
Atacados por pragas e doen�as, amea�ados pelos ve�culos e transformados em dep�sito de lixo ou toca de ratos. Os “gigantes verdes” de Belo Horizonte, alguns centen�rios, sofrem reveses diariamente. Uma das situa��es mais cr�ticas ocorre na Avenida Bernardo Monteiro, na regi�o hospitalar, no Bairro Santa Efig�nia. Os 53 f�cus (Ficus microcarpa L.) est�o infestados por um fungo (Lasiodiplodia theobromae) e pela mosca-branca-dos-f�cus (Singhiella sp.), que secam o tronco e deixam os galhos sem folhas.
“O estado delas piora cada vez mais. Ainda n�o encontramos uma solu��o para o problema”, admite a engenheira civil Joseane Lopes, gerente de �reas Verdes e Arboriza��o Urbana da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Por enquanto, n�o oferecem riscos de queda mas, se isso acontecer, ter�o que ser retiradas”, afirma a gerente.
Na esquina das ruas Niquelina e Cardoso, no Bairro Santa Efig�nia, o problema � outro. Um f�cus frondoso, com cerca de 15m de altura e 5m de di�metro, avan�a sobre a rua. O propriet�rio de estacionamento R�mulo Artur Pereira conta que j� pediu provid�ncias � prefeitura para fazer a poda de galhos e ra�zes. A Administra��o Regional Leste informou que hoje ser� feita uma vistoria no local. Na Avenida Bernardo Monteiro, um conjunto de tr�s f�cus mais parece um guarda-roupa abandonado. Entre as ra�zes, h� pares de t�nis, cal�as velhas e lixo.
Inseto O ataque da mosca-branca-dos-f�cus �s �rvores da Bernardo Monteiro � letal. Joseane Lopes explica que o inseto suga a seiva da �rvore, injeta um veneno e, como consequ�ncia, os ramos v�o secando e a �rvore morre. “Isso ocorre em outras capitais brasileiras. S�o Paulo perdeu grande parte da arboriza��o urbana devido � mosca”, afirma a engenheira. A prefeitura faz v�rios estudos, testa produtos, mas n�o tem respostas nem forma de parar o processo de degrada��o. Joseane lembra que s�o esp�cimes arb�reos centen�rios sob prote��o do munic�pio.
Em maio de 2011, a Comiss�o de Meio Ambiente e Pol�tica Urbana da C�mara Municipal esteve na avenida para verificar a situa��o. “Pedimos uma avalia��o � Secretaria de Meio Ambiente, mas at� hoje n�o recebemos um parecer”, diz o vereador Leonardo Mattos (PV). “Se for necess�rio cort�-las, ser� uma grande perda para a capital”, lamenta. Ele diz que outras �rvores est�o em situa��o cr�tica na cidade, demandando fiscaliza��o urgente.
Na tarde de ontem, era poss�vel ver galhos ca�dos na avenida. “Passo aqui h� 30 anos e observo sempre o aspecto. A copa est� diminuindo”, disse, com ar de tristeza, a professora da Faculdade de Medicina Yola Gurgel. “Os f�cus s�o muito bonitos, um patrim�nio da cidade”, comentou a professora. O funcion�rio p�blico federal Eust�quio Trajano tamb�m se impressionou com os fungos, parecidos com cogumelos brancos. “As �rvores est�o condenadas. O perigo � um galho cair e machucar algu�m”, alertou.
MEM�RIA: Derrubada na Afonso Pena
Belo Horizonte tem um hist�rico traum�tico de corte de �rvores. Na madrugada de 20 de novembro de 1963, foram retirados pela prefeitura, na base do serrote, 350 f�cus que, desde do in�cio do s�culo, embelezavam a Avenida Afonso Pena, na Regi�o Centro-Sul. O motivo oficial da derrubada do corredor verde era a prolifera��o dos insetos Gynaikothrips ficorum Marchal 1908, os tripes, conhecidos popularmente como “amintinhas”, numa refer�ncia ao ent�o prefeito de BH, Amintas de Barros (gest�o de 21/1/1959 a 31/1/1963). Ao passar sob as �rvores, a popula��o se queixava e se irritava, pois os bichinhos ca�am nos olhos e nas roupas. Mas em outra vers�o o motivo era alargar a Afonso Pena e dar lugar aos autom�veis que chegavam �s ruas com for�a total.