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Estado de Minas

Laudo aponta excesso de bebida no corpo de estudante da Ufop

Exame revela grande concentra��o de �lcool no sangue de estudante que apareceu morto em rep�blica da cidade no final de outubro. Novo reitor diz que vai combater exageros


postado em 08/12/2012 06:00 / atualizado em 08/12/2012 07:07

Fachada da república estudantil Nóis é Nóis, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), onde o jovem apareceu morto(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 28/10/12)
Fachada da rep�blica estudantil N�is � N�is, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), onde o jovem apareceu morto (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 28/10/12)
Exame feito pelo Instituto M�dico Legal (IML) de Belo Horizonte comprova que o estudante de artes c�nicas Daniel Mac�rio de Mello J�nior, de 27 anos, tinha 70,1 decigramas de �lcool por litro de sangue quando foi encontrado morto na rep�blica estudantil N�is � N�is, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), na Regi�o Central de Minas. O �ndice � quase 12 vezes maior do que o �ndice considerado embriaguez, que � de 6 decigramas. O exame toxicol�gico ainda n�o foi conclu�do. O corpo de Daniel foi encontrado por um colega da rep�blica em 27 de outubro. Ele havia abusado no consumo de bebidas alco�licas em uma festa promovida no local. Semana passada, outro estudante da Ufop, Pedro Vieira, de 25, foi encontrado morto na Rep�blica Saudade da Mam�e. Colegas disseram � pol�cia que ele tamb�m exagerou no consumo de bebidas.


O presidente do Conselho de Pol�ticas Antidrogas de Minas, o psiquiatra e especialista em depend�ncia qu�mica Alo�sio Andrade, considera a concentra��o de 70,1 decigramas de �lcool um �ndice muito alto e duvida que algu�m o suportaria. No entanto, o IML esclareceu que ainda n�o pode afirmar que a causa da morte foi a bebida alco�lica, pois outros exames n�o ficaram prontos, como os que detectam a presen�a de subst�ncias qu�micas e medicamentos controlados. “Existe um mecanismo psicofarmacol�gico conhecido como sinergismo, que quer dizer que uma subst�ncia psicoativa potencializa outra. � como pegar uma caixa de f�sforo e uma garrafa de �lcool. Com os dois parados n�o acontece nada. Mas, se voc� acender o f�sforo e encostar no �lcool, acontece tudo”, disse Andrade. “Se houve 70,1 de concentra��o de �lcool com presen�a de outra subst�ncia deixa de ser 70,1 e passa a ser 70,1 vezes xis”, informa.

Cacha�a

Quando mais a pessoa tem concentra��o de gordura no corpo, segundo o especialista, mais o rem�dio e o �lcool diluem. “Ent�o, magros s�o mais suscept�veis tanto a doses de rem�dio quanto de bebidas”, explicou. H�, segundo o especialista, os chamados fatores de prote��o ao �lcool, em que o organismo n�o acolhe a bebida. “N�o sei se � verdade, mas cheguei a ver a hip�tese desse estudante ter sido for�ado a tomar cinco copos lagoinha de cacha�a na risca. Esse volume vai bem pr�ximo de um litro de �lcool. A maior parte das cacha�as tem um teor alco�lico entre 40 e 43 graus Gay-Lussac, quando a cerveja varia de em torno de 3,5 a 4 graus, indo at� 7 graus, o vinho de 11 a 13 graus e o destilado pula para os 35 a 40 graus”, diz. Quando uma pessoa bebe uma pinga e toma cerveja em cima, potencializa, segundo ele. “Se houver drogas como a coca�na vai haver uma rea��o que varia muito de acordo com a pessoa. Em alguns casos, a pessoa desenvolve um quadro como um fus�vel que desliga, tipo um desmaio, como forma de prote��o. Nesse caso, pode haver desde a rea��o do apagamento ou pode agitar a pessoa. Ela funciona como uma mula sem cabe�a soltando fogo pelas ventas e n�o lembra do que fez”, diz.

