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Estado de Minas

Sil�ncio e medo consomem moradores de Ouro Preto

Temendo a rea��o dos estudantes, poucos t�m coragem de comentar circunst�ncias da morte do universit�rio Pedro Vieira e abusos cometidos pelos moradores das rep�blicas


postado em 02/12/2012 00:12 / atualizado em 02/12/2012 08:03

Coberto com uma bandeira do Atlético, corpo de Pedro Vieira foi velado ontem de manhã em Belo Horizonte(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Coberto com uma bandeira do Atl�tico, corpo de Pedro Vieira foi velado ontem de manh� em Belo Horizonte (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Ouro Preto – De volta � antiga capital de Minas, depois de enterrar ontem o colega Pedro Silva Vieira, de 25 anos, em Belo Horizonte, o grupo de oito meninos cabisbaixos, todos de �culos escuros e blusas pretas, descendo em sil�ncio a ladeira da Rua Doutor Cl�udio Lima, era a imagem do luto. Sem querer conversa, eles se refugiaram na rep�blica federal Saudade da Mam�e, onde Pedro morava havia cerca de um ano e onde ele morreu durante uma festa na madrugada de anteontem. Mas, em meio � dor, outros jovens, estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), romperam o sil�ncio para denunciar os abusos dentro das moradias federais.


Aluno de medicina, L. contou que conhecia Pedro e que a festa da quinta-feira era para comemorar a “escolha” do aluno, que finalmente tinha sido aceito na rep�blica. Segundo ele, o rapaz teria bebido cinco copos americanos de cacha�a, o que causou a sua morte. Os moradores da Saudade da Mam�e se limitaram a negar a rela��o entre a morte do colega e o consumo de bebida alco�lica. “A traqueia dele estava limpa quando o m�dico examinou”, disse um deles, sem se identificar, procurando descartar a hip�tese de asfixia pelo v�mito.

Para L., essa situa��o dentro das moradias estudantis tem que mudar. “A entrada nas rep�blicas federais n�o tem qualquer crit�rio socioecon�mico. � aleat�ria e os alunos sofrem press�o psicol�gica. Mesmo tendo que estudar, os moradores das rep�blicas s�o obrigados a frequentar festas e a beber em excesso. Esta rotina prejudica o rendimento e � uma cultura que tem que acabar”, contou. Nos bastidores, circulam not�cias de que as rep�blicas federais se reuniram anteontem para discutir, entre outras pautas, a morte de Pedro. Entretanto, n�o foi revelado o resultado dessa reuni�o.

Essa � a segunda morte de estudante em rep�blica em pouco mais de um m�s e a preocupa��o entre os alunos � que a situa��o leve a Ufop a interferir na autonomia das rep�blicas. “Os pais est�o pressionando a universidade para tomar alguma provid�ncia”, contou um estudante, que preferiu n�o ser identificado. “Quem fala disso aqui fica at� jurado de morte”, afirmou, temeroso.

Nas ladeiras da secular Ouro Preto, o que se viu ontem foram bras�es das rep�blicas envolvidos por sacos e panos pretos, em sinal de luto por causa do epis�dio, mas tamb�m revelando a preocupa��o dos estudantes em esconder os nomes das moradias. No supermercado pr�ximo da Saudade da Mam�e e de outras rep�blicas, nenhuma encomenda de cerveja havia sido feita ontem. “� at� estranho”, disse uma funcion�ria.

Nesse clima de sil�ncio imposto pelos estudantes, s�o poucos os que t�m coragem de falar. Entre os vizinhos, a sensa��o � de que algo fugiu � normalidade. “Aqui na cidade as rep�blicas fazem muita festa, excedem muito, s� que tinha muito tempo que n�o v�amos gente morrer assim”, disse uma moradora de 43 anos, nascida e criada em Ouro Preto, ao comentar as mortes de Daniel Mello, de 27, em 27 de outubro, em uma festa na N�is � N�is Rep�blica, e a de Pedro Vieira, na Saudade da Mam�e.

UFOP N�O SE MANIFESTA Depois da nota oficial de quinta-feira, depois da morte de Pedro, decretando luto de tr�s dias, a dire��o da Ufop permaneceu em sil�ncio ontem, apesar das press�es e das cr�ticas aos excessos cometidos pelos estudantes que moram nas rep�blicas federais.


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