
O Parque Municipal de Belo Horizonte continua lindo, charmoso e atraente nos seus 115 anos e 76 dias. Ele � um pouquinho mais velho que a cidade. Nasceu por decis�o do engenheiro Aar�o Reis, integrante da comiss�o construtora, que se instalou na antiga Curral del-Rei em 1895, para elaborar, desenhar e tornar real a ent�o futura capital de Minas Gerais. O local escolhido para a constru��o da �rea de lazer da popula��o foi a ch�cara da fam�lia de Guilherme Vaz de Mello. O projeto original do patrim�nio ambiental mais antigo de BH ficou a cargo do arquiteto-jardineiro franc�s Paul Villon. E pelos resultado, mais de um s�culo depois, n�o h� d�vida de que a escolha foi acertada.
Paulo Villon achou uma ch�cara rica em nascentes e um solo prop�cio � recep��o de uma variedade de mudas de esp�cies vegetais. O arquiteto-jardineiro tinha � disposi��o 555 mil metros quadrados para trabalhar e dar asas � imagina��o. Para entender o tamanho do terreno, tomam-se como refer�ncia o quadril�tero formado pelas Avenida Afonso Pena e Francisco Sales (antiga Araguaia), Alfredo Balena (ex-Mantiqueira) e Assis Chateaubriand (ex-Tocantins). O que o franc�s n�o sabia � que a partir de 1905 o processo de urbaniza��o e ocupa��o comeria grande parte da �rea.
Um dos divisores da �rea foi a Estrada de Ferro Central do Brasil (depois denominada Rede Ferrovi�ria Federal), que teve grande import�ncia. Seus trilhos precisavam cortar o terreno. O lado, no sentido BH Sabar�, foi ocupado por pr�dios residenciais e comerciais hoje integrado ao Bairro Floresta. Outro peda�o, compreendido hoje pelas avenidas Ezequiel Dias e Alfredo Balena, foi cedido pelo jovem munic�pio a unidades hospitalares e � Faculdade de Medicina da UFMG. Dentro do espa�o restante, ergueram-se, em �pocas distintas, o Teatro Francisco Nunes, o Col�gio Imaco e o Pal�cio das Artes.
Ao Parque Municipal, posteriormente batizado de Am�rico Ren� Giannetti, em homenagem o homem que administrou a cidade entre 1951 e 1954 (per�odo em que Juscelino Kubitschek governou o estado), reataram 182 mil metros quadrados, um pouquinho menos que um ter�o da �rea original.
“Hoje isso n�o ocorreria, nem deve ocorrer, porque entende-se que � preciso haver equil�brio entre a urbaniza��o e o meio ambiente”, afirma o bi�logo Gustavo Pedersoli, de 28 anos, frequentador das �reas verdes da capital e observador de p�ssaros. Ele j� identificou cerca de 110 esp�cies de aves no Parque Municipal, do qual elogia o paisagismo e a sinaliza��o.
Bonde e teatro
O Parque Municipal, com 280 esp�cies de �rvores nativas e tr�s lagos abastecidos por nascentes, tornou-se atra��o e cart�o-postal da cidade. Na d�cada de 1920, ganhou gradis de ferro (que depois foram retirados e levados para cercar o Cemit�rio da Saudade), quadra de t�nis e pista de patina��o. E da �rea foi tirado mais um pedacinho para a constru��o de esta��o de bondes (hoje mercadinho das flores), na esquina de Rua da Bahia e Avenida Afonso Pena. Na d�cada de 1940, foi erguido o Teatro Francisco Nunes. Nos 1950, o ent�o prefeito Am�rico Ren� Giannetti providenciou tratamento da �gua, a implanta��o de fonte luminosa, a recupera��o de jardins, o asfaltamento de alamedas e a constru��o da concha ac�stica para show ao ar livre. Ele morreu em 1954.
Entre 1960 e 1970 ganhou o orquid�rio, ilumina��o de merc�rio e perdeu outra parte de sua �rea para o Pal�cio das Artes. Em 1975, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) tombou o conjunto paisag�stico e arquitet�nico do parque, proibindo constru��es. Em 1977, a �rea foi novamente cercada. Em 1992, recebeu mais �rvores, um sistema de irriga��o, repavimenta��o de alamedas, instala��o de novos port�es de entrada e aparelhos de gin�stica e constru��o de pista para caminhada, com cerca de 2 mil metros. Em janeiro de 2005, a reserva passou a ser administrada pela Funda��o de Parques Municipais (FPM).
Ref�gio para a fauna silvestre, entre as esp�cies de aves h� bem-te-vis, sabi�s, gar�as, soc�s, periquitos, pica-paus, sanha�os, sa�ras e sabi�s. H� ainda gamb�s e micos e outros animais. A flora � composta de 280 esp�cies nativas como sapucaias, pau-brasil, pau-mulato, jaqueiras, flamboyants, figueiras, cipestre-calvo, f�cus, entre outras. O pardisp�e de equipamentos de gin�stica, pista de caminhada, quadras poliesportiva e de t�nis, pista de patina��o e quadra, brinquedos eletr�nicos, como carrossel, roda-gigante, minhoc�o, rotor, saf�ri e pula-pula, os tradicionais burrinhos para passeio, trenzinhos e o fot�grafos lambe-lambes. O parque funciona de ter�a-feira a domingo, das 6h �s 18h. A entrada � gratuita.
LINHA DO TEMPO
1897
Abertura do Parque Municipal, dois meses e 16 dias antes da inaugura��o de BH
1920
D�cada em que o parque ganhou, pela primeira vez, gradis de cercamento, retirados alguns anos depois
1950
D�cada em que o ent�o prefeito Am�rico Ren� Giannetti ordenou a primeira grande reforma
1975
Ano do primeiro tombamento pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG)
1977
Ano em que o parque foi definitivamente cercado por causa dos aumento dos �ndices de viol�ncia
1992
A segunda grande reforma, com plantio de novas esp�cies de �rvores, troca de ilumina��o e outros procedimentos
2012
� anunciada outra reforma e projeto prev� portarias com informa��o digital sobre eventos culturais no parque