Alo�sio Andrade disse que existe a toler�ncia ao �lcool. “Do mesmo jeito, existe o fator de prote��o, que faz a pessoa passar mal. Com o passar do tempo e dos costumes, o organismo se acostuma. Pode ser que esse jovem tivesse pouco costume com a bebida. Ele obviamente pode ter tido um problema mais grave em fun��o do organismo n�o estar preparado para o f�gado metabolizar esse volume de �lcool em t�o pouco tempo. Se voc� for�ar uma pessoa a beber, se foi mesmo cinco copos de cacha�a em quest�es de poucos minutos, o problema maior al�m da quantidade da bebida � o tempo. A� n�o d� para o organismo metabolizar”, diz o especialista. Alo�sio Andrade ressalta que a maioria das pessoas que morrem de uma ingest�o aguda de �lcool tem a ver com a quest�o de aspirar v�mito. “A pessoa vomita com a cara para cima, engole uma parte do v�mito e aspira outra. Essa parte aspirada pode matar agudamente e n�o ter a ver com o �lcool”, assegura.


Reitor eleito promete rever festas coletivas

 
O novo reitor da Universidade de Ouro Preto (Ufop) eleito ontem, professor Marcone Jamilson Freitas Souza, do Departamento de Computa��o, disse que normalmente as pessoas associam morar em rep�blica com desempenho escolar negativo, o que n�o � verdade, segundo ele. “Eu sou uma prova dessa situa��o. Fui morador de rep�blicas em Ouro Preto e fiz o curso em quatro anos e meio, em 1982. A gente entende que nesses anos todos houve um aumento no consumo de �lcool, que antes n�o existia em excesso. A comunidade hoje reconhece que h� problema e esse problema tem que ser atacado”, diz Marcone.

O novo reitor disse que pretende atacar o consumo exagerado de �lcool, mas n�o com san��es, mas com um trabalho de conscientiza��o em parceria com profissionais ligados � �rea de sa�de da universidade, medicina, psicologia, assist�ncia social e pr�-reitoria de assuntos comunit�rios e estudantis. “Os pr�prios alunos se organizaram em associa��es, como a de rep�blicas federais de Ouro Preto e as particulares. Eles est�o cientes desses problemas que t�m que ser enfrentados. N�o temos solu��o pronta para isso. � trabalho de conscientiza��o, mesmo”, observa o professor.

O novo reitor toma posse depois do carnaval, e as festas nas rep�blicas t�m que ser discutidas. “A gente reconhece que hoje h� um n�mero excessivo de festas. Elas t�m que ser reduzidas. O carnaval � o 12 de Outubro s�o festas tradicionais, mas se esse modelo que hoje est� em uso n�o est� bom a gente vai reavaliar, mas tudo ser� discutido. N�o vejo problemas de se comemorar o carnaval nas rep�blicas, mas pode n�o ser nesse n�vel ou modelo adotado atualmente”, diz Marcone, ressaltando que as festas ter�o que ser mais moderadas e respons�veis.

Segundo foi apurado pelo EM, em muitas rep�blicas federais de Ouro Preto os calouros s�o obrigados a ingerir muita bebida alco�lica e at� mesmo entorpecentes em suas festas de aceita��o nas moradias estudantis. De acordo com o novo reitor, �s vezes, um acontecimento pontual mancha toda a imagem das rep�blicas. “Isso vai ser investigado. Essa n�o � a orienta��o geral, inclusive da pr�pria Associa��o das Rep�blicas Federais de Ouro Preto. Esse crit�rio de sele��o n�o tem esse car�ter em outras rep�blicas.

