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Estado de Minas

Parque Serra do Curral oferece trilhas com altitudes pr�ximas a 1,4 mil metros


postado em 30/09/2012 07:34

A vista nos pontos mais elevados das trilhas é de tirar o fôlego. É possível ver toda Belo Horizonte e partes de alguns municípios que estão mais próximos da capital(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A vista nos pontos mais elevados das trilhas � de tirar o f�lego. � poss�vel ver toda Belo Horizonte e partes de alguns munic�pios que est�o mais pr�ximos da capital (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Desde os prim�rdios, � em cima da montanha que civiliza��es antigas ou contempor�neas se voltam para o encontro com o sagrado. De fato, chegar ao topo e encarar a vida de cima, mais perto do c�u, desperta sensa��es diferentes – ora medo, ora liberdade, sempre encantamento. S�mbolo da capital, a Serra do Curral, com seus mais de 1,3 mil metros de altitude, � um convite a essa experi�ncia de conhecer os pr�prios limites e, ao mesmo tempo, decifrar um mapa instigante. S� l� de cima � poss�vel ver que, numa linha reta imagin�ria, quem sai da Avenida Afonso Pena poderia chegar ao Mineir�o. Que o Parque Municipal � o cora��o verde de BH. Nas alturas, � poss�vel conhecer uma lagoa imensa em Nova Lima que nasceu dos impactos da minera��o e constatar que a regi�o metropolitana � do tamanho de um abra�o.

Na semana passada, o Estado de Minas se aventurou pela Travessia da Serra, principal atrativo do Parque Serra do Curral, no Bairro Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul, inaugurado h� tr�s semanas. Foram tr�s horas e meia ao longo de quatro quil�metros na crista da serra em altitudes que v�o de 1.200 a 1.380 metros. Sem d�vida, uma experi�ncia de tirar o f�lego – em todos os sentidos –, que inclui trechos de alto n�vel de dificuldade, mas que j� foram vencidos por um visitante de 92 anos. Eram 8h30 da manh� quando o grupo de 10 pessoas (nenhum atleta!), todas funcion�rias do Parque das Mangabeiras, deu in�cio � empreitada. Tr�s condutores ambientais acompanharam o percurso, norma de seguran�a da �rea verde.

Ainda na Pra�a Carlos Drummond de Andrade, ponto de partida da trilha, o guia C�lio Maciel deu as orienta��es: “Observar o ch�o, n�o esquecer de reabastecer as garrafinhas de �gua nos bebedouros no trajeto e respeitar os moradores da Serra do Curral, as plantas e os animais”. Perneiras estavam � disposi��o dos visitantes, uma prote��o contra animais pe�onhentos – � bom dizer que, para o al�vio de muitos e tranquilidade geral do passeio, nenhuma cobra cruzou o caminho do grupo. Depois dos alongamentos e iniciada a caminhada, a d�vida na estrada de terra que d� acesso � trilha era se todos conseguiriam superar a primeira e mais dif�cil parte da travessia: uma subida de pedras �ngremes.

“Senti bastante a subida, mas fofa do jeito que estou e aos quarentinha, s� podia chegar bufando mesmo”, comentou a servente Vanuza Aparecida Silva do Carmo, de 40 anos, recompensada pela vista, j� na primeira parada, em um dos marcos de tombamento da Serra do Curral. Uma vis�o que convida o visitante a explorar a geografia urbana, identificar a Cidade Administrativa, o Edif�cio JK, no Centro de BH, a Lagoa da Pampulha, o munic�pio de Contagem. Mas o cen�rio de amea�as ao s�mbolo da capital tamb�m come�a a aparecer. Ao p� da Serra, uma jazida de dolomita e, bem perto da montanha, no munic�pio de Nova Lima, arranha-c�us que parecem querer tirar a soberania da Serra do Curral.

BELEZAS NATURAIS
Pouco mais acima e j� alcan�ando os 1.376 metros de altitude, o Pico do Itabirito, com 1.586 metros, no munic�pio de mesmo nome, na Regi�o Central, come�ou a dar o ar da gra�a no horizonte. Na empolga��o, houve quem arriscasse dizer que o Pico do Itacolomi, em Ouro Preto, tamb�m na Regi�o Central, era “aquele pontinho mais � esquerda, viu?”. Dif�cil enxergar tudo num espa�o onde quil�metros s�o atravessados num olhar. De um lado BH, do outro Brumadinho, Nova Lima e Sabar�, todos ao p� da majestosa Serra do Curral, um dos limites do Quadril�tero Ferr�fero. “S�o pontos muito distantes um do outro e daqui de cima vemos todos eles”, comenta a enfermeira Cl�udia Ferreira, de 42.

