
� base de cloridrato de metilfenidato, o rem�dio estimula o sistema nervoso central, deixando os pacientes mais concentrados. No boletim do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), �rg�o da Anvisa que compilou os dados, e nas bulas dos rem�dios est�o descritos v�rios efeitos colaterais, como dores gastrointestinais, de cabe�a, redu��o do apetite, tend�ncia � agressividade, taquicardia, sonol�ncia excessiva ou perda do sono, depress�o e at� interrup��o do crescimento. Pode causar depend�ncia qu�mica tamb�m.
Prestes a lan�ar um livro sobre o assunto, a psicopedagoga Jane Patr�cia Haddad considera os n�meros alarmantes. Para ela, o problema est� nas crian�as que est�o sendo medicadas e n�o necessariamente precisam do rem�dio. “O uso est� abusivo. De modo geral, todas as crian�as t�m um d�ficit de aten��o hoje, porque os est�mulos s�o muitos, todos costumam fazer duas ou tr�s coisas ao mesmo tempo, perdemos o foco, ou seja, h� uma s�rie de quest�es que s�o comuns”, afirmou a autora de Cabe�a nas nuvens – Orienta��o para pais e professores sobre TDAH. Ela explica que a droga � indicada para a crian�a que recebe um diagn�stico de TDAH a partir de exames e avalia��o de um equipe multidisciplinar para discutir o caso, envolvendo m�dicos, psic�logos, psicopedagogos, a escola e a fam�lia.
Em julho do ano passado, o Estado de Minas publicou uma s�rie de reportagens alertando para o aumento do uso da medica��o. Ainda n�o gratuita pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS), � considerada uma droga da classe m�dia usada principalmente no per�odo de aula. O estudo da Anvisa mostra, por exemplo, que a partir de mar�o a venda dos medicamentos cresce, com queda em julho, m�s de f�rias escolares. Volta a aumentar de forma significativa em agosto e se mant�m at� dezembro. A psicopedagoga lembra que este � o per�odo em que as crian�as e adolescentes intensificam os estudos para avan�arem na s�rie.
� o que acontece com o filho de V�nia, de 44 anos. F. tem 10 anos e foi diagnosticado com TDAH. Desde dezembro, quando ele entrou de f�rias, a medica��o foi suspensa pelo m�dico. Agora, com o retorno das aulas, o rem�dio volta a fazer parte da vida dele. Ele resiste, contou a m�e, que j� questiona o efeito e acha que h� uma prescri��o excessiva. “Os n�meros s�o assustadores. Mas percebo que as crian�as tamb�m n�o querem nada, na hora de pegar um livro, ler, eles t�m pregui�a. Por outro lado, a escola d� dever demais, al�m do necess�rio. Por isso a quantidade do rem�dio”, diz. Desde que foi medicado, h� um ano, F. reclama de dores de cabe�a e, segundo a m�e, ficava muito nervoso quando o efeito passava.
Sintomas
O TDAH � um dos transtornos neurol�gicos do comportamento mais comuns na inf�ncia. A estimativa � de que afete entre 8% e 12% das crian�as no mundo. A doen�a tem sintomas que podem confundir os pais, como dificuldade para prestar aten��o, f�cil distra��o nas tarefas ou durante as brincadeiras, inquieta��o, dificuldade para esperar a pr�pria vez e interrup��o da conversa dos outros. Alguns s�o peculiares, como passar muito tempo sonhando acordadas, se esquecer das coisas, falar excessivamente, serem incapazes de brincar caladas e parecerem n�o ouvir quando se fala diretamente com elas. O alerta da psicopedagoga Jane Patr�cia � de que os pais, identificando os ind�cios, pe�am indica��o de especialistas para amigos, busquem informa��es, encaminhem o filho a uma equipe multidisciplinar e participem do tratamento.
Os medicamentos prescritos para TDAH s�o de tarja preta, portanto, devem ser vendidos sob controle especial. Segundo a Anvisa, as receitas t�m tr�s vias, sendo que duas s�o retidas pela farm�cia. Os dados s�o registrados no sistema do �rg�o para que se possa fazer o diagn�stico do comportamento do mercado brasileiro de rem�dios controlados. Por meio da assessoria de imprensa, a coordenadora do SNGPC, M�rcia Gon�alves, informou que “o estudo contribui para identificar poss�veis sinais de distor��es de uso dos produtos e no trabalho em estrat�gias e enfrentamento do problema”.