Repercuss�o

Estudante Daniel Macário de Mello Jr., de 27 anos, morreu há 40 dias(foto: Facebook/Reprodução)
Estudante Daniel Mac�rio de Mello Jr., de 27 anos, morreu h� 40 dias (foto: Facebook/Reprodu��o)
O novo reitor esclarece que os alunos s�o os mais interessados em acabar com o problema diante da repercuss�o negativa com as duas mortes de colegas. “Eles v�m para Ouro Preto e s�o escolhidos nessas casas. N�o pagam aluguel. Muitos t�m depend�ncia financeira e precisam de uma moradia”, informa. Como ex-morador de rep�blica, ele disse que sabe da import�ncia de viver em sociedade, a se comunicar bem com as pessoas e a ser gestor. “Na vida profissional, voc� tem um aspecto t�cnico, que � importante, mas ele convive com esse aspecto de gest�o. Os alunos de Ouro Preto, principalmente os de rep�blica, eles t�m esse diferencial. Eles se d�o bem exatamente pelo fato de terem morado em rep�blica e tido essa experi�ncia”, diz Marcone.

O professor conta que h� mais tempo a Ufop fez um acordo com as rep�blicas federais de n�o usar objetos que humilhassem os calouros, como a placas presas ao pesco�o com dizeres ofensivos. Marcone esclarece que hoje existem dois estilos de escolha dos estudantes para as moradias estudantis da Ufop. “Primeiro, temos as rep�blicas de autogest�o, em que a escolha � da pr�pria rep�blica, e a outra que � por socioecon�mica. Todas as moradias feitas recentemente pela universidade s�o no regime de escolha socioecon�mica”, salienta Marcone. Ao todo, foram cinco chapas disputando as elei��es da Ufop.


Associa��o promover� campanhas

Por duas vezes em menos de um mês, repúblicas mantidas pela Ufop estamparam luto pela morte dos estudantes (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press - 30/11/12)
Por duas vezes em menos de um m�s, rep�blicas mantidas pela Ufop estamparam luto pela morte dos estudantes (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press - 30/11/12)
O presidente da Associa��o dos Moradores de Rep�blicas Federais de Ouro Preto (Refop), Luiz Fhelippe, disse que vai intensificar as campanhas de conscientiza��o dos estudantes que moram em rep�blicas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) para tentar diminuir o consumo abusivo de bebidas alco�licas em suas festas. “J� nos reunimos com a reitoria e com a associa��o das rep�blicas particulares. J� temos uma palestra marcada para o dia 15 com o pessoal do curso de medicina e os estudantes associados. Vamos discutir os efeitos do �lcool”, informa.

Segundo o presidente da Refop, o consumo excessivo de �lcool n�o � um problema espec�ficos dos alunos das rep�blicas, mas de todos os jovens, influenciados pelas campanhas publicit�rias que incentivam o consumo de bebidas alco�licas. “O �lcool n�o est� sendo visto mais como uma droga. Est� sendo visto como algo comum. O que a gente v� na m�dia relacionado ao �lcool somente coisas boas, que a pessoa que ingere bebida alco�lica consegue um lugar melhor. A gente quer mostrar o lado ruim da utiliza��o de �lcool e de outras subst�ncias, o que podem causar de mal � sa�de”, diz.

Luiz Fhelippe n�o concorda com a declara��o de alguns professores da Ufop de que as rep�blicas federais n�o t�m um ambiente saud�vel e familiar para quem realmente quer estudar. “�timos profissionais que est�o mercado de trabalho moraram nas rep�blicas. As m�dias escolares dos atuais estudantes tamb�m s�o altas”, garante Luiz Fhelippe.

O presidente da Refop tamb�m nega a informa��o de que calouros s�o for�ados a ingerir grandes quantidades de bebidas e at� mesmo outras drogas em suas feitas de aceita��o nas rep�blicas. “Ningu�m � acusado a fazer nada que n�o queira”, diz. Sobre os trotes aplicados, ele disse que desde 2009 h� um acordo com o Minist�rio P�blico para acabar com os trotes. “Desde ent�o, a gente vem fazendo esse trabalho de conscientiza��o para p�r fim aos trotes. Mas, a gente n�o tem o poder de policiamento, de ir �s rep�blicas para olhar e saber se est� acontecendo. Desconhe�o a pr�tica de trote desde aquela �poca, tanto � que nas rep�blicas federais os calouros n�o usam mais placas penduradas no pesco�o”, afirmou.

 


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