A chegada � Pra�a do Encontro, o maior dos 11 mirantes do percurso, foi tamb�m a hora de recarregar as garrafinhas de �gua, ir ao banheiro para encarar o in�cio da trilha na crista da serra. Dali em diante, o acesso � trilha � restrito, com passagem trancada a sete chaves. Mesmo assim, Hel�nio Augusto da Gra�a, 64 anos, h� 30 funcion�rio do Parque das Mangabeiras e grande conhecedor da regi�o, conta que pessoas n�o autorizadas continuam entrando no parque. “Mas agora pelo menos n�o tem assaltante”, comemora.

Os guarda-corpos tamb�m ficam mais frequentes nesse trecho do percurso e a trilha segue ao longo do encanamento de preven��o de inc�ndios situado no alto da montanha. A vegeta��o rasteira dos campos rupestres chama aten��o, assim como o voo dos urubus, uma das 125 esp�cies de aves identificadas na regi�o de transi��o entre o cerrado e a mata atl�ntica. Mas j� na parte de mais dif�cil do percurso – que, para o espanto dos visitantes, n�o conta com guarda-corpo – a surpresa maior � quando uma grande lagoa se revela por tr�s da montanha.

� a antiga cava da Mina de �guas Claras, desativada em 2002 e de onde foram retirados 300 milh�es de toneladas de min�rio de ferro pela Minera��es Brasileiras Reunidas (MBR), atualmente da Vale. A informa��o do parque � de que o espelho d’�gua, maior lago de minera��o da Am�rica Latina, tem profundidade de 234m, embora a Vale sustente que s�o “apenas” 120m. No entorno do lago, taludes erodidos e terreno �rido d�o pistas de um passado de devasta��o.

Vencida a maior parte da travessia, � chegada hora de descer 497 metros at� a base da montanha. Num terreno formado por lascas de min�rio, as escadas sem d�vida ajudam, mas em alguns trechos ainda � preciso recorrer ao cl�ssico “esquibunda”. Degrau a degrau, a sensa��o entre os integrantes � de supera��o, encantamento e responsabilidade. “Achei que fosse mais dif�cil a caminhada, e a vis�o � muito bonita. Temos que preservar esse monumento”, diz Vanusa, no ponto do �nibus que levaria o grupo novamente � portaria do Parque Serra do Curral. “Mas podemos voltar pela montanha de novo. Anima?”, sugere Hel�nio.

A lagoa com profundidade que chega a 234m, símbolo da devastação causada pela mineração no entorno da Serra do Curral(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A lagoa com profundidade que chega a 234m, s�mbolo da devasta��o causada pela minera��o no entorno da Serra do Curral (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Mem�ria

Tombamento na d�cada de 1960


Com tra�ado marcante, a Serra do Curral, antes Serra de Congonhas, foi tombada em 1960 pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). Em 1991, o alinhamento das montanhas tamb�m foi inclu�do como bem tombado para fins de preserva��o. Seis anos depois, Belo Horizonte elegeu a montanha como s�mbolo da cidade. Seu alinhamento faz divisa com os munic�pios de Belo Horizonte, Sabar�, Nova Lima, Brumadinho e Ibirit�. H� mais de 20 anos, lutava-se pela cria��o de um parque que compreendesse a Serra do Curral. Apenas em 2002 come�ou a implanta��o da �rea verde, inicialmente batizada de Pared�o da Serra do Curral. As obras de infraestrutura come�aram em 2008 e, depois do an�ncio de sete datas de inaugura��o, o parque foi aberto ao p�blico este m�s.

Entrada gratuita por enquanto

Embora a Funda��o de Parques Municipais (FPM) tenha anunciado a cobran�a de at� R$ 15 para conhecer o Parque Serra do Curral, a �rea verde est� funcionando com entrada gratuita por tempo indeterminado. De acordo com a supervisora Marta Am�lia Lima, a decis�o sobre os valores entrar� em vigor apenas com a publica��o de decreto regulamentando a cobran�a. “Ainda n�o sabemos quando e se isso vai ocorrer”, afirma. O parque funciona das 8h �s 17h, de ter�a-feira a domingo, e tem limite de visita��o de 700 pessoas.


A Travessia da Serra tem restri��o de 60 visitantes por dia, que devem marcar previamente o passeio pelo email [email protected] ou pelos telefones (31) 3277-8120/8100. H� quatro hor�rios por dia – de manh� e � tarde – e os grupos t�m limite de 20 pessoas. Menores de 14 anos n�o podem fazer a trilha. Quem faz a travessia preenche um termo de responsabilidade e comunica��o de riscos e passa a contar com seguro por acidente, acidente com invalidez e morte.
Uma das orienta��es � em rela��o ao uso de roupas e cal�ados adequados � pr�tica de caminhada. Em rela��o � falta de corrim�os em pontos considerados dif�ceis, a supervisora afirma que uma equipe especializada em trilhas contratada pela prefeitura indicou os locais onde seria necess�rio instalar guarda-corpos. A visita��o, segundo ela, tem sido um sucesso, com passeios j� marcados para o fim de outubro. “Tivemos dois senhores, um de 92 e outro de 87, fazendo a Travessia da Serra”, anima-se Marta.


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