(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Plano de chuva vai travar Belo Horizonte

Sem apresentar planejamento pontual de a��es, rotas alternativas e desvios para o tr�nsito, prefeitura lan�a medida que prev� fechamento total de ruas e avenidas em caso de inunda��o


postado em 20/11/2012 06:00 / atualizado em 20/11/2012 06:44

Avenida Cristiano Machado, historicamente problemática quando ocorrem enchentes, tem placa indicando atenção nos dias chuvosos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Avenida Cristiano Machado, historicamente problem�tica quando ocorrem enchentes, tem placa indicando aten��o nos dias chuvosos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
 

Ruas e avenidas com amea�a imediata de inunda��o ser�o solenemente fechadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), impedindo a entrada de qualquer ve�culo ou pedestre que n�o estejam entre as a��es do poder p�blico de resgate ou reparos. A medida, divulgada ontem pela PBH, deve estar pronta para ser implantada nos pr�ximos dias. No entanto, ela n�o prev� levantamento sistem�tico de rotas alternativas, desvios e retornos para os ve�culos, �nibus e caminh�es, quesito fundamental na avalia��o de especialistas em transporte e tr�nsito para evitar ainda mais congestionamentos na cidade. Isso sem contar que, com a proximidade do per�odo natalino, a tend�ncia � de mais carros nas ruas, motoristas estressados e movimenta��o intensa de pedestres nos principais pontos comerciais da capital.

“As equipes da BHTrans levariam de 20 a 30 minutos para chegar ao local. Ser� realizado o fechamento da via com sinaliza��o, permitindo acesso somente ao pessoal em miss�o (ambul�ncias e viaturas). Nas vias com tr�nsito local, n�o haver� desvios a serem realizados e os fechamentos n�o afetar�o o transporte coletivo”, informou a prefeitura por meio de um comunicado. As mudan�as repentinas do transporte coletivo e desvios sem estudos aprofundados foram  criticados por especialistas.

Um plano completo de fechar vias amea�adas por inunda��es durante tempestades, como declarou na sexta-feira o prefeito Marcio Lacerda (PSB), n�o encontraria tempo h�bil para ser concebido ou sequer aplicado na sua totalidade nesta temporada chuvosa de 2012/2013. Especialistas em engenharia de transporte e tr�nsito procurados pelo Estado de Minas avaliam que iniciar o levantamento das condi��es dos 80 pontos de alagamento do munic�pio, identificar trechos de reten��o, tra�ar as rotas alternativas e desviar �nibus j� seria imposs�vel para este ano.

Soado o alarme de uma enchente, colocar a parte operacional na rua, – que � aplicar tudo isso nas vias amea�adas, em diversos pontos simult�neos, usando apenas a m�o de obra dos agentes da BHTrans e da Guarda Municipal –, � ainda mais complicado. O prefeito declarou ainda que as obras de amplia��o do sistema de drenagem da cidade e da capacidade das vias, que seriam a solu��o definitiva para as enchentes, levar�o mais de cinco anos e custar�o cerca de R$ 4 bilh�es.

 “Bloquear o tr�fego para que as pessoas n�o transitem onde pode alagar � uma medida extremamente delicada. N�o � nada simples de se executar. Seria necess�rio fazer uma licita��o para contratar empresas especializadas para refor�ar os t�cnicos da PBH s� para estudar as alternativas”, avalia o mestre em engenharia de transportes e professor da PUC Minas, Paulo Rog�rio da Silva Monteiro. “Os locais mais cr�ticos dever�o receber o planejamento de uma vez. Outros, apesar de graves, ter�o de esperar, porque um plano assim s� sendo implantado paulatinamente”, estima o engenheiro civil e especialista em transporte e tr�nsito, Silvestre de Andrade Puty Filho.

AMEA�AS De acordo com os engenheiros de tr�nsito, locais como as avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos, Tereza Cristina, Francisco S� e Vilarinho – todas com hist�rico de inunda��es, preju�zos e at� mortes – t�m problemas espec�ficos e precisam de solu��es de desvio e bloqueio bem preparadas. “H� lugares onde a amea�a � a insufici�ncia da drenagem da via; outros sofrem com a canaliza��o de c�rregos. Temos vias que concentram �gua por estar em depress�es e fundos de vale”, cita Silvestre Filho. E os problemas n�o s�o recentes: a Bernardo Vasconcelos e a Cristiano Machado, por exemplo, protagonizam o transbordamento do C�rrego Cachoeirinha desde o in�cio dos anos 1990.

