENTE/EM/D. A PRESS)
Advogado Jos� Mendes Hon�rio, um dos herdeiros da Fazenda Santa Clara, em Santa Rita do Jacutinga, lembra que o casar�o � resid�ncia, desde 1923, da fam�lia, cuja matriarca � a av� dele, Dolores Mendes Hon�rio, de 104 anos (foto: RODRIGO CLEMENTE/EM/D. A PRESS)
Um dos herdeiros, o advogado Jos� Mendes Hon�rio, lembra que o casar�o � resid�ncia, desde 1923, da fam�lia, que tem como matriarca a av� dele, Dolores Mendes Hon�rio, de 104 anos, nascida em Carvalhos, na Regi�o Sul. Satisfeito com o an�ncio do tombamento, ele afirma que “a maioria esmagadora da fam�lia” � contra a prote��o estadual. Mas, decidido e ciente da necessidade de preservar a joia arquitet�nica da Zona da Mata, avisa que vai pedir tamb�m o tombamento federal, responsabilidade do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). A Santa Clara � tombada pelo munic�pio desde o ano passado.

A fase posterior, adianta, ser� correr atr�s de recursos para recuperar o pr�dio. “Recebemos a visita de diversos profissionais, como arquitetos, restauradores e historiadores, al�m de estudantes. Trata-se de um local para pesquisas hist�ricas e cient�ficas e, com o tombamento estadual, poderemos estreitar os la�os com a comunidade e tra�ar um esquema, com o Iepha, para visita��o p�blica”, afirma Mendes, ressaltando o empenho do Minist�rio P�blico Estadual (MPE)/Coordena��o das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico/MG para preservar o bem cultural.


Esmeraldas tamb�m abriga uma rel�quia

Na quarta-feira, a dire��o do Iepha-MG visitou a Fazenda Santo Ant�nio, em Esmeraldas, para uma visita t�cnica. Estiveram no local Fernando Cabral; o vice-presidente da institui��o, Pedrosvaldo Caram dos Santos; e o diretor de Conserva��o e Restaura��o, Renato C�sar de Souza. De acordo com informa��es do Iepha, a casa sede, conhecida como Solar de Santo Ant�nio, � imponente, s�lida e com caracter�sticas coloniais. O im�vel foi constru�do nas primeiras d�cadas do s�culo 19, conforme data encontrada em pe�a de moinho de fub� instalado nas proximidades (1818). A fazenda pertenceu a Jos� Teixeira de Vasconcelos, que, em 1825, recebeu o t�tulo de bar�o do Caet�. Um ano depois, no dia de sua posse como senador do Imp�rio, foi condecorado visconde de Caet�. O bem � tombado pelo Iepha desde agosto de 2004.


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