
Nove anos de impunidade. Era uma quarta-feira, em 28 de janeiro de 2004, quando quatro servidores do Minist�rio do Trabalho, tr�s fiscais e um motorista, foram brutalmente assassinados em uma emboscada quando se dirigiam a uma fazenda pertencente a uma poderosa fam�lia de Una�. Em apenas seis meses o crime foi solucionado pela Pol�cia Federal e nove pessoas foram indiciadas e rapidamente pronunciadas pela Justi�a por homic�dio triplamente qualificado. Nenhum dos r�us foi a j�ri at� hoje. Diante disso, a coordenadora da C�mara Criminal do Minist�rio P�blico Federal, Raquel Dodge, enviou, nesta ter�a-feira, of�cio ao corregedor nacional de Justi�a, ministro Francisco Falc�o, pedindo agilidade no julgamento da a��o penal sobre a Chacina de Una� pelo Tribunal do J�ri em Belo Horizonte.
Dodge foi enf�tica ao afirmar que os familiares das vitimas, a classe dos fiscais do Trabalho e toda a sociedade civil aguardam o julgamento pelo J�ri e clamam pelo fim da impunidade.Ela qualificou como cruel o assassinato dos servidores, que estavam no exerc�cio de suas atribui��es profissionais. No of�cio enviado � CNJ, a coordenadora salientou que n�o h� qualquer entrave no processo que impe�a a realiza��o do j�ri. Sucessivos recursos da defesas dos r�us foram os principais respons�veis pela demora do julgamento. A A��o Penal tramita na 9ª Vara Federal de Belo Horizonte.
Relembre
Os auditores fiscais Erat�stenes de Almeida Gon�alves, Jo�o Batista Soares Lage e Nelson Jos� da Silva seguiam para a fazenda da fam�lia M�nica, uma das maiores produtoras de feij�o do pa�s, acompanhados pelo motorista Ailton Pereira de Oliveira. Em uma estrada vicinal, eles foram metralhados, sem qualquer possibilidade de defesa. Para o Minist�rio P�blico Federal, o alvo da tocaia era o auditor Nelson, que morava em Una� e incomodava mais o propriet�rio da fazenda, Roberto M�nica.
O crime mobilizou o governo federal. Em julho do mesmo ano, a Pol�cia Federal elucidou toda a trama e indiciou nove pessoas. Em dezembro seguinte a Justi�a deu a pron�ncia de senten�a contra o fazendeiro Norberto M�nica, apontado como mandante, os cerealistas Hugo Alves Pimenta e Jos� Alberto de Castro, por intermedi�rios na contrata��o dos pistoleiros, Francisco Elder Pinheiro por efetivar a contrata��o dos pistoleiros, Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rog�rio Alan Rocha Rios como autores dos assassinatos e Willian Gomes de Miranda, que deu apoio no transporte dos executores do crime. Um d�cimo r�u foi inclu�do no processo, Ant�rio M�nica, irm�o de Noberto e � �poca prefeito de Una� pelo PSDB. Com direito a foro privilegiado, o processo contra ele acabou suspenso at� que todos os demais acusados fossem julgados.
Desde ent�o, mais de 30 recursos foram apresentados pela defesa dos r�us com o objetivo de protelar a data do julgamento. A chacina de Una� ganhou repercuss�o internacional pela brutalidade e ousadia dos criminosos ao promover um verdadeiro atentado contra o Estado.