O professor da PUC aponta ainda que n�o basta criar rotas alternativas e bloqueios simplesmente, sem medir os impactos dessas altera��es no tr�fego do restante da cidade, principalmente porque as tempestades costumam surgir no fim da tarde, justamente no hor�rio em que o tr�nsito de ve�culos est� mais intenso. “Uma a��o dessas vai tirar alternativas de circula��o de vias que s�o bastante importantes. Estimar o impacto real dessa medida da PBH em cada hor�rio do dia � fundamental para saber se o plano ser� vi�vel.”

Uma vez planejada a interven��o, a parte de execu��o dos bloqueios e desvios precisaria ser delegada a equipes espec�ficas que ficariam a postos. “A sintonia dos alertas pluviom�tricos com as equipes de a��o � muito importante, para que tudo funcione como deve”, acrescenta Silvestre Filho. Essa parte operacional consiste em usar barreiras com cones, cavaletes e cancelas para demarcar desvios e vias bloqueadas, inteira ou parcialmente. “Pode ser necess�rio inverter as m�os de uma avenida de grande porte, delimitando os espa�os com cones ou at� transformar um sentido em sentido duplo, com indica��es de desvios antes”, completa.

No comunicado a PBH alega que as mudan�as da forma como foram pensadas s�o suficientes e informa que, na sexta-feira, a BHTrans recebeu aviso de possibilidade de chuva com inunda��o. “A equipe estava pronta em 20 minutos, com todos os equipamentos de sinaliza��o, mas n�o foi necess�ria nenhuma a��o (porque a chuva n�o caiu)”, informou a nota.

Daniela Mansur mostra marca de água na porta da loja e diz que negócio pode cair se via for fechada(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Daniela Mansur mostra marca de �gua na porta da loja e diz que neg�cio pode cair se via for fechada (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Cidad�o teme preju�zos

As constantes inunda��es na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, que foi constru�da sobre o c�rrego de mesmo nome, e que fica confinado em galeria subterr�nea, levaram os moradores, comerciantes e industriais a se precaver. Entradas de lojas foram elevadas, portas corta-enchentes instaladas e port�es refor�ados. Depois de muitas noites sem dormir e de finalmente terem conseguido proteger suas casas e neg�cios, os moradores temem que o plano de conting�ncia os deixe ilhados e traga preju�zos.

Na vidra�aria onde Daniela Mansur, de 30 anos, � gerente de vendas, as entregas feitas por motos e ve�culos de carga representam cerca de 50% do movimento. No caso de uma tempestade, ela teme ficar sem alternativa de escoamento da produ��o, o que traria dificuldade para atender clientes, al�m de impedir a chegada de insumos. “Dependemos da Avenida Vilarinho para funcionar. Se a via est� fechada, usamos a (Rua) Padre Pedro Pinto ou a (Avenida) Cristiano Machado. S� que todas elas t�m problemas de inunda��o. Se a prefeitura fech�-las, ficaremos isolados aqui.”

Para Daniela, a solu��o seria fazer obras que resolvessem o problema de forma definitiva. “A (Avenida) Vilarinho foi feita e fecharam o c�rrego. Melhorou por um tempo, mas a �gua voltou a subir. Tinha de ter uma obra que resolvesse. O tio do meu esposo ficou preso no meio da �gua e teve de sair do carro r�pido se n�o seria arrastado. Foi um horror”, lembra. Morador do Bairro Bonsucesso, o vendedor Ricardo Almeida, de 27, disse que j� precisou enfrentar de moto muitas inunda��es do Ribeir�o Arrudas e do C�rrego Bonsucesso. “Acontece tudo muito r�pido. A �gua vem subido e a gente n�o consegue escapar. Se a prefeitura conseguir prever e fechar a avenida, a gente mesmo escolhe outro lugar para passar e n�o se arrisca.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)