Em meio a um clima de tens�o e � cobran�a por medidas de seguran�a, a Pol�cia Militar anunciou que vai instalar uma base operacional no ponto mais alto do Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul de BH. Ontem, pelo terceiro dia consecutivo, os �nibus deixaram de circular no local, onde abordagem policial resultou numa morte na segunda-feira. O policiamento mais uma vez foi ostensivo. Desde que o servente de pedreiro Helenilson Eust�quio da Silva Souza, de 24 anos, foi morto com um tiro, a tens�o tomou conta do morro e levou a v�rios bloqueios. L�deres da comunidade se reuniram com a PM e criticaram a a��o, mesmo a v�tima tendo envolvimento com o tr�fico de drogas. A principal reivindica��o � a instala��o do Conselho Comunit�rio de Seguran�a P�blica (Consep). Paralelamente, trabalho de intelig�ncia da PM identificou 44 alvos priorit�rios, por suposta liga��o com crimes.
De acordo com o comandante do Policiamento Especializado, coronel Ant�nio Carvalho, a unidade prevista ter� pelo menos uma equipe permanente. Ele descarta semelhan�as com a Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP), do Rio de Janeiro. “O conceito da UPP � o do resgate onde havia aus�ncia do estado. No nosso caso, o que estamos fazendo � refor�ar o policiamento e o atendimento � comunidade”, afirmou. N�o foi estabelecido prazo para implanta��o da medida.
Pela manh� as viaturas continuaram ocupando v�rios pontos. Alguns servi�os funcionaram, como correio e transporte escolar. A p�, a empregada dom�stica Laura Ramos, 42, lamentou mais um dia de sacrif�cio. “N�o � brincadeira, complica demais. J� ouvi coment�rios de que amanh� (hoje) o servi�o volta ao normal”, diz ela. “
Reuni�o
A PM e representantes comunit�rios se reuniram na sede da 127ª Companhia. Moradores sustentavam que a cria��o do Consep aproximaria a comunidade e a corpora��o e inibiria a viol�ncia. Pediram tamb�m apoio para a retomada imediata do transporte p�blico. Pelo menos dois �nibus foram incendiados.
“Esses atos de vandalismo n�o partem da comunidade. N�o podemos ser punidos por atos que n�o cometemos”, diz o pastor Jackson Caetano, um dos l�deres comunit�rios. Ele demonstrou preocupa��o com a cobran�a da PM quanto a den�ncias sobre criminosos ou desvios policiais. “Como fica nossa seguran�a depois?”.
O comandante do Policiamento da Capital, coronel Rog�rio Andrade, afirmou que a PM trabalha com �tica e com respeito aos direitos humanos, em resposta � cr�tica de o corpo ter sido retirado do lugar onde houve a ocorr�ncia. H� contradi��o nas vers�es sobre a morte. De acordo com os policiais envolvidos, a v�tima estaria com tr�s homens e reagiu a uma abordagem, levando um tiro no peito. Testemunhas garantem que ele foi executado com um disparo na cabe�a. Andrade assegurou que haver� transpar�ncia na condu��o das investiga��es.
Delegado planeja cerco a 44
Est� nas m�os do novo delegado-chefe do 1º Departamento da Pol�cia Civil, Anderson Alc�ntara Silva Melo, uma lista com 44 alvos priorit�rios envolvidos em crimes no Aglomerado da Serra. Os nomes foram levantado pela PM. A Pol�cia Civil ter� papel importante para investig�-los e conseguir ind�cios para que sejam presos. Alguns j� podem ter mandados de pris�o em aberto, segundo o delegado, e esses ser�o ca�ados. A PM informou que de janeiro a outubro foram registradas 101 ocorr�ncias de tr�fico de drogas nas vilas e favelas da Serra, 32 armas foram apreendidas e 780 pessoas detidas. “Por fragilidade na legisla��o, hoje a pris�o � considerada exce��o, mas vamos cruzar informa��es e intensificar a investiga��o para retirar as lideran�as negativas de l�”, afirma o delegado.
Comandante do 22º Batalh�o, o tenente-coronel Luiz Jos� Francisco Filho diz que no aglomerado, onde vivem mais de 50 mil pessoas, h� dois pontos cr�ticos de criminalidade. Um � a Vila Mar�ola, onde Helenilson Eust�quio foi morto. O outro � a Vila Pau Comeu, nas proximidades da Rua Arauto. “S�o lugares onde normalmente bandidos recebem a pol�cia armados. A presen�a dos policiais acaba atrapalhando o tr�fico e os criminosos se sentem incomodados”, afirma o tenente-coronel.
Depois do assassinato de dois moradores em fevereiro do ano passado, que levou dois militares do Batalh�o de Rondas T�ticas Metropolitanas (Rotam) a serem pronunciados para irem a j�ri popular, a comunidade diz que a Rotam n�o atua mais por l�. Isso teria fortalecido criminosos. O coronel Ant�nio de Carvalho nega: “Continuamos subindo o morro. Eu mesmo s� vou ao aglomerado de Rotam”.
Sargento segue preso
De acordo com o comando do 22º Batalh�o da PM, o sargento, identificado apenas como V�tor, continua preso, aguardando que o auto de pris�o em flagrante seja lavrado e encaminhado � Justi�a Militar, que vai definir se ele aguarda conclus�o do inqu�rito policial militar (IPM) detido ou em liberdade. Segundo a PM, testemunhas da ocorr�ncia j� foram ouvidas. Faltaria anexar ao processo dados periciais e provas colhidas no local onde houve a morte.