
O presidente do Conselho de Pol�ticas Antidrogas de Minas, o psiquiatra e especialista em depend�ncia qu�mica Alo�sio Andrade, considera a concentra��o de 70,1 decigramas de �lcool um �ndice muito alto e duvida que algu�m o suportaria. No entanto, o IML esclareceu que ainda n�o pode afirmar que a causa da morte foi a bebida alco�lica, pois outros exames n�o ficaram prontos, como os que detectam a presen�a de subst�ncias qu�micas e medicamentos controlados. “Existe um mecanismo psicofarmacol�gico conhecido como sinergismo, que quer dizer que uma subst�ncia psicoativa potencializa outra. � como pegar uma caixa de f�sforo e uma garrafa de �lcool. Com os dois parados n�o acontece nada. Mas, se voc� acender o f�sforo e encostar no �lcool, acontece tudo”, disse Andrade. “Se houve 70,1 de concentra��o de �lcool com presen�a de outra subst�ncia deixa de ser 70,1 e passa a ser 70,1 vezes xis”, informa.
Cacha�a
Alo�sio Andrade disse que existe a toler�ncia ao �lcool. “Do mesmo jeito, existe o fator de prote��o, que faz a pessoa passar mal. Com o passar do tempo e dos costumes, o organismo se acostuma. Pode ser que esse jovem tivesse pouco costume com a bebida. Ele obviamente pode ter tido um problema mais grave em fun��o do organismo n�o estar preparado para o f�gado metabolizar esse volume de �lcool em t�o pouco tempo. Se voc� for�ar uma pessoa a beber, se foi mesmo cinco copos de cacha�a em quest�es de poucos minutos, o problema maior al�m da quantidade da bebida � o tempo. A� n�o d� para o organismo metabolizar”, diz o especialista. Alo�sio Andrade ressalta que a maioria das pessoas que morrem de uma ingest�o aguda de �lcool tem a ver com a quest�o de aspirar v�mito. “A pessoa vomita com a cara para cima, engole uma parte do v�mito e aspira outra. Essa parte aspirada pode matar agudamente e n�o ter a ver com o �lcool”, assegura.
Reitor eleito promete rever festas coletivas
O novo reitor da Universidade de Ouro Preto (Ufop) eleito ontem, professor Marcone Jamilson Freitas Souza, do Departamento de Computa��o, disse que normalmente as pessoas associam morar em rep�blica com desempenho escolar negativo, o que n�o � verdade, segundo ele. “Eu sou uma prova dessa situa��o. Fui morador de rep�blicas em Ouro Preto e fiz o curso em quatro anos e meio, em 1982. A gente entende que nesses anos todos houve um aumento no consumo de �lcool, que antes n�o existia em excesso. A comunidade hoje reconhece que h� problema e esse problema tem que ser atacado”, diz Marcone.
O novo reitor disse que pretende atacar o consumo exagerado de �lcool, mas n�o com san��es, mas com um trabalho de conscientiza��o em parceria com profissionais ligados � �rea de sa�de da universidade, medicina, psicologia, assist�ncia social e pr�-reitoria de assuntos comunit�rios e estudantis. “Os pr�prios alunos se organizaram em associa��es, como a de rep�blicas federais de Ouro Preto e as particulares. Eles est�o cientes desses problemas que t�m que ser enfrentados. N�o temos solu��o pronta para isso. � trabalho de conscientiza��o, mesmo”, observa o professor.
O novo reitor toma posse depois do carnaval, e as festas nas rep�blicas t�m que ser discutidas. “A gente reconhece que hoje h� um n�mero excessivo de festas. Elas t�m que ser reduzidas. O carnaval � o 12 de Outubro s�o festas tradicionais, mas se esse modelo que hoje est� em uso n�o est� bom a gente vai reavaliar, mas tudo ser� discutido. N�o vejo problemas de se comemorar o carnaval nas rep�blicas, mas pode n�o ser nesse n�vel ou modelo adotado atualmente”, diz Marcone, ressaltando que as festas ter�o que ser mais moderadas e respons�veis.
Segundo foi apurado pelo EM, em muitas rep�blicas federais de Ouro Preto os calouros s�o obrigados a ingerir muita bebida alco�lica e at� mesmo entorpecentes em suas festas de aceita��o nas moradias estudantis. De acordo com o novo reitor, �s vezes, um acontecimento pontual mancha toda a imagem das rep�blicas. “Isso vai ser investigado. Essa n�o � a orienta��o geral, inclusive da pr�pria Associa��o das Rep�blicas Federais de Ouro Preto. Esse crit�rio de sele��o n�o tem esse car�ter em outras rep�blicas.
Repercuss�o

O professor conta que h� mais tempo a Ufop fez um acordo com as rep�blicas federais de n�o usar objetos que humilhassem os calouros, como a placas presas ao pesco�o com dizeres ofensivos. Marcone esclarece que hoje existem dois estilos de escolha dos estudantes para as moradias estudantis da Ufop. “Primeiro, temos as rep�blicas de autogest�o, em que a escolha � da pr�pria rep�blica, e a outra que � por socioecon�mica. Todas as moradias feitas recentemente pela universidade s�o no regime de escolha socioecon�mica”, salienta Marcone. Ao todo, foram cinco chapas disputando as elei��es da Ufop.
Associa��o promover� campanhas

Segundo o presidente da Refop, o consumo excessivo de �lcool n�o � um problema espec�ficos dos alunos das rep�blicas, mas de todos os jovens, influenciados pelas campanhas publicit�rias que incentivam o consumo de bebidas alco�licas. “O �lcool n�o est� sendo visto mais como uma droga. Est� sendo visto como algo comum. O que a gente v� na m�dia relacionado ao �lcool somente coisas boas, que a pessoa que ingere bebida alco�lica consegue um lugar melhor. A gente quer mostrar o lado ruim da utiliza��o de �lcool e de outras subst�ncias, o que podem causar de mal � sa�de”, diz.
Luiz Fhelippe n�o concorda com a declara��o de alguns professores da Ufop de que as rep�blicas federais n�o t�m um ambiente saud�vel e familiar para quem realmente quer estudar. “�timos profissionais que est�o mercado de trabalho moraram nas rep�blicas. As m�dias escolares dos atuais estudantes tamb�m s�o altas”, garante Luiz Fhelippe.
O presidente da Refop tamb�m nega a informa��o de que calouros s�o for�ados a ingerir grandes quantidades de bebidas e at� mesmo outras drogas em suas feitas de aceita��o nas rep�blicas. “Ningu�m � acusado a fazer nada que n�o queira”, diz. Sobre os trotes aplicados, ele disse que desde 2009 h� um acordo com o Minist�rio P�blico para acabar com os trotes. “Desde ent�o, a gente vem fazendo esse trabalho de conscientiza��o para p�r fim aos trotes. Mas, a gente n�o tem o poder de policiamento, de ir �s rep�blicas para olhar e saber se est� acontecendo. Desconhe�o a pr�tica de trote desde aquela �poca, tanto � que nas rep�blicas federais os calouros n�o usam mais placas penduradas no pesco�o”, afirmou.